Correio de Carajás

Travesti sofre atentado a tiros na “Praça da 16”

Myrela foi levada ao HMM e submetida a cirurgia para retirar as balas

Na madrugada de sábado (18), por volta de 1h, foi registrado em Marabá um caso de LGBTfobia. Uma travesti de nome social Myrela foi alvo de atentado a tiros, sendo atingida duas vezes: um tiro no cóccix e outro em um dos glúteos. O baleamento ocorreu na Praça Monsenhor Baltazar, na Folha 16, Nova Marabá.

Um Boletim de Ocorrência Policial sobre o caso foi registrado por Igo Pereira da Silva e João Vitor Cavalcante, membros do Movimento LGBTQIA+ de Marabá.

De acordo com o documento, Myrela, que tem apenas 17 anos, tinha acabado de chegar da cidade de Tucuruí para trabalhar em Marabá. Ela estava morando na casa da amiga Fernanda. E foi justamente essa amiga a primeira pessoa informada sobre o baleamento.

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De acordo com Fernanda, a vítima estava na praça quando foi surpreendida por um homem que estava em uma motocicleta. Ele atirou pelo menos cinco vezes em Myrela e depois fugiu. Não se sabe até o momento qual a motivação e tampouco a autoria do crime. Mas a julgar pela forma como tudo ocorreu, trata-se de um crime de ódio, motivado pela condição de travesti da vítima, ou seja: LGBTfobia.

Myrela foi encaminhada para o Hospital Municipal de Marabá (HMM) e já foi submetida a cirurgia para retirada das balas. Ela está em situação estável.

A Praça Monsenhor Baltazar fica na rotatória que divide as Folhas 16, 17, 20 e 21, mas ficou mais conhecida como “Praça da 16”. É comum no local, há muitos anos, a presença de travestis se prostituindo.

De acordo com Igo Silva e João Vitor, as travestis são alvo de preconceito no mercado de trabalho e dificilmente conseguem encontrar um emprego formal, por isso, em muitos casos, procuraram a prostituição para sobreviver, colocando-se em situação de vulnerabilidade social. “Mas independente do que ela esteja fazendo ali, nenhuma pessoa tem o direito de fazer isso”, observa Igo Silva.

Igo Silva e João Vitor, do Movimento LGBTQIA+, registraram BO

A LGBTfobia foi criminalizada em 19 de junho de 2019, através de uma decisão do STF que determinou que a discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero seria um crime. (Chagas Filho)