A comunidade científica da região de Carajás avançou mais uma etapa para a criação de duas Unidades de Conservação de Uso Sustentável, chamadas de Área de Proteção Ambiental (APA) do Paleocanal do Rio Tocantins e a APA Bico do Papagaio.
Para isso, recentemente Marabá recebeu a visita de uma equipe do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), vinda de Brasília, para avaliação das áreas propostas para a criação dessas unidades de conservação.
A exploração mergulhou na riqueza ecológica de três estados e sete cidades que abarcam a área onde as APAs devem ser criadas. No Pará foram visitadas Marabá, Nova Ipixuna, Itupiranga, Bom Jesus do Tocantins e São João do Araguaia; no Tocantins a equipe foi à Esperantina e, no Maranhão, em São Pedro da Água Branca.
Leia mais:Para conduzir uma expedição desse porte é necessário pessoas que conheçam a região e nesse caso os responsáveis foram os pesquisadores da Fundação Casa da Cultura (FCCM), da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) e do ICMBio Carajás.
“Os técnicos do ICMBio Sede, Rodrigo Paranhos Faleiro e Breno Monteiro de Menezes estavam bastante entusiasmados para conhecer essa área protegida e ficaram satisfeitos com o que viram”, disse Pablo Santos, geólogo da FCCM, para a reportagem do CORREIO. Ele é um dos responsáveis pelos projetos, ao lado da ex-presidente da Fundação Casa da Cultura, Vanda Américo.
Durante a visita de reconhecimento, o grupo atravessou regiões de mata, percorreu as águas dos lagos, conheceu ilhas e apreciou praias da região. Mais do que realizar um reconhecimento de área, a expedição teve como propósito expor as belezas cênicas do patrimônio amazônico daqueles ecossistemas.
As áreas propostas para a criação das APAs do Paleocanal do Rio Tocantins e Bico do Papagaio possuem uma imensurável riqueza ambiental, com suas múltiplas espécies de animais, vegetação e contribuições para o meio ambiente e subsistência da população que mora naquela circunvizinhança.
Há, ainda, a necessidade de preservação dos parques arqueológicos encontrados nesses perímetros. Através do estudo dos materiais encontrados por lá, a sociedade, por meio dos pesquisadores, tem a oportunidade de conhecer com mais profundidade sua história e relação com o passado.
Desde 2023, eventos importantes têm acontecido como parte do processo para conseguir apoio político e da população para que o ICMBio aceite tirar o projeto do papel. Audiências públicas na Universidade do Estado do Pará (Uepa) e na Câmara Municipal de Marabá foram realizadas com esse intuito.
Tanto a expedição quanto os eventos são fruto de uma luta histórica da FCCM, que conta com o trabalho de Vanda Américo, Wânia Gomes, Pablo Santos, Márgia Carvalho, Caroline Anjos e Ananis Lopes. Empenhados na criação dessas áreas de proteção, eles estabeleceram a parceria com a Unifesspa e com os professores Bernardo Tomchinsky, Clarissa Mendes Knoechelmann e Felipe Siqueira, da Faculdade de Biologia. E ainda contam com o apoio incondicional dos pesquisadores do ICMBio Carajás: André Macedo, Manoel Delvo, Luis Filipe Antunes, Roberta Queiroz e Raimundo Façanha.
SAIBA MAIS
Uma reportagem do Correio de Carajás, publicada em junho desde ano, detalha a luta pela criação da APA Paleocanal do Rio Tocantins e a APA Bico do Papagaio. As áreas possuem uma grande importância geológica, biológica e arqueológica para a região e as extensas áreas de planície de inundação do Rio Tocantins, ricas em lagos, fauna e flora, precisam ser protegidas.
Esse é um passo crucial para proteger a biodiversidade, os recursos hídricos e o patrimônio cultural deste território. A mobilização da sociedade e o apoio político são fundamentais para a concretização do projeto e a garantia do futuro dos paleocanais.
(Luciana Araújo e Ulisses Pompeu)