Durante a tarde desta segunda-feira, 23, a 1ª Festa Literária de Marabá seguiu sua programação no Auditório Multivozes do Carajás Centro de Convenções e Eventos com a roda de conversa sobre Representatividade LGBTQIA+ na literatura. O debate foi promovido pelos professores Henrique Nascimento e Wellington Ruan, mediado pela professora Marisol Nascimento, tendo como público alunos do ensino médio de três escolas públicas.
Uma tensão cobria o público na roda de conversa. Os alunos dos Colégios Anísio Teixeira, Rio Tocantins e Instituto Federal do Pará (IFPA) – escolas presentes – estavam sérios e volta e meia se entreolhavam. E o motivo desse estado de preocupação da plateia foi justificado como o tabu que a temática ainda envolve entre os jovens, e as opiniões se dividiam.
O professor da Escola Anísio Teixeira, Antônio Félix Silva, conta que ao avisar aos seus alunos sobre a visita ao evento e da temática houve reações negativas. “Acho que a nossa sociedade ainda não está bem esclarecida sobre esse tema e isso se reflete nos jovens. Houve alguns alunos, sim, que notei terem reação negativa, mas para a maioria foi bem aceitável e esses espaços são importantes para quebrar o tabu que há por trás desse tema”, explica Félix.
Leia mais:Em meio aos olhares tensos e acanhados dos jovens, a reportagem do Correio de Carajás encontrou Gabriel Costa, do 3º Ano do IFPA, que confirma ter sentido o acanhamento por parte dos outros colegas. “Eu admito que percebi alguns não terem gostado do tema que viríamos assistir, mas isso é algo relativo. Eu mesmo não tenho problema com isso. Há entre eles um certo preconceito em falar dessa temática, mas acho que quanto mais debatemos mais conhecemos e deixamos essas resistências de lado”, comenta Gabriel.
Após a roda de conversa houve a intervenção artística de Ulda Wanbergue, que apresentou algumas canções relativas ao tema. Durante essa apresentação, o Correio procurou um dos professores que estavam no palco debatendo a temática e Henrique Nascimento foi quem nos atendeu. Ele explicou que apesar das reações dos alunos, esse tema ainda é bastante discutido pela própria curiosidade sobre ele.
“Há vários fatores que podem fazê-los reagir assim. Isso vai desde a cultura com a qual foram criados dentro de casa até a ausência de se ouvir falar no assunto. E se falar sobre a temática LGBTI não é comum para eles, quando será? Muitos acusam o Movimento LGBTI de tentar doutrinar os jovens e não é nada disso. Falamos sobre o assunto porque ele existe, está presente em muitas famílias e a melhor forma de se discutir isso é no diálogo”, esclarece o professor.
Programação da noite
Às 19h30, a programação seguiu com o Encontro Literário, recebendo o professor de língua inglesa, Breno Torres, que abordou seus dois livros “Pesadelos Infaustos” e “Horas Selvagens”, sendo mediado pelo Prof. Dr. José Rosa. Após a palestra, uma apresentação musical encerrou a noite com o cantor Diego Aquino.
(Zeus Bandeira)