📅 Publicado em 13/11/2025 13h22
O terceiro dia da COP30, realizado na quarta-feira (12) em Belém, destacou o papel essencial das pessoas, de suas habilidades e da cultura na transição climática. As discussões giraram em torno da “Iniciativa Global sobre Empregos e Habilidades para a Nova Economia”, que uniu governos, indústrias e sociedade civil em um mesmo propósito: mostrar que a ação climática pode gerar prosperidade.
O projeto revelou que a economia verde tem potencial para criar mais de 650 milhões de empregos na próxima década. Do Brasil ao Quênia, os compromissos firmados até agora indicam que capacitar pessoas é fundamental para construir uma economia resiliente e de baixo carbono.
A inclusão também teve destaque. O evento “Adaptação Indígena” apresentou o conhecimento ancestral como ferramenta essencial para fortalecer a resiliência das comunidades e resultou em novos compromissos de financiamento direto a projetos liderados por povos indígenas.
Leia mais:Pela primeira vez, a “Integridade da Informação” entrou na agenda da conferência. Seis novos países aderiram à iniciativa global contra a desinformação climática, reforçando que combater “fake news” é essencial para proteger a ação coletiva.
A colaboração entre os setores público e privado também teve destaque. O “Plano de Compras Públicas Sustentáveis” e o “Fórum de Proprietários de Ativos” mostraram como unir finanças e indústria para usar trilhões de dólares em investimentos e compras públicas de forma estratégica, priorizando materiais de baixo carbono e trabalho justo.
O dia terminou celebrando a cultura e a arte como formas de manter vivo o movimento climático. Artistas e líderes, entre eles a ministra da Cultura, Margareth Menezes, e o líder indígena Davi Kopenawa, discutiram como a identidade e a imaginação impulsionam a conscientização. O diálogo dos Jovens Campeões do Clima reforçou que o progresso só é possível com a participação de todas as gerações.
A mensagem que marcou o dia foi clara: o verdadeiro progresso climático se mede pelo empoderamento de todas as pessoas.
AÇÕES E RESULTADOS NOTÁVEIS
Empregos e habilidades:
A “Iniciativa Global sobre Empregos e Habilidades para a Nova Economia” foi o grande lançamento do dia. Ela conecta governos, indústrias e sociedade civil em torno da criação de empregos verdes. Um novo relatório mostrou que a transição climática pode gerar 375 milhões de novos postos de trabalho na próxima década, além de outros 280 milhões por meio de ações de adaptação. Oito países, incluindo o Brasil, já aderiram à iniciativa, que pretende alcançar mais de 20 países e 40 instituições até 2028.
Adaptação indígena:
O evento de alto nível sobre adaptação reuniu lideranças indígenas para trocar boas práticas de enfrentamento às mudanças climáticas. O principal resultado foi o reconhecimento do conhecimento ancestral como base para políticas públicas. O Conselho Indígena de Roraima apresentou cinco planos de adaptação brasileiros como referência internacional.
Integridade da informação:
Pela primeira vez, o combate à desinformação climática foi um tema central da COP. Seis novos países, Bélgica, Canadá, Finlândia, Alemanha, Espanha e Países Baixos, aderiram à Iniciativa Global pela Integridade da Informação. Foram anunciados os dez primeiros projetos que receberão financiamento, e a meta é mobilizar até 2028 cerca de 10 milhões de dólares para um fundo global, com foco no Sul Global. Também será criada uma “Carta de Princípios para a Publicidade Climática Responsável”.
Compras públicas sustentáveis:
O plano busca usar o poder de compra dos governos, um mercado de trilhões de dólares, para impulsionar a ação climática. O principal resultado foi o lançamento da Declaração de Belém sobre Compras Públicas Sustentáveis, que propõe priorizar materiais de baixa emissão, como cimento e aço, e incentivar trabalho justo. Além do Brasil, México, Noruega e Países Baixos confirmaram adesão.
Fórum de proprietários de ativos:
O encontro reuniu investidores, bancos e líderes do setor financeiro para debater como alinhar políticas e acelerar o investimento de capital em mercados de transição. As conclusões do grupo serão apresentadas aos ministros das Finanças.
Cultura e narrativas climáticas:
Artistas, líderes indígenas e autoridades participaram de um evento voltado à relação entre cultura e ação climática. O principal resultado foi o lançamento de um plano que prevê integrar o patrimônio cultural aos Planos Nacionais de Adaptação (NAPs). Participaram nomes como Margareth Menezes, a primeira-dama Janja Lula da Silva, Davi Kopenawa, o ator Klebber Toledo e o cineasta Juliano Salgado.
Mobilização global:
O Diálogo dos Jovens Campeões do Clima reuniu jovens líderes e autoridades para garantir que as perspectivas das novas gerações façam parte da agenda da COP30.
O espaço Maloca também foi destaque ao reunir debates sobre justiça e cultura. O Ritual de Abertura da COP Indígena, conduzido pela ministra Sonia Guajajara, reforçou o papel dos povos originários na meta de desmatamento zero.
“Estamos vendo um ambiente muito positivo entre as partes […] Acho que há um forte indicativo de que todos aqui querem mostrar ao mundo que o multilateralismo funciona — e que estamos todos juntos para provar isso”, diz o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30.
O QUE ESPERAR DO DIA 4
Os temas do quarto dia da conferência serão saúde, justiça, direitos humanos, educação e cultura.
A programação prevê a Reunião Ministerial de Saúde e Clima, das 9h às 12h, que deve lançar o Plano de Ação de Belém para Adaptação do Setor de Saúde. À tarde, entre 15h e 18h, haverá um evento da Presidência sobre como fortalecer uma sociedade informada e, simultaneamente, uma Mesa Redonda Ministerial sobre Educação Verde. O dia se encerra com o Diálogo Climático de Belém com Povos Indígenas, das 18h às 19h. (Com informações da equipe de comunicação da COP30)
