📅 Publicado em 02/10/2025 14h30
Para quem disse que não tem como misturar rock internacional com seresta tipicamente nacional, é porque ainda não conheceu o trabalho da cantora brasiliense Juliana Márques, ou Jú Márques, como é artisticamente conhecida.
“Sou uma menininha que vocês já devem ter visto pela internet com a blusa do Brasil, shortinho, descalça e que canta seresta internacional”, diz, com seu jeito espevitado, ao se apresentar para a reportagem do Correio de Carajás.
A artista, natural de Ceilândia (DF), fez a maior festa em um bar do bairro Laranjeiras na tarde de quarta-feira (1º) para a gravação visual de seu mais recente projeto. Por lá, ela reuniu um grande público que, desde as 15h, já estava na porta do bar. A chegada de Jú causou alvoroço na Avenida 31 de Março, com seus fãs apontando o celular para registrar cada momento da cantora e, claro, compartilhar o momento nas redes sociais.
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No auge da apresentação, Jú chegou a subir na mesa de sinuca, amarrou os cabelos e soltou a voz poderosa enquanto bebia uma cerveja gelada. O show foi um sucesso.
“Eu gosto é de lugar quente”
A escolha de Marabá como palco para a gravação não foi por acaso. Antes de chegar aqui, ela passou pelo Maranhão e estava a caminho de seus próximos shows. Foi quando um de seus produtores, que é filho da terra de Francisco Coelho, sugeriu a passagem pela cidade. A forasteira, em sinergia com o marabaense, conta que gostou mesmo da cidade por ser um local quente.
“Depois eu fui vendo que aqui a galera está sempre disposta a ajudar o próximo e achei isso incrível. É muito diferente de outras cidades, que às vezes têm uma dificuldade de você gravar. Aqui o pessoal ajudou com tudo”, compartilha.
E, claro, o repertório escolhido para a gravação de seu trabalho audiovisual foi perfeitamente alinhado à personalidade de Jú e de seu público. Ela é enfática ao dizer que montou a setlist para “o povo beber”.
Cantando majoritariamente serestas – aquelas boas de ouvir em uma mesa de bar –, ela transforma músicas consagradas, as embalando no ritmo do arrocha e do brega. Jú tem na bagagem regravações de sucessos que marcaram gerações, como Always, da banda americana Bon Jovi, e I Want to Break Free, do grupo britânico Queen. Em seu show em Marabá, não faltaram sucessos de “sofrência”, nacionais e internacionais, e, claro, músicas da rainha do Calypso, Joelma.
“Fechei minha barbearia e vim pro show”
“Eu vim da periferia, nasci na Ceilândia, uma das maiores favelas do Brasil, então eu sou butecão raiz”, compartilha. A carreira de Jú estourou em dezembro de 2024, quando ela já acumulava 100 mil seguidores. Desde então, o número subiu e, no Instagram, ela já alcançou 2,5 milhões de fãs. Como é o caso de Rafael Augusto, de 25 anos, que foi ao show acompanhado da esposa, da irmã e de um amigo.

Sob o calor de 34º da ensolarada tarde de quarta, o grupo aproveitou uma rara sombra enquanto esperava a chegada da cantora. Ele, que é barbeiro e fechou a empresa especialmente para participar desse momento, disse à reportagem que segue Jú no Instagram há algum tempo.
“Quando ela anunciou o show aqui em Marabá, eu não pensei duas vezes e já comecei a me organizar. Fechei a barbearia e corri para cá”, confidenciou, entre sorrisos, ao Correio. Apesar do horário pouco amigável para quem é CLT, para empresários – como Rafael – e universitários, a programação foi satisfatória.

E sobre o repertório musical da moça, Rafael garante que gosta tanto das músicas autorais quanto das internacionais, que são marca registrada da jovem.
“Da Ceilândia para o mundo”
Com 28 anos, a cantora já fez shows em diversas cidades do Brasil, com uma identidade visual marcante: ela sempre usa uma camisa da seleção brasileira, shorts jeans e chinelo. Para ela, essa é uma forma de criar proximidade com seu público.
Questionada pela reportagem se o amor pela seresta é de família, ela sorri ao relembrar que os tios fazem parte do movimento musical. O amor de anos foi intensificado pela influência do cantor Nathan.
“Ele me trouxe isso de um jeito muito forte, porque o brega é muito gostoso, mas ninguém tinha feito internacional ainda”, descreve. Cantando em bares desde os 15 anos por causa do pai, ela se inspirou no repertório que já tinha familiaridade, adaptou e estourou nas redes sociais e no mundo da música como a seresteira que canta em bares “pé sujo”.