Correio de Carajás

Terra, título e trânsito parado: PRF acompanha interdição na BR-230

Manifestantes bloqueiam rodovia de acesso a Marabá em protesto contra reintegração de posse na Ocupação Landi

A BR-230 foi bloqueada nas primeiras horas desta quinta-feira (30)/ Fotos: Josseli Carvalho
Por: Milla Andrade com informações de Josseli Carvalho

A BR-230, nas proximidades da Ocupação Landi, entre Marabá e São Domingos do Araguaia, amanheceu bloqueada na manhã desta quinta-feira (30). Moradores da área protestam contra uma decisão judicial de reintegração de posse e pedem uma resposta do governo estadual sobre a regularização das terras.

O Correio de Carajás esteve presente no local e conversou com Ricardo Moreira, um dos moradores da vila. Segundo ele, um total de 254 famílias vivem há mais de 20 anos na área, que é de responsabilidade do Instituto de Terras do Pará (Iterpa).

Em sua fala, ele afirma que na terra há produção de alimentos e que as famílias se sustentam com a agricultura local e a venda de animais e produtos para o comércio de Marabá. “Veio uma liminar que determina nossa saída em dez dias, sem resposta do governo. Estamos aqui pedindo o apoio do governo e a titularização da terra como prometeram em campanha. Já corremos atrás de muitos órgãos e não tivemos resposta”, diz Ricardo.

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Outro morador da ocupação, Leonardo da Conceição, ressalta que os manifestantes só liberarão a pista após uma solução definitiva. “Nós só saímos da via quando, de fato, vier alguém com um documento para assinar. Caso contrário, iremos resistir”, conclui.

O protesto bloqueia os dois sentidos da rodovia, impedindo o tráfego de veículos de carga e de passageiros. O engarrafamento já é quilométrico. Caminhoneiros relatam prejuízos com as cargas paradas e pedem que o trânsito seja liberado, ainda que parcialmente.

Ronaldo Gomes dos Santos está há mais de duas horas no trânsito, a caminho de Abel Figueiredo, transportando uma carga de calcário. “Temos que entender os dois lados. Eles estão lutando pelo documento das terras, e nós também temos que chegar com a carga ao destino certo”, diz o caminhoneiro.

Outro motorista, Glaydson Sousa, que transporta defensivos agrícolas para Tailândia, defende a busca por equilíbrio. “Cheguei aqui por volta das 5h45 e já estava interditado. Temos que entender a parte deles, que briga por direito, e a nossa, que tem compromisso e agendamento de entrega de cargas. Ficar parado por muito tempo acaba atrapalhando”, finaliza.

Equipes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) estão no local acompanhando a manifestação. O trânsito segue interrompido nos dois sentidos, e não há previsão de liberação completa.

Os manifestantes aguardam a chegada de algum representante do governo estadual ou do Ministério Público com uma proposta oficial para que seja revista a situação das famílias.



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