Correio de Carajás

Tentativa de latrocínio causa medo e revolta

Depois do assalto e baleamento na ótica do empresário Antonio Claudio de Oliveira, na manhã do último sábado (16), o clima entre os comerciantes e empregados que vivem e trabalham naquela área, no Núcleo Cidade Nova, é um misto de medo, revolta, insegurança… O Sindicato do Comércio de Marabá (Sindicom) já provocou as autoridades da segurança pública para atuarem de forma mais efetiva na área, onde os assaltos tem disso frequentes. Enquanto isso, Antônio Claudio permanece internado no Hospital Regional Público do Sudeste, em Marabá, em estado que inspira cuidados.

Momento em que Claudio foi colocado na maca do SAMU e levado para o Hospital Regional

Na manhã de ontem (18), o delegado Vinícius Cardoso das Neves, diretor da 21ª Seccional Urbana de Polícia Civil, disse para a Imprensa de Marabá que as investigações se encontram em estágio avançado. Segundo ele, já foram colhidas imagens de câmeras de vídeo-monitoramento da área onde tudo aconteceu.

Uma funcionária do estabelecimento foi quem registrou a ocorrência policial sobre o assalto que terminou em tentativa de latrocínio. Segundo ela, depois que o criminoso entrou se passando por cliente ele anunciou o assalto. No momento estavam na ótica, ela, Antônio Claudio e sua noiva Bianca Gomes de Albuquerque.

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Vítima foi socorrida inicialmente por quem estava com ele na hora do tiro

Os três foram colocados no chão e depois que o criminoso pegou dinheiro do caixa (apenas algo em torno de R$ 100), pegou também objetos de valor, como celulares, ele mandou todos irem para o banheiro. Foi nessa hora que Antônio Claudio reagiu e travou luta corporal com o bandido.

Para a reportagem do Jornal CORREIO, a funcionária disse que Antônio Claudio estava decidido a reagir, mas sua noiva pedia para ele não fazer nada. Só que o comerciante não se conteve e, no impulso, acabou tomando a decisão errada. A empregada conta que ele ainda imobilizou a mão do bandido que segurava a arma. Mas não adiantou. “O assaltante pegou a arma com a outra mão e mirou na cabeça dele”, relata a funcionária.

Em seguida, o criminoso fugiu e montou na garupa da moto de seu comparsa que o esperava do lado de fora, bem na esquina. Os dois fugiram na direção da Avenida Nagib Mutran. A fuga dos bandidos foi filmada por câmeras de vídeo-monitoramento e devem ajudar a polícia a identificar os criminosos, embora o retrato-falado de um deles já tenha sido divulgado pela polícia.

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Antonio Claudio foi socorrido por uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e encaminhado ao Hospital Regional Público do Sudeste, onde já foi submetido a cirurgia e está em observação, mas o caso é grave porque a bala atingiu a cabeça.

Comerciantes e empregados vivem com medo na área

A tragédia que aconteceu ao comerciante é algo que estava na iminência de ocorrer a qualquer momento naquela área de comércio da Cidade Nova, onde os assaltos são frequentes, inclusive à luz do dia, como foi este caso agora. Quem vive e trabalha ali diz que as rondas policiais são escassas; o que existe ali é uma intensa fiscalização de trânsito por parte do DMTU.

Um comerciante que pediu para não ser identificado disse que teve a loja arrombada. Segundo ele, o bandido quebrou o portão de ferro e praticamente arrancou a porte de vidro. No mesmo dia foi arrombado um salão de beleza e outra empresa da área. “Aqui está tendo roubo direto. A gente se uniu, fez BO, mas não teve efeito nenhum”, denuncia, acrescentando que, na mesma área, na esquina no fundo do Sesi, também é um perigo, inclusive durante o dia, no horário do almoço, além, é claro da noite e madrugada.

Também ouvida pela reportagem do jornal, Helen Thaís Conceição da Silva, gerente de uma malharia, disse que o estabelecimento foi alvo de assaltantes três vezes num curto espaço de tempo. Segundo ele, não existe segurança nas redondezas, então a porta é fechada o tempo todo e só é aberta depois que o cliente é devidamente identificado.

Helen diz que rotina da malharia teve de ser mudada por causa da insegurança

Por outro lado, Adriano Pereira Morais, dono de uma loja de acessórios e autofalantes há quatro anos, na Avenida Itacaiúnas, disse que há momentos em que o local fica bastante deserto, como por exemplo as tardes de sábado, pois como existem muitos comércios e poucas casas o local é pouco habitado. “Tem dias que a gente fica um pouco receoso porque fica meio deserto”, reafirma.

Adriano diz que vai começar a fechar sua loja mais cedo devido aos assaltos

Daniele Melo, funcionária de uma farmácia, disse que, embora nunca tenham sido assaltados, já presenciaram vários casos e ouviram muitas histórias de assaltos, inclusive na semana passada, quando uma loja de presentes foi alvo de criminosos ali perto. “A gente nunca está cem por cento protegida”, lamenta.

Outra comerciante com quem a reportagem do jornal conversou, Laís Gomes, dona de um ateliê na Avenida Itacaiúnas, disse que a vizinha do lado foi assaltada recentemente e também uma costureira que trabalha para ela foi assaltada na porta de seu estabelecimento enquanto esperava o marido busca-la.

Laís Gomes diz que seus clientes só entram na loja depois de identificados

Igualmente ocorre na malharia ali perto, no ateliê de Laís a pessoa só entra depois que estiver devidamente identificado. A comerciante observa que quando precisa andar pela rua, vai sem sua bolsa. Laís Gomes disse ter ficado muito consternada ao ver Antônio Claudio ensanguentado, daquela forma, pois sabe que é uma pessoa trabalhadora que está mantendo o sustento de sua família e gerando emprego para outras pessoas.

SINDICOM se reunirá com a polícia e o Ministério Público

Diante do que aconteceu com o comerciante Antônio Claudio e diante também de tantos roubos ocorridos naquela área da Cidade Nova, o Sindicato do Comércio de Marabá (Sindicom) agendou uma reunião para quinta-feira (21), na sede do SESC, às 18h30, com o comando do 34º Batalhão de Polícia Militar (4º BPM), com a Superintendência da Polícia Civil e ainda com o Ministério Público.

Raimundo Alves da Costa Neto, diretor do Sindicom, disse que já começou a convidar a classe empresarial, principalmente do complexo Cidade Nova, para a reunião, a fim de juntos cobrarem uma ação mais enérgica por parte das autoridades, porque nos últimos dias a situação, segundo ele, está intolerável.

“O comerciante está se sentindo refém dentro do seu estabelecimento em função do grande número de assaltos”, relata Raimundo Neto, ao observar que o assalto que quase tirou a vida de Antonio Claudio aconteceu em plena manhã. “A bandidagem não está mais escolhendo horário”, alerta. “Nós temos que recorrer aos poderes que poderão cuidar da segurança do cidadão”, afirmou Raimundo Neto.

Polícia divulga retrato falado de um dos suspeitos

A Polícia Civil divulgou, ainda no sábado (16), o retrato falado de um dos motoqueiros responsáveis por envolvimento na tentativa de latrocínio de um empresário, na cidade de Marabá, sudeste paraense. Na mesma ocasião, foi divulgada uma imagem dos motoqueiros. O crime ocorreu em uma ótica, pertencente à vítima. Dois homens em uma moto foram autores do crime ocorrido na Rua Itacaiunas, bairro Cidade Nova.

A tentativa de latrocínio ocorreu durante assalto à ótica. Segundo informes, dois homens entraram no local, de onde roubaram dois telefones celulares tipo Iphone e uma quantia em dinheiro.

Na saída dos assaltantes, o proprietário de prenome Cláudio reagiu e tentou entrar em luta corporal com os dois homens. Porém, um dos criminosos disparou na cabeça da vítima. O empresário está no Hospital Regional de Marabá em estado grave. (Fonte: Ascom/Polícia Civil)

(Chagas Filho)