Correio de Carajás

Seguradoras calculam R$ 1,7 bi em indenizações por perda de bens no RS

Confederação das Seguradoras acredita em uma disparada no pedido de ressarcimentos. Maioria dos sinistros foi registrada por donos de veículos

Centro de Porto Alegre volta a ser inundado pelas chuvas na maior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul - 24/05/2024 - (crédito: Henrique Lessa / CB / DA Press)

As enchentes no Rio Grande do Sul já somaram aproximadamente R$ 1,7 bilhão em indenizações a quem contratou alguma modalidade de seguro. O número, porém, é preliminar e foi estimado pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), que acredita que este será o maior sinistro enfrentado pelas empresas do ramo no país. O levantamento, realizado junto a 140 associadas, entre 28 de abril e 22 de maio, aponta que a população atingida registrou quase 23, 5 mil avisos de perda de algum bem.

De acordo a CNseg, o maior impacto, por enquanto, vem das apólices relacionadas a veículos. Até agora são 8.216 sinistros acionados, que somam um custo estimado em R$ 557 milhões. O maior número de ocorrências informadas, porém, é de seguros residenciais e habitacionais: com 11.396 ocorrências, um desembolso calculado em R$ 239,2 milhões.

Segundo o presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, a maioria dos pedidos de indenização ainda não foi reportada pelos clientes às seguradoras, o que ainda aumentará substancialmente o montante pago em indenizações. “Os clientes residenciais, de automóveis, de propriedades agrícolas ou corporativas ainda estão contabilizando as perdas, e não acionaram suas seguradoras”, afirmou.

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Dyogo mencionou o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, em 2019, que aconteceu em uma região “pouco povoada”. “Mas, desta vez, atingiu uma área populosa, grandes cidades. Seguramente, o valor final será muito maior. Sem dúvida, essa é a maior indenização de um único evento que o setor enfrentou no país”, avaliou.

A CNseg estima que o impacto no agronegócio seja menor do que as secas que a Região Sul enfrentou nos últimos anos. Por enquanto, são 993 avisos de sinistro, com uma estimativa de impacto de R$ 47 milhões. Em seguida, aparece o seguro contra grandes riscos, com 386 notificações, atingindo cerca de R$5 10 milhões em indenizações.

ECO-Seguros (foto: Valdo Virgo)

A categoria corporativa inclui empreendimentos de infraestrutura. Uma estrada concedida à iniciativa privada, ou um complexo industrial ou uma grande unidade fabril, por exemplo, enquadram-se nesta modalidade, pois o valor do seguro supera R$ 15 milhões. Os valores abaixo deste patamar se enquadram como empresariais. Os demais seguros, como o empresarial, transporte, riscos diversos e riscos de engenharia, registraram 2.450 avisos de sinistros, e totalizam pouco mais de R$ 322 milhões de indenizações.

O mercado de seguros apresentou ao Congresso um projeto de lei para criar uma espécie de seguro social a fim de atender a população afetada por desastres naturais. O texto prevê a cobertura de bens e auxílio funeral decorrentes de eventos naturais relacionados às catástrofes como chuvas, enxurradas e deslizamentos, sendo essas ocorrências reconhecidas como calamidade pública pela autoridade competente da localidade afetada.

A proposta da CNseg quer alcançar todas as camadas sociais do país. A estimativa é que o custo do produto fique entre R$ 2 e R$ 5 mensais. A intenção é que o valor seja descontado diretamente na conta de energia elétrica. A indenização prevista seria de R$ 15 mil a R$ 20 mil por residência afetada e transferida por meio do Pix de maneira automática ao segurado.

(Fonte: Correio Braziliense)