Correio de Carajás

Setembro Amarelo: Estudantes desenvolvem pesquisa sobre suicídio

Setembro Amarelo: Estudantes desenvolvem pesquisa sobre suicídio

Incentivados pelo professor Cleitinho Lima, cerca de 780 estudantes de duas escolas estaduais em Parauapebas – Eduardo Angelim Sede e Professora Marluce Massariol de Souza – se envolveram em um projeto da disciplina de Filosofia voltado a uma pesquisa para coleta de informações sobre suicídio, em referência ao Setembro Amarelo, uma campanha de conscientização sobre prevenção nestes casos.

“Não posso dizer que é um projeto mais importante que os outros que vêm sendo desenvolvidos, mas é um projeto ao qual demos atenção especial porque é algo que estamos vivendo nas duas escolas que trabalho, então eles fizeram a pesquisa com 780 pessoas sobre as causas e efeitos da depressão”, explica o professor. A depressão e o suicídio estão intimamente relacionados.

Os resultados do projeto, batizado de Superação, ainda renderam um momento de interação entre os estudantes, já que foram traduzidos em apresentações de teatro e música, durante esta semana. Os estudantes pesquisados têm idade entre 14 e 18 anos e muitos responderam conviver com sinais que podem levar ao suicídio.

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O resultado não surpreendeu a aluna Débora Cristina, por exemplo, que diz ter convivido com a depressão e saber que muitos jovens se isolam nesta faixa etária. “É uma notícia triste já que a maioria dos jovens relaciona a felicidade a muitas coisas e acaba se entristecendo por coisas comuns, querendo desistir. Passei por isso ano passado e não desejo pra ninguém”, comentou.

Ela destacou, ainda, a importância do projeto para que seja debatida na escola a valorização da vida. “É importante expor a cada jovem que vale a pena viver e que a vida é um presente do qual podemos desfrutar. Todo mundo passa por lutas, por provas, se entristece por alguma coisa e não é isso que vai nos fazer parar, temos que continuar a viver a nos alegrar com pequenas coisas como este evento hoje, entre amigos, cantando e se divertindo”, analisa, afirmando que conseguiu superar o problema por vias espirituais.

Os questionários foram aplicados e os dados compilados durante 33 dias. A psicóloga Natalia Galvão destaca a importância do Setembro Amarelo e opina que as ações deveriam ser estendidas ao demais meses, diante da gravidade do cenário, cujas taxas de suicídio vêm aumentando no país.

“Sabemos que o Brasil é o oitavo em número de suicídios e são ações importantes que devem continuar nos outros meses também porque não existe só esse mês de acontecimentos deste tipo. A depressão, a ansiedade, a indução suicida acontece direto e tem que haver campanhas nas escolas todos os meses falando sobre essa dificuldade e sobre o que os alunos estão enfrentando”, declarou.

Experiente na atuação em escolas, ela diz perceber que os adolescentes estão mentalmente fragilizados e precisam de apoio emocional, de amizades e do apoio familiar. “Este mês deveria levantar a bandeira da amizade porque é com o amigo que desabafo e com a família encontro apoio. Este mês deve ser sobre poder desabafar sem ouvir que se trata de frescura, que quer chamar a atenção. É uma corrente de amizade, de preocupação pela vida que temos que fazer neste mês e em todos os outros”.

A psicóloga destaca que a família deve estar sempre atenta aos sinais que apontem mudanças de comportamento, como isolamento. “A pessoa se isola no quarto, deixa de fazer atividades que eram prazerosas e agora não gosta mais, começa a faltar na escola, acha que as pessoas a estão julgando. Esse isolamento é uma característica que a família precisa observar. Tem gente que acha que é uma fase, mas chame e converse. Pergunte se ele pensa em suicídio, se está ansioso, se está nervoso. O pai e a mãe não podem falar que ele tá querendo chamar a atenção ou que é uma fase”, orienta.

Por fim, ela lembra que é imprescindível a busca por ajuda especializada. “Percebendo estes sinais, deve-se buscar ajuda psicológica ou até apoio psiquiátrico. É fundamental, ao observar estes sinais, procurar ajuda de especialistas, atentando para qualquer sinal de comportamento diferente do que a criança está habituada”, finaliza. (Luciana Marschall – com informações de Gabriele Penalber)