Tudo muito estranho

Tudo muito estranho

Lula é citado por empresário, em delação premiada, como mandante da morte do ex-prefeito, Celso Daniel. Bolsonaro tem seu nome envolvido como mandante da morte da vereadora carioca, Marielle Franco. Eduardo Cunha, de dentro do xilindró, onde cumpre pena por corrupção, quer delatar e “implodir” cabeças coroadas, até de gente do Judiciário. Convenhamos, o país virou de cabeça para baixo. E a saída, onde está? Não vale dizer que é o aeroporto.

Chamem os ETs, por favor

O festival de bizarrices parece não ter hora para acabar. O STF, que disse por três vezes que a prisão em segunda instância era a que valia, agora está perto dizer que não vale mais. E ameaça soltar a fina flor da bandidagem nacional. Enquanto isso, o ministro do próprio STF, Marco Aurélio, proíbe funcionário subalterno da justiça de lhe dirigir a palavra ou mandar ofício. Afinal, quando os ETs vão descer por aqui? Tem gente na fila para pegar carona nessa nave.

Pecados de norte a sul

Realmente, se na terra de Santa Cruz coisas estranhas acontecem – tudo em meio à perplexidade de norte a sul -, no mar a coisa vai de mal a pior. Manchas de óleo cobrem as praias do nordeste e na Amazônia continua a caçada para saber quem botou fogo na floresta. Ainda bem, para purgar tantos pecados, que o papa Francisco canonizou Irmã Dulce como primeira santa brasileira. O papa, aliás, fulminou as pretensões de uns e outros “santos” que pretendiam passar a perna na freira baiana.

E o Pará, como vai?

Não fossem os homens de Brasília tão cruéis com quem carrega o país nas costas, o Pará estaria até certo ponto bem na foto. Claro que o funcionalismo reclama reajuste salarial e sindicalistas buzinam pela realização de concurso público. O cinto, na verdade, apertou. Que o diga o governador Helder Barbalho, responsável pelo recente decreto de contenção geral de gastos. Tem gente no estado torcendo para 2019 acabar logo.

Coitados dos índios

O Sínodo da Amazônia, vejam só, revelou um papa Francisco mais contundente na crítica aos devastadores da região. O pontífice chegou a lembrar da violência contra os índios e seus costumes. Francisco esqueceu, porém, que parte dessa violência teve o dedo dos catequistas católicos, que nos últimos cinco séculos empreenderam um processo forçado de conversão dos índios. De resto, os “brancos” colonizadores, com suas doenças, completaram a parte que lhe cabe neste latifúndio.

Quem vai para a mata?

Poucos perceberam que, na mensagem final do recente encontro no Vaticano, o papa convocou sacerdotes para virem trabalhar na Amazônia. Lá estavam vários padres da chamada ala progressista da Igreja Católica. Detalhe: não se ouviu nenhuma declaração de entusiasmo com as palavras de Francisco. Será que esses padres andam apáticos e cansados? Os pobres estão por aqui, não apenas nas cidades, mas no meio das matas e margens de rios, aguardando os ilustres visitantes. Maldosos argumentam: não se fazem mais padres como antigamente.

_____________________BASTIDORES____________________

* A regularização fundiária tem sido a principal reivindicação que ecoa nos ouvidos do presidente do Instituto de Terras do Pará (Iterpa), Bruno Kono.

* Ele tem viajado por várias regiões do estado para identificar os problemas e regularizar áreas que há décadas aguardam uma solução.

* No meio desses problemas não poderiam faltar denúncias de grilagem, invasão de áreas públicas e superposição de imóveis durante as medições cartográficas.

* Com mais de 70% dos municípios paraenses literalmente quebrados e inadimplentes com a União – e, portanto, impedidos de receber verbas que não sejam as oriundas de transferências constitucionais -, a pergunta que se faz é a seguinte: por quê há tantos pré-candidatos às prefeituras?

* Os mais românticos, ou irônicos, falam que esse interesse se deve à vocação política de alguns, interessados em fazer algo de bom para o povo.

* Outros, no entanto, juram de pés juntos que tudo não passa da tentação pelo poder. Está ruim? Está. Mas o osso é delicioso e muitos querem abocanhá-lo.