Correio de Carajás

Silvio Castanheira teve corpo sepultado em Marabá

Pecuarista dos mais respeitados e figura muito querida em Marabá, Silvio Roberto Castanheira Silva teve um funeral memorável, com a presença de muitos amigos e homenagens no final da tarde de 4 de fevereiro, no cemitério particular Parque das Flores. Ele morreu na madrugada daquele mesmo dia, aos 86 anos, depois de três paradas cardíacas em leito do Hospital Municipal de Marabá, para onde fora levado por ambulância do Samu.

Sílvio era médico veterinário, natural de Veríssimo, na região de Uberaba (MG). Deixa viúva a artista plástica Vitória Barros, sua companheira desde 1975, e os filhos do primeiro casamento, com dona Dina: Patrícia, Maura, Ana Cristina e Beto. Também enlutado o filho de criação João Marcos, um sobrinho que ele criou desde cedo.

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A história de Castanheira com o Norte do país começou a acontecer com um emprego na Secretaria de Agricultura da cidade de Filadélfia (TO), na época norte de Goiás, e vizinha a Carolina (MA). Em 1962 veio para o Pará, na condição de avaliador do Banco do Brasil, instituição financeira que passava a investir em projetos e incremento de financiamento no campo. O trabalho lhe impunha viagens sobrevoando toda a região e também lhe rendeu muitos contatos e entendimento da realidade agropecuária paraense. “Ele se gabava de ter sobrevivido a 17 malárias”, conta Vitória.

A viúva, aliás, o conheceu em 1974, quando ele estava separado há dois anos do primeiro relacionamento. Ela trabalhava no Incra e o gosto pela música clássica os uniu. Em 1986 eles se mudaram da casa no Bairro Amapá, na rua que ele batizou como Américo Castanheira, nome do avô, para a Fazenda Guará, na margem esquerda do Rio Tocantins, de onde Sílvio teve uma visão privilegiada do vale do rio pelo resto da vida.

“Meu esposo foi um pioneiro, fez parte da primeira leva de imigrantes da Belém-Brasília, de pessoas que vieram empreender antes mesmo do estímulo do governo. Ele enfrentou muita resistência de pecuaristas que já estavam aqui, mas perseverou. Ele era corajoso e dinâmico”, destaca Vitória Barros, complementando que Castanheira foi o primeiro a trazer a raça de gado zebu para Marabá e região, direto do Triângulo Mineiro e também o primeiro a realizar exposições agropecuárias na cidade. A primeira propriedade rural dele foi em Rondon do Pará.

PROBLEMAS DE SAÚDE

A fase final da vida de Sílvio Castanheira foi de desafios, diante de problemas de saúde como uma ponte de safena, AVC e doença degenerativa que ao longo dos anos foi afetando sua firmeza, a capacidade de falar e deglutição. A resistência ao contato com médicos no início, deu lugar à montagem de um verdadeiro aparato de suporte em casa, com equipamentos, equipe multidisciplinar e piscina para fisioterapia, que ajudaram a lhe dar conforto e qualidade de vida nos últimos anos. “Ele nunca se entregou. Mesmo quando deixou de poder visitar seus negócios pessoalmente, continuava comandando tudo do seu escritório aqui em casa”, disse, adicionando que depois de 2008 o filho dele, Beto, passou a assumir mais os negócios do pai.

Vitória narra que nos últimos 15 dias as coisas pioraram e na noite de segunda-feira (3) a família decidiu tentar uma vaga para ele no Hospital Regional, mas para isso deveria passar por regulação no HMM. Uma ambulância do Samu o levou. Foi lá, no Municipal, já na madrugada de terça-feira, que ele foi a óbito. “Queria destacar o ótimo atendimento que ele teve da parte do Samu e também no HMM, em especial do médico Dr. Mohamed. Todo o necessário foi feito naquela noite”.

No velório de Castanheira, destaque para os discursos das ex-vereadoras Júlia Rosa e Vanda Américo, exaltando o pioneirismo e importância do pecuarista na história de Marabá. “Júlia disse que o Sílvio, com o dinamismo dele, juventude, disposição para o trabalho e espírito empreendedor, inspirou várias pessoas de Marabá a cursarem veterinária”. Também a fala do seu querido João Marcos e de Vitória Barros, agradecendo o carinho de tantos para com ele. O Frei Ronaldo conduziu a parte religiosa.

A Missa de Sétimo Dia será na segunda-feira (10), na igreja de Nossa Senhora da Conceição, no Novo Horizonte, às 19 horas. (Patrick Roberto)