Público potencial de 1,4 milhão de paraenses, de 22 municípios, para somente 20 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) adulto no Hospital Regional do Sudeste do Pará (HRSP) “Geraldo Veloso”. Essa é a realidade enfrentada diariamente, na luta pela vida, de pacientes vítimas de acidentes graves, cirurgias delicadas, AVCs, entre outros que necessitam de UTI para sobreviver no sudeste do Pará. Lembrando essa imensa disparidade que o atual Governo do Pará herdou, o 11º Centro Regional de Saúde (CRS) desmentiu fala do deputado estadual Toni Cunha, que diz haver interferência política na regulação de vagas nos leitos.
Toni Cunha usou um vídeo numa rede social no final de semana para, segundo ele, denunciar que haveria interferência do que chamou de “velha política” para decidir quem tem vaga em UTI ou não no Regional. Contraditoriamente, no mesmo vídeo, o deputado encerra dizendo que soube disso porque a sua assessoria pressionou a Sespa pelo cadastramento e atendimento de um paciente que ele queria ver atendido. Ou seja, criticou e assumiu, ao mesmo tempo, estar usando da mesma prática de interferência política. Nas palavras dele: a decisão de quem morre ou vive.
Diante da fala do deputado, o CORREIO ouviu a diretora do 11º Centro Regional de Saúde da Sespa, Etiene Maria da Costa Santos e o médico chefe da Central Regional de Regulação (CRR), Luís Sérgio na tarde de ontem. A diretora lembrou que o cadastro dos pacientes e referenciamento é feito pelos municípios no Sistema Estadual de Regulação (SER) ou no SisREG III. Feito isso, a central de regulação, que conta com equipe técnica especializada, comandada por médicos, segue um protocolo rígido, em contato com o hospital, que também precisa ter a disponibilidade de leito.
Leia mais:“Os médicos reguladores fazem o trabalho deles não por pedido de um ou outro padrinho, mas pelo perfil do paciente, nível de gravidade entre outros pré-requisitos. O regulador sequer tem acesso ao paciente para saber quem é, ele é guiado pelo documento que vem de outro médico, no qual ele tem de confiar”.
Etiene Maria destaca que são 115 leitos no Hospital Regional, mas que destes, 61 são clínicos adulto, nove de clínica pediátrica, nove de UTI Neonatal, nove de UTI pediátrica e 20 de UTI adulto. Além disso, esses leitos não pertencem a Marabá, onde fica o hospital, mas também aos demais 21 municípios da região.
A diretora está na função desde fevereiro deste ano, com sua equipe. O Jornal questionou se em algum momento recebeu pressão de políticos para dar prioridade a um ou outro paciente, ela respondeu categoricamente que não e que sua forma de trabalho não dá margem a esse tipo de abordagem. “Todos que têm acesso aos leitos são atendidos por suas patologias e diante da avaliação técnica dos profissionais da Sespa, nos quais nós confiamos”, asseverou.
Chefe da Regulação, o médico Luís Sérgio destaca que apenas em três casos o paciente, dependendo da gravidade da ocorrência, pode dar entrada direto no Hospital Regional, sem passar por Regulação: quando socorrido pelo Samu, pela ambulância do Corpo de Bombeiros, ou pela Polícia Rodoviária Federal. Todos amparados por portaria do Ministério da Saúde.
Só no primeiro semestre do ano, de janeiro a junho, foram 1728 internações que passaram pelo sistema de regulação, sendo 286 de leitos de UTI adulto, 132 de UTI pediátrica, 59 de UTI neonatal. Enfermaria geral, outros 1.117.
Além disso, a equipe da Sespa convive diariamente com a necessidade de cumprimento de ordem judicial ou pedido do Ministério Público para internar pacientes vindos de vários municípios, situações estas, sim, que acabam constituindo privilégio na fila, diante de outros que chegaram pela via comum de referenciamento: apenas a indicação médica nos hospitais.
O 11° Centro Regional de Saúde e a Central Regional de Regulação emitiram uma nota pública, também, ontem, que o CORREIO publica na íntegra. (Da Redação)
NOTA DE ESCLARECIMENTO
“A Central Regional de Regulação/11º/CRS/SESPA, vem por meio deste esclarecer como funciona o processo regulatório para o Hospital Regional do Sudeste do Pará – Dr. Geraldo Veloso.
Este Complexo Regulatório atende demandas de 22 municípios, referente à região de Carajás e Lago do Tucuruí, com a somatória de aproximadamente 1,4 milhões de habitantes. O HRSP possui total de 115 leitos, dos quais 61 são leitos clínicos adulto, 09 de clínica pediátrica, 09 UTI neonatal, 09 UTI pediátrica e 20 UTI adulto. Com exceção dos casos em que o SAMU, corpo de Bombeiros e Polícia Rodoviária Federal realiza procura direta, conforme Portaria nº 1559/MG/2008 – Política Nacional de Regulação do Sistema Único de Saúde, considerado procura direta os quais não necessita de regulação para acesso.
Esclarecemos que a Regulação compreende 2 (dois) níveis, sistema ambulatorial (consulta)/exames complementares(SADT), sendo este de responsabilidade total dos município através do SISREG III e conforme cotas de acordo com população per capita. Já a internação hospitalar acontece de acordo com atendimento médico especializado, com perfil do HRSP, sendo cadastrado no SER – Sistema Estadual de Regulação, orientado pelo nível central CER e sendo analisado pelo médico regulador que autoriza conforme disponibilidade de leitos específicos, levando em consideração a comorbidade e prognóstico, com análise meramente técnica e autoridade sanitária que lhe foi conferido, onde a ética prevalece em sua decisão”. (CRR)
Legenda