Correio de Carajás

Simpósio em Marabá reúne 21 municípios e foca nas hepatites virais

Neste mês de julho, no município, uma pessoa morreu vítima de hepatite

O simpósio reuniu profissionais de saúde que integram o 11º Centro Regional de Saúde/Fotos: Jeferson Pinheiro

As hepatites virais são infecções que causam inflamação e atacam o fígado. Ao longo deste mês é realizada a campanha “Julho Amarelo”, que foca na prevenção e conscientização sobre as hepatites. Pensando nisso, o 11º Centro Regional de Saúde (11ª CRS) da Secretaria Estadual de Saúde do Pará (Sespa), realizou nesta sexta-feira, 28, o “I Simpósio Regional de Hepatites Virais”.

O evento foi realizado no Carajás Centro de Convenções (Folha 30, no Núcleo Nova Marabá) e sua programação contou com palestras, debates e uma mesa redonda, momentos onde os profissionais de saúde participantes do evento tiveram a oportunidade de debater e fazer contribuições sobre a pauta. Para o CORREIO, Irlândia Galvão, diretora do 11º CRS, afirma que o evento é um importante momento para falar sobre o diagnóstico e a prevenção das hepatites virais. “Fico muito feliz porque a cada dia eu tenho visto que o nosso trabalho tem sido de grande proporção para a região”, compartilha.

Irlândia Galvão, diretoria do centro, destacou a importância do diagnóstico e da prevenção

Em Marabá, o tipo B é o que mais acomete a população do município. Este é, inclusive, um dos três vírus (C e D também), que podem evoluir para uma doença crônica. “Pode ser, no caso da hepatite B, que uma pessoa consiga se tratar e não cronificar. Mas também tem a possibilidade de ela evoluir para a forma crônica e acontecer a degeneração do fígado”, explica Ana Raquel Santos Miranda, enfermeira e coordenadora de Vigilância em Saúde no 11º CRS.

Leia mais:

Ela assevera que esse tipo de hepatite é o único, entre as hepatites crônicas, que tem vacina e está disponível em todas as unidades básicas de saúde dos municípios da região.

Outra consequência do agravamento da doença é o transplante de fígado e a morte. “Nós temos uma equipe da Fundação Santa Casa (em Belém), que é referência estadual para alta complexidade em hepatites e já tivemos casos de pessoas em Marabá que entraram na fila (do transplante). Não é fácil, ela é muito longa e nem sempre dá certo”, finaliza, lamentando que este mês um paciente morreu vítima de hepatite viral nesta cidade.

Julho é o mês de conscientização e combate às hepatites virais, sendo que o dia 28 deste mês é a data escolhida como o “Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais”. A nível nacional, em 2019, foi instituída a Lei nº 13.802, que pauta as ações anuais relacionadas à luta contra as hepatites e eventos como o realizado nesta sexta são ensejados por essa campanha. “Nós temos como participantes deste evento as equipes técnicas dos 21 municípios de abrangência do 11º Centro Regional de Saúde e a proposta é discutir o perfil epidemiológico da região, voltado para as hepatites virais”, explica Ana Raquel.

Ana Raquel asseverou que a hepatite com maior incidência em Marabá é a tipo B

Além disso, o objetivo da equipe organizadora é propor estratégias e perspectivas para que seja feito o enfrentamento da doença, impactando na redução de incidências. A coordenadora explica que são vários tipos de vírus que causam hepatites, mas alguns têm a característica de torná-las crônicas, ocorrência que pode desencadear um comprometimento e degeneração total do fígado, como uma cirrose hepática. “Hoje os vírus de hepatite são os principais responsáveis pelos casos de câncer de fígado”, reforça a enfermeira sobre o comprometimento do Centro Regional com as iniciativas de enfrentamento à hepatite.

ESTRATÉGIA

Maria Iolanda Vieira, enfermeira do município de Curionópolis, foi uma das convidadas para o rol de palestrantes do evento e sua fala foi pautada na importância da integração entre a vigilância em saúde e a atenção primária, dando como exemplo as ações realizadas em seu município. “Nós reunimos os dois processos para planejar as ações que seriam desenvolvidas no município referentes ao Julho Amarelo”, explica.

Ela detalha que o passo seguinte foi reunir com as coordenações da pasta de estratégias de saúde na família e com as equipes, para o desenvolvimento de um trabalho com qualidade e eficácia para a população.

Durante o mês de campanha, o município realizou 1.039 testes de hepatites virais, incluindo B e C. Apenas um deles foi positivo (tipo C).

Na entrada do evento, foram expostos posters que expuseram o trabalho realizado pelos municípios, nas ações de conscientização das hepatites virais

SAIBA MAIS

A hepatite A é uma doença contagiosa, causada pelo vírus A (VHA) e também conhecida como “hepatite infecciosa”. Transmissão: Fecal-oral, por contato entre indivíduos ou por meio de água ou alimentos contaminados pelo vírus. Sintomas: Geralmente, não apresenta. Porém, os mais frequentes são cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. Quando surgem, costumam aparecer de 15 a 50 dias após a infecção.

A hepatite do tipo B é uma doença infecciosa também chamada de soro-homóloga, causada pelo vírus B (HBV). Transmissão: Como o VHB está presente no sangue, no esperma e no leite materno, a hepatite B é considerada uma doença sexualmente transmissível. Sintomas: A maioria dos casos de hepatite B não apresenta sintomas. Mas, os mais frequentes são cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. Esses sinais costumam aparecer de um a seis meses após a infecção.

A hepatite C é causada pelo vírus C (HCV), já tendo sido chamada de “hepatite não A não B”. O vírus C, assim como o vírus causador da hepatite B, está presente no sangue. Transmissão: Compartilhamento de material para uso de drogas (seringas, agulhas, cachimbos, entre outros), higiene pessoal (lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, alicates de unha ou outros objetos que furam ou cortam) ou para confecção de tatuagem e colocação de piercings; de mãe infectada para o filho durante a gravidez; sexo sem camisinha com uma pessoa infectada. Sintomas: O surgimento de sintomas em pessoas com hepatite C aguda é muito raro. Entretanto, os que mais aparecem são cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. Quando a infecção pelo HCV persiste por mais de seis meses, o que é comum em até 80% dos casos, caracteriza-se a evolução para a forma crônica.

A hepatite D, também chamada de Delta, é causada pelo vírus D (VHD). Mas esse vírus depende da presença do vírus do tipo B para infectar uma pessoa. Transmissão: Assim como a do vírus B, ocorre por relações sexuais sem camisinha com uma pessoa infectada; de mãe infectada para o filho durante a gestação, o parto ou a amamentação; compartilhamento de material para uso de drogas (seringas, agulhas, cachimbos, etc), de higiene pessoal (lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, alicates de unha ou outros objetos que furam ou cortam) ou de confecção de tatuagem e colocação de piercings. Sintomas: Da mesma forma que as outras hepatites, a do tipo D pode não apresentar sintomas ou sinais discretos da doença. Os mais frequentes são cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.

A hepatite do tipo E é uma doença infecciosa viral causada pelo vírus VHE, mas possui ocorrência rara no Brasil, sendo mais comum na Ásia e na África. Transmissão: Sua transmissão é fecal-oral, por contato entre indivíduos ou por meio de água ou alimentos contaminados pelo vírus. Como as outras variações da doença, quase não apresenta sintomas. Porém, os mais frequentes são cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. Esses sinais costumam aparecer de 15 a 60 dias após a infecção.

As hepatites virais são doenças silenciosas e graves. O diagnóstico precoce amplia a eficácia do tratamento, por isso consulte regularmente um médico e faça o teste. (Luciana Araújo)