A Acnur, a Agência da ONU para Refugiados, estima que no meio de 2020 o número de pessoas obrigadas a deixar suas casas por perseguição, conflito e violações de direitos humanos tenha ultrapassado a marca de 80 milhões, de acordo com um relatório divulgado nesta quarta-feira (9) em Genebra, na Suíça.
No começo do ano, segundo a Acnur, esse número chegava a 79,5 milhões.
Conforme os dados mais recentes, a maioria das pessoas forçadas a deixar suas casas (57,5%) permaneceu em seus próprios países — é o que a Acnur chama de “deslocamento interno”, também motivado por perseguição, conflito e violações de direitos humanos.
Leia mais:Além disso, 30% desse número — ou 26,3 milhões — são formalmente consideradas refugiadas: estão em situação de refúgio em outros países. E pouco mais de 4%, ou seja, 3,6 milhões, deixaram suas casas mas ainda procuram refúgio.
4,5 milhões de venezuelanos
A agência aponta que 4,5 milhões de venezuelanos foram deslocados.
A maioria deles (3,6 milhões) foi para outro país, mas eles não têm a condição de refugiado ou de pessoas que buscam asilo politico.
A maioria (67%) dos refugiados são de apenas cinco países: Síria, Venezuela, Afeganistão, Sudão do Sul e Mianmar.
Pandemia de Covid-19, guerras e pobreza
A Acnur cita uma análise do Banco Mundial que aponta três fatores que podem agravar crises econômicas ao redor do mundo e forçar mais deslocamentos: a pandemia de Covid-19, conflitos armados e mudança climática.
Em seu comunicado, a Acnur cita alguns dos conflitos que fizeram com que houvesse mais deslocados: a violência na Síria, na República Democrática do Congo, em Moçambique, na Somália e no Iêmen.
Novos deslocamentos significativos também foram registrados na região do Sahel Central da África, à medida que civis são submetidos a violência brutal, incluindo estupro e execuções.
“Com o deslocamento forçado dobrando na última década, a comunidade internacional está falhando em garantir a paz”, disse Filippo Grandi, Alto Comissariado da ONU para Refugiados.
“Estamos ultrapassando outro marco sombrio que continuará a crescer, a menos que os líderes mundiais façam as guerras parar.”
(Fonte:G1)