Há cerca de duas semanas, uma área localizada entre as margens da Estrada de Ferro Carajás e o viaduto que dá acesso ao bairro Nossa Senhora Aparecida (Coca-Cola), no Núcleo Nova Marabá, em Marabá, foi ocupada por cerca de 150 famílias. O Correio de Carajás esteve presente no local na manhã desta segunda-feira (5) e conversou com ocupantes da área.
Luís Ricardo relata que o motivo da ocupação foi por segurança e dignidade, pois a área, segundo ele, era dominada pela violência e falta de segurança. O ocupante detalhou as razões por trás da iniciativa: “Nós viemos ocupar essa área porque estava havendo muitos estupros aqui, crianças não podiam passar para ir para o colégio, eram assaltadas, as mulheres eram arrastadas para dentro da mata porque essa área era só matagal”, alega.
ARGUMENTAÇÃO
Leia mais:Ele ainda descreve um cenário onde a população decidiu agir, dizendo que a comunidade carente da área, que não tem casa, resolveu entrar no terreno, pois ele só servia para amontoar lixo.
O proprietário da área é Cornélio Pereira Bitaraes, que com a ocupação, apresentou os documentos da propriedade à Delegacia de Conflitos Agrários (Deca), fazendo o pedido de retirada dos ocupantes. Não havendo a liminar de reintegração emitida pela justiça, a polícia não pode efetuar a remoção das famílias.
Na última sexta-feira (2), uma equipe policial esteve no local, com a presença da Polícia Civil, e outras autoridades, para dialogar com as famílias que estavam sendo acusadas de esbulho, entre outras coisas.
Luís contesta as acusações de invasão e esbulho, argumentando que o verdadeiro invasor é o proprietário do terreno: “Ele quer ter terra para vender. Nós queremos terra para cada um morar, e fazer sua moradia”, argumenta.
CONFLITO COM A SEGURANÇA PRIVADA
O proprietário do imóvel contratou uma empresa de segurança privada, o que intensificou a tensão entre as partes. A situação é agravada pela falta de infraestrutura básica e segurança para os moradores que dizem se sentir ameaçados.
Outro ocupante, que preferiu não se identificar, alega que é morador de aluguel na Folha 29 e também falou ao Correio: “Estamos resistindo aqui, porque precisamos de um lar para morar”, diz.
A Reportagem do CORREIO conversou com a equipe da empresa de segurança que está no local, mas eles não quiseram prestar informações sobre o contratante e nem sobre as queixas dos ocupantes de que estariam sendo intimidados por eles.
(Milla Andrade e Ulisses Pompeu)