Elon Musk, com seus ternos caros e seu gel no cabelo, sonha em ganhar mais alguns bilhões de dólares.
O catador de sucatas, vestido na camisa que um dia foi sua, almeja encontrar uma latinha amassada na calçada de um bar qualquer da Folha 28.
O paciente internado há meses no Hospital Regional, com a perna cheia de pinos, só quer voltar para casa.
Leia mais:A mulher sem cabelos, mas com um belo lenço na cabeça, batom nos lábios e brilho nos olhos, torce para que a quimioterapia dê certo.
Até os carrapatos invisíveis da rua sonham em ter um cachorro onde possam morar.
Cada um faz seus planos da maneira que pode, dentro do seu horizonte de expectativa.
E quando chega esta época do ano, com todo esse vermelho, verde, dourado e prateado preenchendo a estética da vida, esses planos se transformam em metas.
As pessoas planejam começar aquela dieta para estar fitness nas férias de julho;
Dizem que vão parar de beber;
Trocar de carro;
Comprar a primeira moto;
Casar-se;
Ter filhos e tal.
O problema disso tudo é que a felicidade sempre parece estar no horizonte e as pessoas esquecem que nada está sob controle.
O mundo é um caos e todo dia é sempre o último… pelo menos para alguém.
Não há como dominar o instante seguinte.
O coração pode simplesmente parar de bater a qualquer momento e não há nada que você possa fazer.
Um idiota pode invadir a contramão e os olhos arregalados de pavor pode ser a última visão que ele e você terão nessa vida.
Mas o que fazer então? Não sou bom com conselhos, mas eu diria que é preciso viver com a mente e o corpo sempre no mesmo lugar.
Não vá ao trabalho pensando na festa; não vá à festa pensando no trabalho.
Há dias bons e dias ruins, mas você sempre tem que fazer o que é preciso e não apenas o que gostaria.
Não dê tudo ao patrão, mas também não se entregue somente a si mesmo.
Todo mundo faz planos, mas o dia de viver é hoje, não amanhã, nem depois e nem no ano que vem.
Dia 31 de dezembro e 1º de janeiro são só 48 horas, como as próximas horas seguintes.
Essa história de fim de ano, de fim de ciclos, é só uma ilusão que os homens criaram para que a gente não enlouqueça. Mas, no fim, foi um negócio que deu certo, afinal de contas eu poderia muito bem ter escrito esse texto em julho, em agosto, em abril. Mas decidi escrevê-lo hoje, dia 31 de dezembro de 2024, um dia como outro qualquer.
O autor é jornalista e pedagogo.
Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.