Correio de Carajás

Sobrinho do prefeito eleito de Marabá é alvo da PF por fraude no curso de Medicina

Um dos acadêmicos de Medicina da Facimpa que é alvo da 4ª fase da operação “Passe Livre” da Polícia Federal nesta quarta-feira (16) é Lucas Cunha Sá, de 25 anos, sobrinho do prefeito eleito de Marabá, Toni Cunha Sá. Ele seria um dos beneficiários diretos do esquema de facilitação do ingresso no curso superior operacionalizado por André Rodrigues Ataíde. Logo na madrugada de hoje a PF visitou 27 locais aqui e em outros estados, cumprindo mandados de busca e apreensão.

Lucas é filho de uma irmã de Toni Cunha, este último, inclusive, delegado de Polícia Federal licenciado, uma vez que ocupa cargo público de deputado estadual e deverá assumir como prefeito de Marabá em janeiro de 2025. A família do jovem foi vista na manhã de hoje na Delegacia da PF, acompanhada de seus advogados.

Lucas, como aparece no relatório da investigação da PF

A investigação é conduzida pelo delegado PF Ezequias Martins da Silva, nos autos do procedimento 2024.0006873-DPF/MBA/PA. Segundo a investigação, André sistematicamente, de forma organizada, com o envolvimento de dezenas de pessoas, orquestrava a fraude em provas de vestibular online em troca de pagamento, além da falsificação de documentos.

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DAS PROVAS ONLINE

Nas conversas de WhatsApp, é possível verificar que André tinha o hábito de realizar fraudes de provas de vestibular, se aproveitando das vulnerabilidades dos sistemas de detecção de fraudes das provas online. Tais facilidades permitiam que André orquestrasse a fraude de várias provas simultaneamente, contratando diversas pessoas para resolverem as questões.

Para melhor compreensão da participação de cada um dos envolvidos na fraude de vestibulares online, é importante compreender o modus operandi das equipes que fraudam as provas e do candidato.

A prova é feita com webcam e microfone ligados, a fim de monitorar o comportamento dos candidatos para evitar fraudes. Para burlar esse sistema André utilizava a seguinte técnica: o candidato precisava de uma pessoa que o auxiliasse, sentando-se ao lado e posicionando um celular próximo ao notebook em uma posição que não ficasse aparente na webcam, conforme demonstrado por André em alguns vídeos enviados aos candidatos.

De acordo com a PF, as fraudes ocorreram ao longo de alguns anos, resultando em dezenas de alunos aprovados em vestibulares de medicina com notas obtidas de forma fraudulenta. O inquérito inicial listava 21 suspeitos, mas posteriormente essa lista aumentou para mais de 30 só na Facimpa.

Procurada pelo CORREIO, a Facimpa disse que ainda hoje vai emitir nota comentando sobre esta nova fase da operação da PF.

(Da Redação)