Correio de Carajás

Sem terra invadem área de fazenda de pecuarista de Marabá

Polícia Militar acompanha a ocupação, que marca o dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra

Membros do MST invadiram as duas fazendas de Ítalo Todde em Parauapebas nesta segunda-feira

Na madrugada desta segunda-feira, dia 20, mais de mil famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam área da fazenda Santa Teresa, a 30 km da cidade de Parauapebas. A Delegacia de Conflitos Agrários e homens da Polícia Militar estão no local e o clima é tenso.

Na alegação do MST, o complexo de fazendas seria um latifúndio improdutivo, com terras griladas e que estaria em poder do empresário Ítalo Toddy, da companhia de rodeio homônima, que reside em Marabá. Segundo os invasores, os documentos teriam sido trocados por dívidas em negociação com a família Miranda-Cruz, fazendeiros conhecidos por seu extenso patrimônio de terras na região.

Por outro lado, o Correio de Carajás, em contato com representantes da família Miranda-Cruz, ouviu dos mesmos, que a área em questão pertence ao complexo de fazendas do grupo, que é totalmente legalizada, com número de matrícula, inclusive, e que apenas a área de pasto está alugada ao também pecuarista Ítalo Toddy.

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A nota do MST diz mais o seguinte:

“Além disso, denunciamos a mineradora VALE, maior latifundiária da região Norte responsável pelos impactos ambientais e sociais que assolam milhares de famílias na região devido às suas atividades. Queremos que a empresa possa atender as demandas das famílias.

A ocupação faz parte da Jornada de Lutas Terra e Liberdade organizada pelo Movimento Sem Terra no Pará. O direito à terra e melhores condições de vida e trabalho têm sido historicamente negados à população negra no Brasil.

A ocupação marca o dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra. Rememoramos o legado de lutadores e lutadoras negras que nos inspiram na construção de um país livre da violência, da opressão e com garantia de direitos.

São inúmeras famílias Sem Terra que reivindicam o direito ao acesso à terra, que historicamente tem sido negado à população pobre e negra no Brasil. É preciso avançarmos nas lutas em defesa da terra para produção de alimentos saudáveis e garantir a floresta e o povo vivo.

O Estado do Pará tem um alto índice de concentração fundiária, grilagem de terras e aparece nas estatísticas entre os estados campeão em assassinatos de lideranças e defensores de direitos humanos.

O MST e as famílias reivindicam aos governos Federal e Estadual que seja feita de imediato a vistoria na terra, e comprovada que a mesma é terra pública, seja destinada para a reforma agrária”.

A Reportagem do Correio solicitou declarações ao pecuarista e empresário Ítalo Toddy sobre as acusações do MST, mas ele não respondeu até a publicação desta notícia.

A mineradora Vale informou que não pretende se pronunciar sobre a nota do MST.

PECUARISTAS

Por outro lado, em nota divulgada na manhã desta segunda-feira, a presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Parauapebas (Siproduz), Graziele Ribeiro, diz o seguinte: “O Sindicato repudia veementemente qualquer ato de invasão de propriedade e considera essa prática ilegal e injusta.

É importante ressaltar que os produtores rurais são fundamentais para o desenvolvimento econômico e social de Parauapebas e região, sendo responsáveis pela geração de empregos e pela produção de alimentos.

Por isso, o Sindicato dos Produtores Rurais de Parauapebas reafirma seu compromisso em defender os direitos e interesses dos produtores rurais, garantindo o pleno exercício de suas atividades dentro da legalidade.

Além disso, o Sindicato irá buscar apoio junto às autoridades competentes para que sejam tomadas as medidas necessárias para garantir a segurança e o respeito à propriedade privada, bem como para punir os responsáveis por essa invasão.

Estamos solidários aos produtores rurais afetados por essa invasão e reiteramos nosso apoio e disposição em lutar pelos seus direitos”.

Centenas de pecuaristas da região se movimentaram até aquela região para prestar solidariedade aos produtores e o clima é tenso.

O titular da Delegacia de Conflitos Agrários, delegado Antônio Mororó, também está no local com sua equipe mediando para a saída do grupo daquelas propriedades. (Da Redação)