Correio de Carajás

Suspeitos de assalto em Cametá são identificados

Após intenso trabalho de investigação realizado pelas equipes da Superintendência Regional do Baixo Tocantins e da Delegacia de Repressão de Roubo a Banco e Antissequestro, quatro suspeitos de participarem do crime ocorrido na noite desta terça-feira (1º), foram identificados, assim como dois dos veículos usados pelo bando. Imagens do circuito interno da agência bancária e estabelecimentos comerciais da região foram coletadas e estão sendo analisadas.

Testemunhas do crime continuam sendo ouvidas. Na manhã desta quinta-feira (03) o carro de um dos reféns utilizado pelos criminosos durante o crime, foi resgatado do rio Itaperaçu, município de Baião, no Baixo Tocantins.

A ação contou com apoio do Corpo de Bombeiros. Dentro do veículo foram encontrados fragmentos e explosivos, projéteis. Tudo será periciado pela equipe do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves. As equipes da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (CORE) continuam na cidade realizando diligências juntamente com as guarnições da Polícia Militar.

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“As investigações estão em estágio avançado. Já ouvimos testemunhas, tivemos acesso às imagens de circuito interno e estamos diligenciado para o quanto antes, esclarecer o caso e prender os criminosos. As equipes da Polícia Civil juntamente com a Polícia Militar estão em campo sem medir esforço para dar a resposta devida ao povo de Cametá e de todo o estado”, enfatizou o delegado-geral, Walter Resende.

Perícia criminal analisou projéteis e coletou material biológico no veículo

O titular da Segup, Ulame Machado, informou que foi iniciada a análise de todas as câmeras localizadas nos arredores da agência bancária que sofreu o ataque. Sobre o veículo encontrado nesta quarta-feira (2), o secretário disse que o carro tinha 38kg de dinamite.

“Neste veículo (encontrado na quarta-feira (2), há alguns indícios também do armamento utilizado pelo grupo como cartuchos e outros itens. Nós estamos com equipes com incursão na mata, mais ou menos na proximidade onde se acredita que eles (os criminosos) estejam escondidos ainda. Um grupo já está praticamente identificado, pelo menos, alguns participantes deste grupo já estão identificados, e isso foi possível pelo conhecimento que as equipes têm de situações anteriores de pessoas envolvidas e também pelos indícios revelados nos depoimentos de reféns, de testemunhas, e pela análise dos vídeos”, afirmou Ualame Machado.

Ele acrescentou que “a Polícia Civil continua investigando dentro do Inquérito Policial com as oitivas, com as perícias produzidas e outras provas. A Polícia Militar com seu grupamento especial e a Polícia Civil, através da Core, continuam nas matas tentando localizar este grupo que ainda está por lá”.

A perícia criminal trabalha na análise dos dois automóveis já encontrados. Um no KM 40 da Transcametá e o outro içado no rio Itaperaçu, município de Baião, no Baixo Tocantins.

A perícia criminal também analisa o material balístico, e já fez a coleta de material biológico num dos carros usados pelos criminosos, e tudo está sendo encaminhado ao laboratório, assim como utensílios, que vão ajudar nas investigações da PC.

“São vestígios importantes que irão auxiliar na identificação dos autores, porém mantemos em sigilo para não prejudicar as investigações da Polícia Civil”, explicou Celso Mascarenhas, diretor-geral do Centro de Perícias Cientícias Renato Chaves.

Criminosos fizeram reféns e mataram uma pessoa durante o ataque em Cametá

Grandes assaltos demandam planejamento e grana

Grandes assaltos a banco, como os que ocorreram em Criciúma (SC) e Cametá (PA) esta semana, têm planejamento que dura meses e que inclui monitoramento de policiais locais, rotas de fuga bem definidas, além de escolha de criminosos especialistas em usos de armas de grosso calibre e explosivos.

Em geral, segundo policiais federais e civis, promotores, procuradores e especialistas em segurança pública entrevistados pelo site de notícias “UOL”, esses grandes assaltos são liderados por um ou dois líderes —no máximo, quatro. São eles que financiam individualmente o crime, mas têm em facções criminosas com o PCC – Primeiro Comando da Capital – apoio estrutural.

As ações costumam ser de surpresa: a ideia dos criminosos é que, sem troca de tiros, o roubo não dure mais do que 20 minutos entre a entrada na cidade e a saída com o dinheiro.

Outra estratégia, dependendo da dinâmica local, é atacar a tiros bases da PM antes do crime, para descolar os policiais para esses locais e retardar o poder de reação no local onde o roubo ocorre.

Bloqueio de vias com veículos incendiados também costuma fazer parte do plano criminoso. Em alguns casos, cidadãos são usados como escudos humanos pelos ladrões.

Normalmente, o planejamento de meses inclui “escolhas a dedo” dos bandidos escalados para o roubo, com “características criminais” diversas. Após o assalto, o valor obtido é separado: 50% fica com os financiadores do assalto, a outra metade fica com a organização criminosa que financiou o crime, disse à reportagem um promotor paulista.

Um procurador aposentado complementou que, historicamente, esses grandes roubos são feitos por pessoas que integram facções criminosas, mas que a ação em si não é da facção, mas, sim, “uma caminhada individual do criminoso”, ainda que tenha parceria de estrutura do crime organizado.

Para se ter um parâmetro de preço para realizar um assalto de grande porte, o professor de Gestão Pública da FGV (Fundação Getúlio Vergas) Rafael Alcadipani explica que o aluguel de um fuzil do PCC gira em torno de R$ 20 mil a R$ 30 mil, mas, dependendo do tamanho do assalto, esse aluguel pode saltar para até R$ 200 mil.

Acrescido a isso, Ivana David, juíza da 4ª Câmara Criminal do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), questiona: “Se fizermos uma conta por baixo do custo de Criciúma: dez carros blindados, munição, arma.50, de 20 a 30 criminosos. Imagina o custo disso? Roubaram quanto? Porque só apreenderam R$ 850 mil. Quase R$ 300 mil jogados na rua. Quanto roubaram?”.