📅 Publicado em 11/09/2025 17h31
Após mais de quatro anos da morte do joalheiro Edilson Pereira de Sousa, ocorrida em abril de 2021, em Marabá, a ré Oinotna Silva Ferreira, conhecida como “Tina”, confessou a participação no crime, relatando ser a mandante do assassinato do vendedor de joias. A confissão aconteceu no Tribunal do Júri, no julgamento desta quinta-feira (11), em Belém. No relato, Oinotna informou que tinha uma dívida de R$ 1,9 milhão e que, por medo, decidiu matar Edilson.
O julgamento está sendo realizado na 1ª Vara do Tribunal do Júri de Belém e conduzido pelo juiz Murilo Lemos Simão.
Com “Tina”, também respondem e enfrentam o banco dos réus: Maria da Paz Silva Ferreira, conhecida como “Da Paz”; Gabryella Ferreira Bogéa, a Gaby; Mateus Mendes; Raphael Ferreira de Abreu (irmão de Gaby e filho de “Tina”); e Bruno Glender Barbosa França (namorado de Gaby à época). Todos estão sendo julgados pelo crime de homicídio qualificado. Dos seis, apenas Maria da Paz Ferreira responde em liberdade.
Leia mais:A acusação, realizada pelo Ministério Público do Pará (MPPA), é conduzida por promotores de Justiça que pedem a condenação dos seis, alegando que provas e testemunhas confirmam a participação de todos no homicídio.
A defesa de Gaby, feita pelos advogados Tiago Alves, Victhor Rodrigues, Diego Adriano, Magdenberg Teixeira e Odilon, afirma que o verdadeiro executor não está entre os réus e aponta falhas na investigação. A defesa do ex-namorado dela é feita pelo criminalista Arnaldo Ramos.
Este é o segundo dia de julgamento, que conta com 26 testemunhas entre policiais, peritos e moradores do condomínio onde o crime aconteceu.
INTERROGATÓRIO
Em interrogatório, “Da Paz” afirmou que tinha intimidade com a vítima e que, inclusive, Edilson chegou a dormir algumas vezes em sua residência. Chorando durante o depoimento, a matriarca disse não ter participado do crime e declarou que não sabia da dívida existente entre a filha (Oinotna) e Edilson.
Em relação às câmeras de segurança de sua casa, ela chorou e disse que dias antes do crime, havia acontecido um curto-circuito na casa.
CONFISSÃO DE TINA
Em sua fala, Oinotna Silva, a Tina, admitiu ter sido a mandante do crime que vitimou o joalheiro. No interrogatório, ela contou que pagou R$ 50 mil para Bruno (ex-namorado de Gaby), que teria sido o responsável por esfaquear e se desfazer do corpo da vítima, que foi jogado no Rio Itacaiunas.

Em sua versão, Oinotna declarou que havia discutido com Edilson no dia do crime e que estava com medo dele. Segundo ela, a discussão ocorreu por conta dos juros altos que Edilson cobrava.
A ré acrescentou ainda que toda a articulação foi feita por Bruno, que chegou à casa acompanhado de Gaby e outra pessoa. Ainda de acordo com a confissão, Oinotna se trancou no quarto com os dois filhos gêmeos e só saiu quando ouviu o barulho do carro indo embora.
Já o filho de Oinotna, Raphael, recontou que não estava presente no dia do ocorrido.
Por sua vez, Gaby Bogéa, em seu interrogatório, argumentou que tinha medo do então namorado, e que estava sob efeito de entorpecentes no dia. Ela mencionou ainda, que iniciou no mundo das drogas após começar o relacionamento com Bruno.
VERSÃO DE BRUNO
Em sua defesa, Bruno disse que, quando chegou à casa, encontrou Edilson no chão, ensanguentado. “Joga fora, tira daqui”, teria sido o pedido de “Tina” para que ele se desfizesse do corpo.
Ele relatou ainda que Raphael e Henrique colocaram a vítima no carro. “Eu estava dirigindo”. No veículo, seguiram Gaby, Henrique e Bruno, que conduzia até o local onde o corpo seria abandonado.
Bruno também relatou que estava brigado com Gaby no dia em que foi chamado à casa de Tina. Em seu depoimento, Bruno relatou que a influenciadora era quem mostrava o caminho. Questionado sobre o motivo de ter se envolvido no crime, ele diz que fez tudo por Gaby e completou narrando que não planejou nada com a ex-sogra. “Quando eu cheguei lá, já estava tudo pronto”.
VERSÃO DE MATEUS
Preso há mais de três anos, Mateus também disse que não teve participação no crime, alegando que foi à casa de Tina apenas para mexer em plantas. Em seu interrogatório, contou ainda que, no condomínio, todos conheciam a fama da família. Ele era morador de uma das casas.
RELEMBRE O CASO
O corpo de Edilson Pereira de Sousa foi encontrado em 15 de abril de 2021, às margens do Rio Itacaiunas, em Marabá. Conforme divulgado por este CORREIO, à época, o homem havia desaparecido em 13 de abril do mesmo ano. O carro de Edilson, modelo Renegade, foi alvo de uma tentativa de incêndio.
Na ocasião, a família de Edilson residia em Conceição do Araguaia, e o homem havia se mudado para Parauapebas, mas ia a Marabá, onde havia iniciado um namoro. A mulher esteve presente no momento do reconhecimento do corpo.
A partir do crime, a Polícia Civil abriu um inquérito para identificar os responsáveis e solucionar o caso.
A prisão dos seis foi realizada por meio da Operação Golden, sob comando do delegado Marcelo Delgado, com participação do Núcleo de Apoio à Investigação (NAI).
Maria da Paz Ferreira, Oinotna Silva Ferreira, Gabryella Ferreira Bogéa, Mateus Mendes, Raphael Ferreira de Abreu e Bruno Glender foram presos e apresentados na delegacia. Destes, somente Maria da Paz responde o processo em liberdade.
As investigações apontaram que o joalheiro foi assassinado a mando de Tina, que não queria pagar uma dívida de R$ 1,9 milhão que tinha com Edilson. As prisões ocorreram simultaneamente em Marabá, Imperatriz (MA), Goiânia (GO) e Foz do Iguaçu (PR).
O julgamento teve início na manhã de ontem, quarta-feira (10), e deve se estender até esta sexta-feira (12).