Correio de Carajás

Sem-teto são retirados da ALPA

Nesta quarta-feira (21), 30 homens da 1ª Companhia Independente de Missões Especiais (CIME), em cinco viaturas, deram suporte ao Poder Judiciário para o cumprimento de mandado de reintegração de posse contra algumas dezenas de famílias de sem-teto que ocupavam uma área pertencente à Aços Laminados do Pará (ALPA), em Marabá. Não houve resistência por parte dos sem-teto diante do aparato policial empregado na ação.

O local ocupado fica na altura do Km 10 da Rodovia BR-230 (Transamazônica), sentido Marabá-Itupiranga, e o mandado foi expedido pelo juiz Aidison Campos Sousa, titular da 1ª Vara Cível e Empresarial de Marabá. No documento, são citados os nomes de supostos líderes da ocupação, a saber Jofre Alves de Lima Filho e Adriano Sousa Silva.

Últimos sem-teto desmontam barracos ante a ordem judicial

Quando os militares chegaram ao local da ocupação, logo pela manhã, junto com o oficial de Justiça e funcionários da ALPA/Vale, os sem-teto tomaram ciência do mandado judicial e começaram a desarmar os barracos. Cerca de 10 pessoas ainda ficaram sentadas debaixo de uma árvore, enquanto outras 30 se retiraram logo do local e começaram a montar acampamento no “pé” do muro de uma empresa a cerca de mil metros do local onde estavam vivendo havia três meses.

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Aliás, de acordo com a determinação judicial, os sem-teto deveriam ficar a cerca de 1 km da unidade da empresa, sob pena de serem conduzido coercitivamente para a delegacia de Polícia Civil para abertura de procedimento criminal, mas isso não foi preciso.

De acordo como major Torres, comandante da 1ª CIME, que liderou os militares na missão, a saída dos sem-teto foi bastante pacífica. “Desde o momento em que foi comunicado, feita a leitura da decisão judicial, eles não ofereceram nenhuma resistência e começaram a desmontar os barracos”, explicou o comandante.

Um grupo mais numeroso de sem-teto montou acampamento a 1 km do local

Após conversar com o major Torres, a reportagem do CORREIO tentou ouvir a versão dos sem-teto. Primeiramente, foram contatados os que estavam na área enquanto os barracos eram desmontados. Mas eles disseram que não tinham nada a declarar. Diante disso, a reportagem seguiu ao encontro do grupo mais numeroso, a cerca de 1 km dali, mas lá também ninguém quis falar com a Imprensa.

Somente quando a reportagem do Jornal CORREIO estava indo embora foi que um dos sem-teto (que pediu para não ser identificado) abordou o veículo da reportagem e disse que ali tinham cerca de 100 famílias acampadas havia três meses e que agora eles cobrarão do governo um local para ficar, pois – para eles – não tem sentido ceder a área para uma empresa que nunca nem saiu do papel, que é o caso da ALPA.

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Esta não é a primeira vez que a área destinada à ALPA é alvo de ocupações. Aliás, as ocupações se intensificaram desde que o projeto sofreu solução de continuidade e o sonho de ver construída uma fábrica de aços laminados em Marabá virou apenas isso: um sonho, pois o empreendimento nunca saiu do papel.

(Chagas Filho)