A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) alerta a população que aproveita as férias de julho para redobrar os cuidados que evitam acidentes com animais peçonhentos, seja em balneários ou na zona rural. A maioria dos acidentes envolve serpentes, aranhas e escorpiões.
Segundo a coordenadora Estadual de Zoonoses, Elke de Abreu, nesta época do ano as pessoas procuram descansar na praia ou no campo. “E é justamente esse contato mais próximo da natureza que contribui para acidentes com animais peçonhentos”, disse a coordenadora.
Atualmente, dados da Sespa apontam que 50% dos acidentes com animais peçonhentos envolvem serpentes, 30% escorpiões e 7% aranhas. E 90% dos acidentes com serpentes envolvem o gênero Botrops (a popular jararaca). “Portanto, todo cuidado é pouco em matas e locais que estão há muito tempo fechados, como casas de campo e veraneio”, ressaltou Elke de Abreu.
Leia mais:Orientações – Para evitar acidentes com serpentes, a coordenadora orientou que as pessoas usem equipamentos de proteção individual (EPIs), como luvas de couro, botas de cano alto e perneira durante trilhas e passeios na mata, e também limpem áreas com acúmulo de lixo, terrenos e jardins. “Evite andar descalço, pois o uso de botas ou perneiras evita 80% dos acidentes”, ressaltou.
Os cuidados precisam ser redobrados, especialmente, próximo a rios e igarapés. “As crianças nunca podem ficar sozinhas nesses locais, pois em casos de ataque é importante observar as características dos animais para facilitar o procedimento médico e uso do soro antiofídico”, explicou Elke de Abreu.
Para prevenir acidentes no entorno das casas, a coordenadora ressaltou que é preciso manter terrenos limpos e a grama aparada, evitando acúmulo de lixo e restos de materiais de construção.
Aranhas e escorpiões – Para evitar picadas de aranhas e escorpiões, o correto é observar com atenção o local de trabalho e os caminhos a percorrer. “Se encontrar animais peçonhentos afaste-se com cuidado, e evite assustar ou tocar neles, mesmo que pareçam mortos”, reforçou Elke de Abreu.
Ela também aconselhou a população a não colocar as mãos desprotegidas em tocas ou buracos na terras, troncos ocos de árvores, cupinzeiros e monturos de lenha ou pedras, e também debaixo de rochas.
Segundo Elke de Abreu, em residências fechadas por longos períodos a primeira atitude é abrir as janelas e portas para permitir a ventilação e troca de ar, e observar se há teias de aranha ou mofos nas paredes e tetos.
A orientação é inspecionar roupas, calçados, toalhas de banho e de rosto, roupas de cama, panos de chão e tapetes antes de usá-los; afastar camas e berços das paredes, e não deixar lençóis ou cobertores encostados no chão. “No deslocamento de móveis, devem ser usados sapatos fechados e luvas grossas”, informou.
Sem tratamento – Sobre acidentes com arraia, Elke de Abreu informou que esse animal é peçonhento, e não há soro contra seu veneno. As lesões costumam ocorrer quando uma pessoa pisa na arraia ao caminhar em rios ou águas marinhas pouco profundas. A arraia lança a cauda e crava espinho no pé ou na perna da pessoa, liberando a substância tóxica.
“No caso de acidentes com esse animal, a vítima precisa ser levada ao hospital para retirada do ferrão e do tecido necrosado. A vítima também precisa tomar vacina antitetânica e medicamentos para alívio dos sintomas, pois se trata de um acidente perfurocortante”, explicou a coordenadora.
Casos notificados – Em 2023, o Pará registrou 11.206 casos de acidentes com animais peçonhentos, dos quais 5.238 com serpentes; 3.679 com escorpião; 731 com aranha; 563 com arraia; 448 com abelha e 92 com lagarta. Já em 2024, até o momento foram registrados 4.996 acidentes, dos quais 2.617 com serpentes, 1.308 com escorpiões, 351 com aranhas, 224 com arraias, 214 com abelhas e 72 com lagartas.
A Coordenação Estadual de Zoonoses recomenda que os profissionais de saúde notifiquem todo tipo de acidente com animais peçonhentos, mesmo que não seja utilizado tratamento soroterápico, pois esse tipo de acidente é de notificação compulsória.
O que fazer em acidentes com animais peçonhentos:
• Lave o local da picada com água e sabão, mantenha a vítima em repouso e procure atendimento médico imediatamente;
• Não amarre o membro acidentado e não corte, sugue ou aplique qualquer tipo de substância (como pó de café e álcool) no local da picada;
• Não ingira ou ofereça bebida alcóolica para o acidentado;
• Em acidentes nas extremidades do corpo, como braços, mãos, pernas e pés, retire acessórios que possam levar à piora do quadro clínico, como anéis, fitas amarradas e calçados apertados;
• Informe ao profissional de saúde o máximo possível de características do animal, como: tipo, cor e tamanho;
• As vítimas de serpentes obrigatoriamente devem tomar o soro antiofídico;
• As vítimas de aranhas e escorpiões devem ficar, no mínimo,12 horas em observação. Caso o quadro se agrave, deve ser feita a soroterapia;
• No caso de acidentes com águas-vivas e caravelas, primeiramente, para alívio da dor, usar compressas geladas ou pacotes fechados de gelo (cold packs) envoltos em panos, e lavar o local com ácido acético (vinagre), sem esfregar a região;
• Remova os tentáculos aderidos à pele com pinça ou lâmina;
• Procure assistência médica para avaliação clínica do envenenamento e, se necessário, realização de tratamento complementar.
Outras medidas preventivas:
• Evite pendurar roupas fora de armários;
• Limpe regularmente móveis, cortinas, quadros, cantos de parede;
• Vede frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros e rodapés;
• Utilize telas, vedantes ou sacos de areia em portas, janelas e ralos;
• Limpe terrenos baldios, pelo menos na faixa de um a dois metros junto ao muro ou cercas;
• Evite que plantas trepadeiras se encostem às casas, e que folhagens entrem pelo telhado ou forro;
• Faça o controle de roedores e combata insetos, principalmente baratas, que são alimentos para escorpiões e aranhas;
• Ao amanhecer ou entardecer, evite se aproximar de vegetação, como gramados ou jardins, pois é nesse momento que serpentes estão em maior atividade.
Serviço: Em caso de dúvidas quanto à espécie envolvida nos acidentes com animais peçonhentos, os profissionais de saúde podem entrar em contato com o Centro de Informações Toxicológicas (CIT) pelos telefones: (91) 3201-6640/(91) 98519-8770 e WhatsApp (91) 98628-4585.
(Agência Pará)