O acidente na ponte rodoferroviária na manhã desta quarta-feira (19), em Marabá, fez dar entrada no Instituto Médico Legal (IML) mais um corpo que se junta às estatísticas de mortes violentas nesta cidade. Mas, como disse o poeta, “cada um de nós é um universo”, por isso é preciso falar um pouco sobre a vítima, Emivaldo de Souza Silva, de 46 anos, mais conhecido entre os amigos como “Seu Pin”.
Filho de seu Agenor e dona Graça, residentes na Nova Marabá, Seu Pin cresceu em um lar de gente trabalhadora, foi servidor público e desde muito cedo entrou no mundo do futebol, atuando desde a adolescência em times da primeira divisão de Marabá, como Acrob, Bangu e Águia (no período amador), chegando a atuar na Seleção Marabaense, representando nossa cidade em Belém.
Pena que com 20 e poucos anos o joelho “trairou” com ele e Seu Pin abandonou os gramados. Mas ficaram os amigos e as boas lembranças. “Foi um grande jogador, fez história, faz parte de uma geração que poderia ter se tornado profissional. Hoje a gente clama tanto por uma geração assim, porque aquela geração produziu vários craques”, afirma o professor Wilson Teixeira, que já foi dirigente do Bangu.
Leia mais:Outro desportista, mas que chegou a jogar com Seu Pin por times locais, Manoel Oliveira Neto, o “Manelico”, o classifica como um ótimo centroavante. “Na bola aérea era bom demais”, elogia, ao relembrar que Pin viveu seus melhores momentos no Bangu, do icônico “Mestre Barata”, uma das lendas do futebol marabaense.
Amigo pessoal de Seu Pin, Wemerson Silva Ramos, mais conhecido como “Braw”, afirma que Seu Pin foi um dos grandes artilheiros. “Excelente centroavante, junto como Sobrinho foi o melhor cabeceador que eu já vi”, resume, fazendo referência a “Sobrinho”, outro grande atacante do futebol marabaense.
Além disso, Braw lembra que Seu Pin tinha personalidade forte, não “pipocava”, dentro e fora de campo. “Como pessoa, era gente muito boa”, resume, ao observar que Pin fez algumas escolhas erradas na vida, “como qualquer ser humano”. “A gente lamenta muito o que aconteceu”.
Pelo que a reportagem apurou, Pin estava com problemas renais e fazia inclusive sessões de hemodiálise, enfrentava momento difícil na vida, mas nem por isso ficava em casa, trancado, isolado. Ele viveu a vida, fez amigos, errou e acertou, como todos, e hoje se encontrou com o único mal irremediável (pra citar outro poeta).
Enfim, o “Rei das cabeceadas” entrou para a eternidade, num acidente bobo, numa manhã de quarta-feira qualquer, no alto de uma ponte. Dizem que vacilou ao tentar desviar a moto de uma “tartaruga”. Uma pena. Seu Pin era fera demais pra vacilar assim… (Da Redação)