Marabá pode enfrentar uma greve unificada a partir da próxima terça-feira (29). Isso ocorre porque a proposta apresentada pelos representantes da atual gestão para os trabalhadores, nesta quarta (23), foi considerada indecente. Uma nova reunião, desta vez com a presença do prefeito Toni Cunha, que não participou dessa reunião, está marcada para segunda-feira (28). Vai depender dele, se Marabá enfrentará uma greve ou não. Inclusive, no final da tarde, os trabalhadores ocuparam a ponte do Rio Itacaiunas por alguns minutos, como forma de mostrar que a situação pode se radicalizar na semana que vem.
As negociações entre representantes dos servidores municipais e da prefeitura aconteceu na Casa dos Conselhos, anexa à sede da Secretaria de Assistência Social da Prefeitura e Assuntos Comunitários (Seaspac). Do lado de fora, centenas de trabalhadores aguardavam uma resposta. Mas as negociações foram encerradas depois da proposta da prefeitura.
A proposta do município é de reajuste salarial de apenas 6,30%, percentual abaixo do que a categoria esperava. Mas isso não é o pior: pela proposta oficial, esse reajuste ainda seria dividido em duas vezes, sendo 3,15% a partir do mês que vem e os outros 3,15% somente a partir de janeiro de 2026.
Mas isso não é tudo. Também indignou os trabalhadores o fato de que os representantes da atual gestão foram para a mesa de negociação sem nenhuma proposta de reajuste para o vale-alimentação. Tampouco apresentaram proposta de pagamento do piso do magistério para os professores.
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Diante desse documento “vazio” apresentado às lideranças sindicais, não restou saída a não ser radicalizar. O Sindicato dos Trabalhadores da Educação Pública do Pará (Sintepp) anunciou que entrará em greve a partir de terça-feira, caso a proposta da próxima segunda continue no mesmo patamar.
Já o Sindicato dos Trabalhadores da Saúde Pública do Pará (Sintepp) e o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (Servimmar) definiram que farão uma assembleia na segunda-feira, logo após a reunião com o prefeito, para também deflagrarem greve caso necessário. Quem repassou essa informação aos trabalhadores foram Walter Leal (Servimmar) e Raimundo Bezerra (Sintesp).
“ESTÃO NOS ENROLANDO”
Para o professor Lucimar Tavares, a relação entre a Educação e o atual gestor já se desgastou demais. “Acabou a conversa. Pra nós da Educação, é greve… Essa proposta é ridícula. Eles mentiram, não falaram nada com nada. Eles estão brincando, não tem como mais negociar com esse pessoal; estão nos enrolando”, acusa o professor.
Surgiu de outro educador, Fred Ney Coelho, a proposição aceita de já deixar a greve marcada para terça-feira. “Se o prefeito trouxer uma proposta boa, a gente não entra (de greve) na terça-feira. Se ele continuar com a essa proposta, já estamos de greve”, resumiu.
“VAMOS TRANCAR PORTÃO”
Ainda de acordo com ele, os próximos dias servirão para avisar os trabalhadores nas escolas e a comunidade escolar de forma geral e, também, para deixar claro que a categoria não aceitará assédio moral por parte de diretores.
“Aquele diretor que quiser fazer assédio moral com funcionário, nós vamos lá na escola, nós vamos trancar portão, porque o diretor não pode fazer essa covardia com o servidor. Se o trabalhador quiser entrar em greve é direito dele”, adverte.
PREFEITURA SE PRONUNCIA
Em nota oficial, a Secretaria Municipal de Comunicação (Secom) informou apenas que a mesa de negociação já está aberta envolvendo as secretarias de Educação, Planejamento e Controle e a Chefia do Gabinete do Prefeito. “O cronograma já foi estabelecido e as negociações darão continuidade na segunda”, diz a parte final do documento.
(Chagas Filho)