Pesquisadores do Instituto Evandro Chagas chegaram a Marabá na segunda-feira, 14, para realizar uma série de análises das águas dos rios da região. A “Operação água limpa”, como foi batizada, tem o objetivo de coletar amostras de pontos estratégicos do Rio Itacaiunas, do Lago Vermelho e da região do Pedral do Lourenção. Essa ação foi uma solicitação do Ministério Público do Estado do Pará, por meio das promotoras Alexssandra Mardegan e Josélia Leontina Barros, da Promotoria Agrária e Promotoria do Meio Ambiente, respectivamente.
O estudo deve trazer resultados importantes para o Ministério Público, que suspeita que os rios estão contaminados com substâncias tóxicas.
A equipe do Evandro Chagas, composta por seis pessoas, entre técnicos e pesquisadores, esteve na manhã desta terça-feira, 15, no Rio Itacaiunas, onde realizou dez coletas em diferentes pontos. A ação teve o apoio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e do Departamento de Segurança Institucional e Patrimonial, ambos da Prefeitura de Marabá.
Leia mais:De acordo com a técnica do Laboratório de Bioindicadores do IEV, Aline Gomes, apenas uma parte das análises será realizada em Marabá. “Existem algumas amostras que precisam ser feitas em um prazo de 24 a 48 horas. Montamos um laboratório no Campus II da Unifesspa e lá iremos realizar o trabalho inicial. As outras etapas serão feitas na sede do Instituto, em Belém. Nesse momento, iremos verificar a parte físico-química da água e a análise microbiológica”, explica ela.
O Rio Itacaiunas é um dos principais cursos de água da região e pode estar sob ameaça, pelo menos é o que indicam os pesquisadores.
O CORREIO DE CARAJÁS acompanhou, com exclusividade, a coleta de amostras em todos os pontos. Questionada pela reportagem, a pesquisadora do IEC, Eliane Brabo de Sousa, prevê que o Itacaiunas pode estar eutrofizado de forma difusa. Ou seja, ele está com excesso de nutrientes, principalmente fósforo e nitrogênio, que são causados pela ação humana, como: lançamento de esgoto das fábricas e do aterro sanitário.
“O ideal é que a quantidade de nitrogênio e fósforo seja baixa, natural, proveniente da floresta. Quando está em excesso, como parece estar aqui, é porque existem outras contribuições. A princípio não tem como saber qual é o maior causador, porque estamos em uma região urbanizada. Por isso, é importante analisar essa água algumas vezes para saber de fato de onde vem essa alteração. Estamos coletando amostras da água a montante, a jusante e defronte de um frigorífico, que é um dos principais ejetores de rejeitos no rio”, explica.
Visivelmente diferente das demais áreas, a água no ponto em frente ao frigorífico em questão estava mais escura e com muita espuma.
Para Adaelson Medeiros, pesquisador do IEC, esse pode ser um indício de que a carga de nutrientes do rejeito lançado no rio deve estar muito elevada. “Ainda não temos os dados analíticos, mas visualmente nós percebemos a diferença da água. O ideal seria fazer um monitoramento diário, fazer uma amostragem composta e simples, para a gente mensurar os volumes que estão chegando para fazer os ensaios”, observa.
As coletas das amostras da equipe do Evandro Chagas seguem na região. Na terça-feira, 15, no período da tarde, a equipe realizou coleta no Lago Vermelho, na Comunidade Diamante.
Hoje, quarta-feira, 16, estão sendo feitas coletas da água e do mexilhão dourado no Pedral do Lourenção. À tarde, a equipe se desloca para a região do Lago de Tucuruí.
(Ana Mangas)