Correio de Carajás

Sine vê empregos em alta com projetos na construção

Para realizar cadastro no órgão, o trabalhador precisa levar documento de identificação oficial com foto, carteira de trabalho física ou digital e comprovante de residência

Em Marabá, a maioria das vagas ofertadas pelo Sine giram em torno da construção civil/ Fotos: Josseli Carvalho

Com uma atuação que abrange quatro municípios da região, diariamente o Sistema Nacional de Emprego (Sine) de Marabá entrega 140 senhas de atendimento. Destas, metade são para encaminhamento de vagas e a outra parte para cadastro no órgão. As informações foram dadas por Reinaldo Barbosa de Oliveira, gerente do Sine, em entrevista ao CORREIO.

O gestor afirma que a empregabilidade na cidade está em alta. No momento atual, o município vive um boom na construção civil, resultado de dois grandes empreendimentos, ambos relacionados à edificação de pontes. Uma sobre o Rio Tocantins e outra sobre o Itacaiúnas. “Nós temos aqui grandes projetos de infraestrutura que estão em uma busca crescente por mão de obra”, afirma.

Na manhã desta quarta-feira, 30, o Sine divulgou 73 oportunidades de emprego em Marabá. Destas, três são direcionadas para pessoas com deficiência e 58 exigem experiência comprovada. Quatro vagas são para empregado doméstico ou serviços gerais; sete para mecânico de diversas categorias; dez para vendedores; 11 vagas são para motorista ou operador de veículos e/ou máquinas pesadas. As demais são para outras funções.

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Josileide Cardoso Barbosa Evangelista, foi ao órgão para realizar seu cadastro e tem perfil para uma dessas vagas. Entretanto, o trabalhador não atende a um dos principais requisitos: ter experiência comprovada na função. “Aqui tem oportunidade, mas eu fui em uma para operador de escavadeira, mas como não tenho na carteira, não consegui fichar”, ele explica que em sua carteira de trabalho a função registrada é de operador de maquinas pesadas, mas, como o tipo não é especificado, ele não pode ser contratado.

Josileide Cardoso Barbosa Evangelista afirma que não foi contratado por uma empresa por não ter a função registrada na carteira de trabalho

Para além da necessidade de ter a função devidamente descrita na carteira de trabalho, o Sine aconselha que o marabaense procure se capacitar. “Hoje ele já tem consciência de que o mercado está mais exigente e sempre orientamos que o trabalhador busque se qualificar.”, reforça Reinaldo.

Nas vagas divulgadas nesta quarta pelo Sine, esse recorte fica claro. Do total, 28 oportunidades pedem algum tipo de qualificação, seja curso básico, profissionalizante ou específico. Em termos de nível de escolaridade, apenas cinco aceitam ensino fundamental incompleto, as demais cobram por fundamental e médio completos, superior cursando ou concluído.

CONTRATAÇÃO LOCAL

De acordo com dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), entre janeiro e julho de 2023, cerca de 16.800 trabalhadores foram formalmente contratados em Marabá. Chama a atenção que 87% desse quantitativo representa o número de desligamentos, que foi de cerca de 14.600. Considerando esses dados, é possível afirmar que em torno de 2.100 empregos foram mantidos.

Olhando para o recorte do mês de julho, esse percentual tem uma leve variação para baixo. Um total de 2.640 pessoas tiveram suas carteiras de trabalho assinadas, enquanto 2.015 foram desligadas (76%). Resultando em um saldo positivo de 625 trabalhadores que permaneceram empregados.

Embora os números digam respeito aos registros realizados em Marabá, não é possível afirmar que todos os contratados são marabaenses. Este tópico é, inclusive, um ponto de atenção para Reinaldo Barbosa. “Nós temos essa preocupação. O objetivo sempre é que o trabalhador local tenha acesso às vagas geradas aqui no município”, ele frisa que, embora não seja possível controlar todas as oportunidades ofertadas, o Sine tem realizado grandes esforços para que os empregos gerados na cidade, sejam ocupados por pessoas daqui.

Reinaldo Barbosa frisa que o órgão batalha para que as vagas ofertadas no município, sejam ocupadas pelos marabaenses

CANDIDATOS

Sobre isso, Keclevi Gomes Monteiro, motorista, afirma que está difícil conseguir trabalho devido à determinada prática que algumas empresas têm adotado. “Elas vêm para cá e mandam os funcionários, que são de outra cidade, virem fazer o cadastro aqui”. Ainda segundo Keclevi, essas pessoas são chamadas nominalmente no órgão e isso é uma forma de enganar o poder público.

“Como eles pedem uma função na carteira e a pessoa já tem, porque vem de outra cidade, eles chamam pelo nome aqui no Sine e o pessoal de Marabá fica a ver navios”. Keclevi revela para o CORREIO que essa informação chegou até ele através de pessoas que trabalham em empresas que têm esse tipo de prática.

Keclevi Gomes Monteiro reclama que as empresas enviam trabalhadores de outras cidades, para realizarem cadastro no Sine em Marabá

Em relação a essa alegação, Reinaldo pontua que apesar do empenho do órgão para que o marabaense tenha acesso às vagas ofertadas, as empresas buscam por pessoas com experiência. “Muitas vezes o trabalhador local não tem essa experiência, embora tenha se capacitado, ele está buscando uma oportunidade de adquiri-la em sua carteira de trabalho”, ele complementa refletindo que este tem sido um impeditivo para que trabalhadores do município sejam contratados para empregos gerados na cidade.

CRESCIMENTO LATENTE

Um outro projeto que têm impactado no número de oportunidades ofertadas no município, é a expansão do Distrito Industrial, é o que indica Reinaldo Barbosa. “Já está se movimentando para futuras contratações, temos alguns esboços ali no Distrito. Existem outros empreendimentos que estão se instalando em Marabá, por conta desse desenvolvimento”, explica.

Considerando os apontamentos feitos por Reinaldo, entende-se que os investimentos realizados em Marabá são desencadeados em um efeito cascata. Um grande empreendimento se instala, gera empregos, movimenta a economia local e regional e, organicamente, abre oportunidade para que outros negócios se expandam ou se instalem na cidade, fazendo a roda girar. (Josseli Carvalho e Luciana Araújo)