Correio de Carajás

Surdos cobram empregos mais qualificados em Marabá

Com apoio do CAES, muitos surdos estão qualificados para o mercado de trabalho, mas os empregos só aparecem para serviços manuais

Com o objetivo de comemoração das conquistas obtidas pela comunidade surda ao longo dos anos e conscientização sobre a necessidade e importância da acessibilidade, setembro é o mês da visibilidade da Comunidade Surda Brasileira, conhecido como Setembro Azul. A comunidade de Marabá, através da organização do CAES (Centro de Atendimento Especializado na Área da Surdez) e a CIL (Central de Interpretação de Libras) realizou na terça-feira, 26 de setembro, uma passeata que culminou com a participação do grupo na sessão da Câmara Municipal de Marabá no mesmo dia.

Michelye Matoso, coordenadora do CAES, ligado à Secretaria Municipal de Educação de Marabá, disse que este ano é décima vez que realizam a passeata alusiva ao Setembro Azul. De acordo com ela, a campanha visa conscientizar a respeito da inclusão social das pessoas surdas. “Estamos comemorando o Dia do Surdo. Para nós é uma honra estarmos mostrando o surdo na sociedade de Marabá, trazendo valorização a esse grupo de pessoas”.

O CAES é responsável, exclusivamente, pela educação dos surdos em Marabá, promovendo a educação e a difusão da Língua Brasileira de Sinais.

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Antônio Cavalcante, professor e especialista em ensino e interpretação de libras da Unifesspa, frisou que quando se fala de inclusão da pessoa surda, é importante discutir direitos e pensar que existem leis de inclusão social e acessibilidade. “As pessoas surdas se desenvolvem de forma análoga a uma criança ouvinte. No entanto, quantos professores, chefes tivemos surdos?”, questionou.

Ele ainda destacou que os surdos, em sua grande maioria, são destinados a trabalhos manuais, e quando toda a população é levada a apenas esse serviço algo está ocorrendo. “A Unifesspa se coloca à disposição em pensar em conjunto com outras instituições, criando políticas públicas de inclusão dessas pessoas. Pessoas surdas são cidadãs e estão inseridas nos mais diversos contextos sociais”, arrematou.

Foi revelado que, atualmente, há 78 alunos com surdez nas escolas públicas municipais, e o CAES vem fomentando junto aos professores a inclusão desses alunos. No centro existe a disponibilidade de aula de libras como primeira língua; Língua Portuguesa escrita como segunda língua; ensino matemático através de libras; atendimento fonoaudiólogo de pessoas surdas que utilizam tecnologias auditivas; formação de professores e alunos surdos, entre outras questões.

E seu público-alvo são pessoas surdas, surdos oralizados e seus familiares, além de profissionais da educação.