Correio de Carajás

Tucuruí: Major da PM e ex-procuradora são presos por disseminar “fake news”

A Polícia Civil prendeu, nesta manhã, terça-feira (29), em Tucuruí e na Região Metropolitana de Belém, o major da Polícia Militar Leonardo do Carmo Oliveira; a esposa dele, a advogada Glaucia Rodrigues Brasil Oliveira, ex-procuradora do município; Romulo Aquino de Oliveira Cuppari; Fábio Campos Nascimento e André Luis Fonseca Fontana.

Contra todos foram expedidos mandados de prisão preventiva em decorrência da segunda fase da Operação Último Sorriso, desencadeada com o intuito de interceptar uma associação criminosa especializada na criação e divulgação de “fakes news” no município e Região do Lago. A primeira fase foi desencadeada em março deste ano .

De acordo com a Polícia Civil, após seis meses de investigações comprovou-se que as notícias falsas eram fabricadas para atacar os Poderes do Estado – Legislativo Municipal, Executivo Polícia Civil e Judiciário, através da execração dos seus membros com atuação na cidade de Tucuruí e Região do Lago.

Leia mais:

“Os ataques aos Poderes eram realizados através de publicações em redes sociais de “fakes news” (notícias falsas) e de “memes” (montagens digitais) envolvendo as vítimas de maneira criminosa. As vítimas eram, sua maioria, empresários locais, além de juízes, promotores de justiça e delegados de polícia”, informou a Superintendência da Região do Lago.

Ainda segundo a Polícia Civil, o escopo da Associação Criminosa era desestabilizar a ordem pública, tentando implantar no seio social o descrédito nas instituições responsáveis pela persecução penal, notadamente nas de repressão a crimes e investigações de fatos de grande relevância na cidade.

Além dos Poderes do Estado (vítima reflexa), o delegado geral da Polícia Civil à época, os três promotores de Justiça com atribuição na Comarca de Tucuruí e vários magistrados foram vítimas da associação. “A situação se tornou insustentável e o clamor social se açodou sobremaneira nos últimos meses. Toda semana saía uma “fakes news” nova e a Cidade de Tucuruí se instabilizava socialmente”, diz o comunicado divulgado pela Polícia Civil.

A partir disso, a Polícia Civil descobriu uma associação de pelo menos 12 pessoas que se reuniam articuladamente para praticar crimes contra a honra de empresários, políticos, funcionários públicos e membros de poderes do Estado. “Essa associação era composta por ‘coletores’, ‘criadores’ e ‘difusores’. Todos com atuações determinadas na produção e disseminação das ‘fake news’”.

AÇÃO

Conforme a Polícia Civil, os coletores eram responsáveis por garimpar na internet notícias e imagens com aptidão para se transformar em “fake news”, repassando-as aos criadores. Estes, produziam as notícias falsas e os memes e os repassavam a uma rede de difusão que se retroalimentava através das redes sociais, principalmente grupos de Whatsapp e Facebook.

“Em pouquíssimo tempo, a notícia falsa se espalhava por toda a Cidade de Tucuruí, o Estado do Pará e, até mesmo, em outros Estados da Federação. O clima de instabilidade se espalhava na Cidade e as autoridades públicas passam a ser vítimas do exercício legítimo das suas funções constitucionais”, destacou a Polícia Civil.

Em decorrência dessas notícias, destacam os responsáveis pela investigação, pessoas passaram a trocar agressões e movimentos populares entraram em confronto nas ruas.

MAIS ALVOS

A Polícia Civil informou que as investigações relacionadas à Operação Último Sorriso continuam, pois há indícios de que a associação criminosa possuía financiadores e administradores, que devem ser identificados.

O inquérito policial já tem mais 500 páginas e o Poder Judiciário local expediu 13 mandados. Além das cinco prisões, foram cumpridos oito de Busca e Apreensão, tanto em Tucuruí quanto na Região Metropolitana de Belém.

Participaram da operação a Polícia Civil da Regional do Lago de Tucuruí, em parceria com Núcleo de Inteligência Policial (NIP), Diretoria de Polícia do Interior (DPI) e Corregedoria Geral (CORREGEPOL).

MAIS ACUSAÇÕES

Em janeiro deste ano, o Ministério Público do Estado ofereceu denúncia contra a advogada Gláucia Rodrigues Brasil Oliveira e contra o marido dela, o major Leonardo do Carmo Oliveira por envolvimento em vários outros crimes. As investigações começaram após denúncias de um esquema de recebimento de propina de fazendeiros para realizarem reintegrações de posse de forma ilegal, nos municípios de Pacajá e Tucuruí. (Luciana Marschall – com informações de Polícia Civil)