Em reunião realizada nesta quinta (30) e sexta-feira (1º) no plenarinho da Câmara de Vereadores de Marabá, representantes da Organização Mundial do Trabalho (OIT) divulgaram os dados do “Diagnóstico do Trabalho Decente na Região de Carajás”, que mostra a realidade profissional de milhares de pessoas do estado. Dentre os números mais chocantes estão os que apontam para a resistência do trabalho infantil e escravo em cidades do sul e sudeste do Pará.
De acordo com o estudo, entre 2007 e 2015, 39.738 crianças e adolescentes (entre 10 e 17 anos) de Carajás tinham algum tipo de ocupação profissional. O que representa 15,3% da população da região e está acima das médias estadual e nacional para esse indicador. O maior número de jovens trabalhadores entre 10 e 13 anos, idades em que o trabalho é proibido em qualquer forma, foi encontrado nos municípios de Marabá (1.256), Novo Repartimento (677), São Félix do Xingu (672) e Itupiranga (607).
No mesmo período, foram realizadas 346 ações de fiscalização nas cidades da região, o que resultou no resgate de 543 crianças e adolescentes. Em Marabá, 185 jovens de até 17 anos foram resgatados, enquanto em Parauapebas esse número chegou a 170. Quanto ao trabalho análogo à escravidão, o diagnóstico mostra que, entre 2003 e 2017, 9.853 pessoas foram salvas no estado do Pará. Deste número, mais da metade (6.745 ou 68,5%) dos resgates foram feitos em Carajás.
Leia mais:Os quatro municípios com maior número de pessoas retiradas dessa situação degradante na região são São Félix do Xingu, Marabá, Pacajá e Goianésia do Pará. O estudo também aponta que a oferta de emprego é insuficiente e de má qualidade em Carajás, com o agravamento da inadequação da proteção social e da frequente negação de direitos trabalhistas.
Diferença entre gêneros
Outro aspecto detectado pelo Diagnóstico do Trabalho Decente foi a grande diferença entre cargos ocupados por homens e mulheres na região. Nos últimos anos, constatou-se que de 17.954 pessoas entre 16 e 64 anos que ocupavam cargos de dirigentes, 71,9% eram homens e 28,1% mulheres.
Essa diferença é mais acentuada nos municípios de Anapu (90,4% homens e 9,6% mulheres), Bannach (86,4% homens e 13,6%), São João do Araguaia (85,7% homens e 14,3% mulheres) e Água Azul do Norte (85,3% homens e 14,7% mulheres). Além disso, as mulheres trabalhadoras recebiam aproximadamente 79,4% do salário dos homens.
A questão racial também influencia nesses dados e mostra que a população ocupada negra na região ganhava, em média, 72,2% do rendimento dos trabalhadores brancos. Neste caso, os municípios de Tucuruí e Sapucaia apresentam as proporções mais baixas.
Pessoa com deficiência
A reunião foi realizada para discutir e definir uma agenda de trabalho decente na região, para reduzir os déficits nesta área identificados pelo grupo de trabalho da OIT na região. Um dos objetivos desse documento é propor ações que melhorem o mercado de trabalho para as pessoas com deficiência.
Em 2010, essa população (de 16 a 64 anos de idade) economicamente ativa era composta por 153.089 pessoas. E os menores níveis de ocupação para esse grupo encontravam-se nos municípios de Santa Maria das Barreiras (49,2%), Abel Figueiredo (48,9%), Jacundá (48,4%), Pau D’Arco (46,4%) e Curionópolis (44,7%). E os maiores, em Anapu (75,8%), Tucumã (66,3%), Cumaru do Norte (63,8%) e Eldorado dos Carajás (62,0%).
(Nathália Viegas)
Em reunião realizada nesta quinta (30) e sexta-feira (1º) no plenarinho da Câmara de Vereadores de Marabá, representantes da Organização Mundial do Trabalho (OIT) divulgaram os dados do “Diagnóstico do Trabalho Decente na Região de Carajás”, que mostra a realidade profissional de milhares de pessoas do estado. Dentre os números mais chocantes estão os que apontam para a resistência do trabalho infantil e escravo em cidades do sul e sudeste do Pará.
De acordo com o estudo, entre 2007 e 2015, 39.738 crianças e adolescentes (entre 10 e 17 anos) de Carajás tinham algum tipo de ocupação profissional. O que representa 15,3% da população da região e está acima das médias estadual e nacional para esse indicador. O maior número de jovens trabalhadores entre 10 e 13 anos, idades em que o trabalho é proibido em qualquer forma, foi encontrado nos municípios de Marabá (1.256), Novo Repartimento (677), São Félix do Xingu (672) e Itupiranga (607).
No mesmo período, foram realizadas 346 ações de fiscalização nas cidades da região, o que resultou no resgate de 543 crianças e adolescentes. Em Marabá, 185 jovens de até 17 anos foram resgatados, enquanto em Parauapebas esse número chegou a 170. Quanto ao trabalho análogo à escravidão, o diagnóstico mostra que, entre 2003 e 2017, 9.853 pessoas foram salvas no estado do Pará. Deste número, mais da metade (6.745 ou 68,5%) dos resgates foram feitos em Carajás.
Os quatro municípios com maior número de pessoas retiradas dessa situação degradante na região são São Félix do Xingu, Marabá, Pacajá e Goianésia do Pará. O estudo também aponta que a oferta de emprego é insuficiente e de má qualidade em Carajás, com o agravamento da inadequação da proteção social e da frequente negação de direitos trabalhistas.
Diferença entre gêneros
Outro aspecto detectado pelo Diagnóstico do Trabalho Decente foi a grande diferença entre cargos ocupados por homens e mulheres na região. Nos últimos anos, constatou-se que de 17.954 pessoas entre 16 e 64 anos que ocupavam cargos de dirigentes, 71,9% eram homens e 28,1% mulheres.
Essa diferença é mais acentuada nos municípios de Anapu (90,4% homens e 9,6% mulheres), Bannach (86,4% homens e 13,6%), São João do Araguaia (85,7% homens e 14,3% mulheres) e Água Azul do Norte (85,3% homens e 14,7% mulheres). Além disso, as mulheres trabalhadoras recebiam aproximadamente 79,4% do salário dos homens.
A questão racial também influencia nesses dados e mostra que a população ocupada negra na região ganhava, em média, 72,2% do rendimento dos trabalhadores brancos. Neste caso, os municípios de Tucuruí e Sapucaia apresentam as proporções mais baixas.
Pessoa com deficiência
A reunião foi realizada para discutir e definir uma agenda de trabalho decente na região, para reduzir os déficits nesta área identificados pelo grupo de trabalho da OIT na região. Um dos objetivos desse documento é propor ações que melhorem o mercado de trabalho para as pessoas com deficiência.
Em 2010, essa população (de 16 a 64 anos de idade) economicamente ativa era composta por 153.089 pessoas. E os menores níveis de ocupação para esse grupo encontravam-se nos municípios de Santa Maria das Barreiras (49,2%), Abel Figueiredo (48,9%), Jacundá (48,4%), Pau D’Arco (46,4%) e Curionópolis (44,7%). E os maiores, em Anapu (75,8%), Tucumã (66,3%), Cumaru do Norte (63,8%) e Eldorado dos Carajás (62,0%).
(Nathália Viegas)