Pescadores dos municípios de Breu Branco e Nova Ipixuna participaram no mês de outubro de oficinas de Pesca e Agricultura Familiar com foco no fomento da Educação Ambiental e Projeto Produtivo. As atividades promovidas pelo Programa de Educação Ambiental da Eletronorte (PEA) aconteceram nos dias 4 e 15 e têm o objetivo de colaborar com a mudança de cultura dos pescadores artesanais da região do Lago de Tucuruí. O foco das ações são a preservação ambiental e a redução da exploração predatória do pescado na região de influência da UHE Tucuruí.
As palestras promovidas pelas equipes do PEA ajudam a levantar questões como o equilíbrio entre a pesca, oferta, procura e a comercialização do pescado que vem gradativamente diminuindo no lago.
Conforme Ângela Monteiro, educadora ambiental e agrônoma, além de conscientizar os pescadores, as atividades buscam provocar o levantamento de problemas e achar soluções pelos próprios impactados pela diminuição do pescado. Problemas como a ação predatória, a oscilação do nível de vazão no lago são alguns dos problemas levantados pelos pescadores que vem impactando a reprodução dos peixes. Além destes problemas, quem vive da pesca no lago de Tucuruí também aponta novas problemáticas: o desmatamento e as invasões das áreas de influência que estão prejudicando a mata ciliar dos igarapés e cursos d’água.
Leia mais:Em Breu Branco, a atividade foi realizada na sede da Colônia de Pescadores Z-53 e em Nova Ipixuna, o PEA visitou a comunidade pesqueira de Volta Redonda, distante 50 quilômetros do núcleo urbano da cidade.
No município de Breu Branco, a mensagem será repassada pelos participantes para cerca de 1500 pescadores de 10 localidades na cidade e zona rural. Já Associação de Pescadores da Colônia Z-58 em Nova Ipixuna congrega cerca de 1 mil pescadores de 6 localidades, a maioria na zona rural. “O que fazer para preservar e garantir que o pescado não seja extinto na região é a questão levantada durante a atividade. Os pescadores são os principais agentes para resolver a situação e a educação ambiental é uma das formas para mudar a cultura deles”, enfatiza a educadora ambiental.
Para Francisca Conceição Lima, pescadora que há 13 anos trabalha na área de Santa Rosa, de Jacundá a Breu Branco, a pesca predatória no período do defeso ainda é um dos principais problemas enfrentados pelos pescadores. “A atividade predatória já está sendo sentida com a diminuição de espécies no lago. Não só a pesca predatória prejudica, mas também o fato de o lago ser um reservatório e a sua oscilação de nível acaba prejudicando a reprodução dos peixes. O pescador precisa ter consciência, mas as autoridades também precisam colaborar para a preservação, pois o peixe não pode acabar”, atenta a pescadora.
O pescador José Raimundo, conhecido no lago como irmão Zeca, fala que a conscientização dos pescadores artesanais é muito importante para que os peixes possam se reproduzir e manter o ciclo de pesca na região. Daí a importância de ações de conscientização e também de capacitação dos pescadores e agricultores ribeirinhos. “Precisamos do Rio e dos peixes para sobreviver. Temos de ter essa consciência para preservar o nosso meio de vida. Por isso acho muito importante essa iniciativa da Eletronorte”, declara o pescador.
Programa de Pesca e Ictiofauna
Com o objetivo de contribuir para o alcance do desenvolvimento sustentável da pesca na região da UHE Tucuruí, a Eletronorte desenvolve o Programa de Pesca e Ictiofauna, que realiza periodicamente o monitoramento estatístico do desembarque pesqueiro comercial e os estudos de biologia pesqueira.
Técnicos da Empresa fazem a coleta de dados em 10 pontos abrangendo os municípios de Marabá, Itupiranga, Jacundá (Santa Rosa), Goianésia do Pará (Porto Novo), Tucuruí (Km 11, Mercado Municipal de Tucuruí), Baião, Mocajuba, Cametá (Porto do Mercado e Porto da Colônia de Pescadores) e Limoeiro do Ajuru.
Os estudos de biologia pesqueira têm como objetivo conhecer o comportamento biológico das principais espécies da região, visando apresentar subsídios para sua preservação e a regulamentação da atividade pesqueira na área.
As coletas dos espécimes são realizadas de acordo com o ciclo hidrológico completo no Lago (enchente, cheia, vazante e seca).
Fiscalização
A gerente da Região Administrativa do Mosaico Lago de Tucuruí, Mariana Bogéa, participou da ação em Breu Branco e tirou dúvidas dos pescadores quanto às ações de fiscalização, de orientação e também de prevenção às atividades predatórias na região do lago.
Ela é enfática em afirmar que a pesca predatória prejudica os próprios pescadores artesanais que vivem na área do lago compõe a área do Mosaico Lago de Tucuruí. Para ela, o bom senso e a ordem às leis podem colaborar para que os pescadores tenham abundância de peixe na área do lago. “Se acabar o peixe, os pescadores não terão como se manter. Nosso trabalho não é fácil, mas estamos atuando, com o apoio da Eletronorte, do Exército Brasileiro e da Polícia Militar para reduzir as ações criminosas e também predatórias”, explica Mariana.
O Mosaico Lago de Tucuruí é um conjunto de Unidades de Conservação estaduais formado pela Área de Proteção Ambiental Lago de Tucuruí e pelas Reservas de Desenvolvimento Sustentável Alcobaça e Pucuruí-Ararão. As três UCs compreendem, juntas, cerca de 570 mil hectares, os quais abrangem os municípios de Tucuruí, Breu Branco, Goianésia do Pará, Jacundá, Nova Ipixuna e Itupiranga. A pesca no lago de Tucuruí é uma das principais atividades econômicas da região.
Soluções
A Eletronorte vem atuando nos 12 municípios de influência da Usina Hidrelétrica visando proporcionar a conscientização da população sobre a necessidade de preservação do meio ambiente e dos recursos naturais, neste caso o peixe, e tem ajudado as comunidades a enxergarem e apontarem os problemas, mas também propor as soluções. Junto dos pescadores dos dois municípios, ficou claro que uma solução viável é a formalização dos Acordos de Pesca, que são regras elaboradas pelas comunidades em parceria com o poder público e os órgãos de fiscalização, que podem auxiliar a manter a sustentabilidade da pesca na região de Reserva e Conservação do Lago.
Outra solução apontada é o fortalecimento da classe em organizações como Cooperativas, Colônias e Associações para que os pescadores possam buscar parcerias com Empresas e agentes públicos para implantar projetos como a criação de peixe em tanques escavados além de qualificação, visando manter a produção perene e reduzir o impacto dos meses de defeso. (Ascom/Eletronorte)