Por todo o mundo, surfistas estão em busca das maiores ondas dos oceanos. Mas alguns, como o brasileiro Serginho Laus, buscam a fúria do rio Amazonas.
Quando as marés altas, durante o equinócio da primavera, caem em águas mais lentas na foz do rio Amazonas, no Brasil, um fenômeno natural chamado Pororoca é formado. A onda resultante pode enfurecer-se por dezenas de quilômetros, arrancar árvores, vomitar lama e até mesmo arrastar jacarés junto com ela.
Enquanto os moradores locais vivem para respeitar a Pororoca, sabendo muito bem que ela pode esmagar seu cais ou transformar seu barco em milhões de lascas de madeira, surfistas como Serginho Laus vivem para enfrentá-la.
Leia mais:“É uma sensação de liberdade, de descoberta”, disse Serginho, sobre o surfe na Pororoca. “Você está em um lugar que ninguém vai – todo mundo tem medo de ir por que a Pororoca parece um monstro para os moradores que vivem nessa área… É como um tsunami amazônico.”
É fácil ver por que os surfistas a adoram tanto. Ao contrário das ondas oceânicas, que duram talvez 30 a 40 segundos, os surfistas vivem a Pororoca por minutos a fio, contanto que possam lidar com o intenso acúmulo de ácido láctico em suas pernas. Há um incentivo extra para ficar mais tempo: piranhas famintas e candirus, conhecidos como “peixes-vampiros”, espreitam as possíveis vítimas.
Serginho já foi o detentor do recorde mundial de surfe na Pororoca com 33min15 e diz que, certa vez, andou na maré por 1h10 sem parar (ele admitiu que esqueceu o GPS para validar a marca).
Mas, em 2014, tudo mudou. A Pororoca, na foz do rio Araguari – onde Serginho surfava desde o final dos anos 1990 – desapareceu.
“Quando o Araguari morreu, o sonho morreu também”, disse ele. “Imagine, você sempre esteve no lugar que você queria estar com as melhores ondas do mundo – e, em um momento, você não tem mais esse lugar.”
Enquanto outros surfistas foram caçar novos monstros fluviais ao redor do mundo, Serginho perseguiu outra Pororoca. Ele falou com os ribeirinhos, pessoas que moravam ao longo do rio, e encontrou exatamente o que estava procurando.
Então, reuniu sua equipe local e convidou o cão surfista Bono e o melhor amigo do labrador, o surfista de SUP (stand-up paddle) Ivan Moreira. Juntos, eles navegaram 15h na Amazônia, passando por chuvas e aldeias curiosas, para enfrentar o novo monstro – um novo recorde na sua mira.
(Fonte:Espn)