A Comissão da Mulher da Câmara Municipal de Marabá realizou reuniu vários atores para discutir um tema recorrente e sempre cheio de demandas: políticas públicas de saúde paraa mulher. Como pano de fundo, a criação do Dia da Luta pela Saúde da Mulher em Marabá, que poderá ser criado pela Câmara Municipal nas próximas semanas.
O evento contou com a participação de alunos de medicina da UEPA, secretário de Saúde de Marabá, Luciano Dias, diretora do 11° Centro Regional de Saúde, Etiene Santos, o juiz da 3ª Vara Criminal de Marabá, Alexandre Arakaki, vereadores e ainda representantes de várias instituições da cidade.
A presidente da Comissão da Mulher na CMM, Priscila Veloso, disse que diversos segmentos foram convidados e que o grupo de proteção à mulher mostrou sua força pela representatividade da reunião.
Leia mais:O juiz Alexandre Arakaki, da 3ª Vara Criminal, que cuida dos casos de violência contra a mulher, frisou que recebe em média 10 pedidos de socorro de mulher por semana, as quais solicitam medidas protetivas. “Muitas vezes a vida dela não segue. Muitas vezes o parceiro não permite que a mulher realize alguns exames ou procure um médico ou tenha uma vida social normal”.
Ele avalia que a união entre as entidades que promovem a saúde da mulher é fundamental. “Temos de enfrentar os problemas das mulheres vítimas de violência. Precisamos de um forte enfrentamento e fortalecimento da rede de proteção das mulheres em Marabá”.
Militante atuante nas lutas em defesa da mulher, Rosalina Izoton disse que é importante a discussão da implantação do Dia da Saúde da Mulher, porque este é um dos eixos principais de debate do segmento, assim como a violência contra a mulher. Rosalina falou da necessidade de melhorar a oferta de exames de mamografia no município e lembrou que durante a Campanha do Outubro Rosa é intensificado o atendimento às mulheres, e que deveria ser assim por um período maior. “Nesse período é melhor para o nosso atendimento, mas depois complica. O que agrava mais o problema da saúde das mulheres são os exames. No caso de câncer também. Além da saúde a autoestima é um dos pilares para o bem estar”, sustentou ela.
Monalisa Miranda, presidente do Conselho de Saúde, destacou que esse tipo evento que fala da saúde da mulher é importante e fortalece o movimento. “Falar da saúde da mulher é um momento macro, e era preciso termos ainda mais companheiras nessa reunião”.
Miranda lembrou que o carro chefe da saúde da mulher é a atenção básica. “Temos buscado a saúde da mulher com garantia de direitos. A rede pública funciona, temos muitas coisas boas. Queríamos ver a ultrassom morfológica na rede pública para avaliar o real estado de um bebê. Temos de discutir o câncer de útero e o de mama. A saúde da mulher é um leque muito grande. Precisamos avançar em diversas questões. O sistema está demorando a entregar o resultado de exames de mamografia. As mulheres estão pedindo socorro e só nós podemos fazer algo”, declarou Monalisa.
Etiene Santos, diretora do 11° Centro Regional de Saúde, reconheceu que todos os pontos abordados na reunião são pertinentes e tratados pela Sespa com prioridade. Ela afirmou que embora trabalhe com pouco recurso, é preciso cada um fazer a sua parte para avançar. “Precisamos de maior conscientização dos usuários sobre as funções dos órgãos de saúde. O usuário só vai no momento da doença e não na prevenção dela”.
Luciano Dias, secretário municipal de Saúde, reiterou que tudo que foi dito revela o tamanho do desafio que é a saúde, não só na questão da saúde da mulher, mas de uma forma geral. Ele salientou que o SUS sofre com o Brasil fraco economicamente, que cada vez recebe mais pessoas, que deixam de usar os serviços de saúde privado. “A qualidade do serviço é incontestável. Mas o custo é altíssimo. Os municípios respondem pela maior parte dos problemas da saúde das pessoas”.
Dias revelou que Marabá recebe hoje do SUS cerca de 30% do custo total do que é gasto com saúde no município. “Marabá gastou 35% no ano passado de tudo que se arrecadou no município com saúde. Não há negligência do Estado, do Município ou da Federação. Gastamos algo em torno de R$ 16 milhões por mês. A demanda é maior que o recurso”, explicou o secretário.
Luciano lembrou a situação de atendimento dos hospitais de Marabá, os quais atendem 23 municípios da região e observou que, no caso do Materno Infantil, realiza um bom trabalho. “Às vezes não conseguimos salvar vidas, mas ninguém pergunta sua origem e como o paciente chegou. Precisamos da participação da família em todo o processo”, conclamou.
Sobre o mamógrafo, o secretário informou que tem apenas um profissional para operar e realizar os laudos, e que está atrás de contratar mão de obra. “Estamos trabalhando insistente e constantemente com uma rede de saúde, temos quase 3 mil profissionais na SMS prestando atendimento 24 horas”.