A prisão do acusado do crime e da esposa dele, por ocultação de cadáver, não encerraram as investigações em torno do assassinato da tatuadora Flávia Alvez Bezerra, de 26 anos, cujo corpo foi achado por volta das 23h de quinta-feira (25). Ainda faltam peças para montar esse intrincado quebra-cabeças.
Mas a polícia já tem algumas informações, como a causa da morte. Ela foi assassinada por estrangulamento, segundo exame de necropsia feito pelo Instituto Médico Legal (IML). Além disso, a polícia trabalha com a hipótese de que ela foi morta ainda dentro do carro do suspeito, ao final de uma carona.
“O crime, segundo a principal linha de investigação, foi cometido de forma oculta, possivelmente dentro do carro do autor, mas a polícia não pode afirmar isso oficialmente porque o autor não colabora”, declarou o delegado Vinícius Cardoso das Neves, por telefone, a este CORREIO, com exclusividade, na noite de ontem.
Leia mais:Embora a coletiva de Imprensa feita pelos delegados Walter Ruiz (presidente do inquérito), Leandro Pontes e Simone Felinto tenha sido frustrante para a Imprensa, porque pouca informação foi repassada, o superintendente Vinícius Cardoso observa que as investigações estão em curso, de modo que informações indevidas podem atrapalhar a investigação do crime.
Por isso, nem mesmo a motivação foi divulgada até o momento, justamente porque o acusado continua negando a autoria, enquanto a companheira dele se mantém praticamente o tempo inteiro em silêncio.
Falando nisso, a divulgação de algumas informações sobre o caso nas redes sociais quase colocou em risco a execução dos mandados de prisão e de busca e apreensão, segundo observou o delegado Vinícius.
Prisões
Por enquanto, estão presos Willian Araujo Sousa, mais conhecido como Will, que também era tatuador e colega de trabalho da vítima, apontado como autor do crime; e a mulher dele, Deidyelle de Oliveira Alves, acusada da ocultação de cadáver. Will foi preso em Marabá, enquanto Deidy foi capturada em Tucuruí, onde vive parte da família dela.
O carro de Will também foi apreendido e passou por perícia, feita por profissionais da Coordenadoria Regional da Polícia Científica do Pará de Marabá (PCEPA), que também fizeram levantamento de local de crime.
Usando ferramentas tecnológicas, a Polícia Civil descobriu que o casal havia passado por Jacundá logo após o sumiço de Flávia. Diante disso, uma equipe policial descaracterizada esteve na rota traçada, ainda na quarta-feira (24), tentando descobrir alguma pista, até que no dia seguinte veio a confirmação de que o corpo estava lá, em uma área rural de difícil acesso. A jovem estava enterrada em cova rasa na Vicinal 60.
Terceira pessoa
Além dos dois presos, a polícia tomou depoimento de uma terceira pessoa, na cidade de Jacundá. Embora os delegados façam questão de omitir qualquer informação sobre quem seria essa pessoa e qual sua relevância para as investigações, é de conhecimento público que se trata de um irmão de Deidyelle.
A reportagem conversou com uma fonte na noite de ontem, a qual informou que o depoimento dessa pessoa durou cerca de uma hora e meia. O homem teria relatado que Deydielle foi ameaçada por Will a cooperar com a ocultação do cadáver, enquanto ele foi coagido a ajudar a enterrar o corpo, por temer pela integridade de sua irmã.
Segundo esta mesma fonte, quando Will chegou em casa, já com o corpo da tatuadora no carro, ele chamou Deydielle sem explicar o que havia acontecido, dizendo apenas que teria feito uma “m…” e que ela precisaria ajuda-lo. Só então a mulher se deu conta de que estava casada com um assassino.
O próximo passo foi seguir até Jacundá. No meio do caminho, por telefone, Will teria dito ao irmão de Deydielle que precisava de uma pá e uma picareta. Em seguida o casal e o irmão de Deydielle se encontraram em um posto de combustíveis em Jacundá e, de lá, seguiram até a Vicinal 60.
(Chagas Filho)