Correio de Carajás

Trânsito de Marabá é um caos

Há um ditado popular que diz que “acidentes acontecem”. Mas no caso de Marabá, eles não acontecem por acaso. Falta de faixa de pedestres ou desrespeito à faixa onde ela existe por parte dos condutores de veículos, e ainda a imprudência de pedestres e ciclistas. Todos esses ingredientes, aliados a uma dose exagerada de falta de visão moderna sobre trânsito, tornam Marabá um lugar perigoso para quem está de pé, de bicicleta, de moto ou de carro. Ou seja, ninguém está a salvo.

Talvez os maiores exemplos desse perigo que todos correm estejam nas duas principais rodovias federais que cortam Marabá, a BR-230 (Transamazônica) e a BR-222 (antiga PA-70). Essas vias mostram que a cidade não foi pensada para pedestres, eles parecem um corpo estranho na rodovia, contrariando as leis de trânsito que orientam que o pedestre tem preferência.

Enfim, o desrespeito é tão grande e obviamente o perigo também, que nem mesmo uma mulher com bebê no colo tem preferência. A reportagem do Jornal CORREIO flagrou a tensão vivida por Sabrina Paula da Silva, moradora da Folha 6, que tentava concluir o simples exercício de atravessar uma pista, com seu bebê no colo. De fato, seria simples, se existe uma faixa de pedestres na rodovia, em frente à entrada da Coca-Cola.

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Ela demorou cerca de cinco minutos até criar coragem para transpor a pista de rolamento e seguir até o ponto de ônibus.

Para a reportagem Sabrina falou pouco sobre a necessidade de uma faixa de pedestres naquele local onde havia uma antigamente. Ela apenas questionou: “Por que tiraram (a faixa)?”.

Seu Martinho Pereira, que trabalha há anos na beira da pista, vendendo milho, farinha e melancia, diz que todos os dias ele flagra acidentes ou situações que beiram uma batida. “A faixa de pedestres que tinha foi apagada. Agora a pessoa tem que aventurar”, resume.

Outro ponto complexo, a entrada principal do Km 7, é a demonstração de bagunça no trânsito, porque muitos condutores não respeitam a faixa de pedestres. “Eles desviam pelo acostamento e muitos motoqueiros sobem na calçada”, denuncia Márcia Regina, residente na Folha 29, que todos os dias pega uma van até seu trabalho no Distrito Industrial.

Mas não é só isso. Ainda na mesma área do Km 7, a faixa de pedestres (com um semáforo acionado pelos pedestres) parece estar muito perto do semáforo que existe no cruzamento, a cerca de 70 metros dali, o que pode engarrafar o trânsito em momentos de pico, como alerta Antônio Pereira da Silva Filho, motorista profissional, residente no Km 7.

TRAVESSIAS PERIGOSAS

Mas talvez, de longe, o cenário mais propenso a acidentes seja o trecho duplicado da BR-230, entre as Folhas 32 e 33, onde pedestres, principalmente estudantes, se arriscam, pulando as muretas que dividem as mãos de direção da pista. É bem verdade que existe uma faixa de pedestres guiada por um semáforo, mas ela fica muito distante da área central das duas Folhas.

A reportagem flagrou estudantes se colocando em situação de perigo. Mas não só os adolescentes, gente adulta que precisa atravessar a pista não quer caminhar até a faixa. Foi o caso de Cleidiane da Conceição de Souza, residente no Bairro das Laranjeiras. “A faixa fica muito longe”, resumiu ela, ao conversar com a reportagem. Enquanto conversava com a equipe, ela olhava para a pista esperando o momento certo para atravessar correndo.

Cleidiane da Conceição diz que a faixa de pedestres fica longe da parada

QUESTIONAMENTOS

Essa situação é inquietante e apresenta uma série de dilemas, como, por exemplo, quando será pintada novamente a faixa de pedestres da BR-222 em frente à entrada da Coca-Cola, ou se existe previsão para realização de blitz educativa na faixa em frente à entrada principal o Km 7.

O povo tem direito de saber também se a prefeitura tem interesse de fazer (com recursos próprios ou em convênio) um túnel por baixo da duplicação da BR-230, com faixas de pedestres nas marginais das Folhas 33 e 32, para melhorar o acesso dos pedestres, que foram completamente esquecidos no projeto de duplicação da rodovia.

Essas perguntas ficarão sem uma resposta oficial pelo menos até a próxima segunda-feira (25), que é quando o secretário municipal de Segurança Institucional, Jair Barata Milhomem, marcou de conversar com a reportagem do CORREIO sobre o assunto. Até lá!

(Chagas Filho)