Depois de quase 12 horas de julgamento, o sargento da reserva remunerada do Exército Brasileiro, Josué Pereira Azeredo, foi condenado a 66 anos de prisão pelo assassinato de duas mulheres e tentativa de homicídio de dois homens. Os crimes aconteceram no dia 3 de abril em um bar no Bairro Araguaia, em Marabá.
O advogado Arnaldo Ramos de Barros Júnior, que defendeu o sargento, já recorreu da sentença ainda em plenário, para o Tribunal de Justiça do Pará (TJ-PA), por entender que não havia provas suficientes que apontem o militar como autor dos crimes. Para o criminalista, o fato que mais pesou foi o “clamor social mesmo”.
Ao anunciar o veredicto do Corpo de Jurados, a juíza Alessandra Rocha da Silva Souza, presidente do Tribunal do Júri, explicou como foi calculada a pena.
Foram 22 anos, 2 meses e 23 dias pela morte de Gleide Saudane Aguiar; mais 22 anos, 2 meses e 23 dias pelo assassinato de Leane Alves da Silva; e ainda 10 anos, 10 meses e 20 dias, pela tentativa de assassinato de Francisco Ferreira de Souza; e mais 10 anos, 10 meses e 20 dias pela tentativa de homicídio de Lourival José da Costa.
A Defesa
Um dos pontos altos do julgamento foi a atuação da defesa, mesmo diante da condenação. Entre os pontos atacados pelos advogados Arnaldo Ramos e Wanderlgeisson Fernandes estão as balas encontradas nos corpos das vítimas, que não seriam compatíveis com a arma do militar. Eles observaram até que a perícia chegou a ser refeita durante a investigação.
Outra dúvida levantada foi o fato de que, embora o réu morasse há mais de 8 anos perto do bar onde tudo aconteceu, não foi reconhecido de imediato pelas pessoas que estavam lá na hora do tiroteio.
“Era uma pessoa que se tivesse cometido uma conduta dessas, teria sido reconhecido ‘prima face’ no momento do ato. Bairro pequeno, todo mundo se conhece”, observou Arnaldo Ramos, durante os debates.
Acusação
O promotor de Justiça, Gerson França, auxiliado pelo advogado Thiago Pires, chamou atenção para o fato de que não havia nome de nenhum outro acusado no decorrer das investigações, deixando claro que todas as provas carreadas levaram até Josué. “Se nós soubéssemos que, eventualmente, teria uma outra pessoa que o delegado não investigou, seria feita a investigação correta, mas não, as provas testemunhais e materiais são essas”, afirmou.
O caso
No dia 3 de abril de 2022, o criminoso entrou no bar e passou a flertar com Gleide e Leane, oferecendo-se inclusive para pagar a conta delas. Ao ser rejeitado pelas mulheres, ele sacou a arma que usava e atirou nas duas. No mesmo momento, ele atirou também em Francisco e Lourival, que estavam próximos a elas. Depois fugiu.
Daí em diante começaram as investigações, chefiadas pelo delegado Tonio Rinaldo Rodrigues de Vargas, até chegar ao dia de ontem (14 de no novembro de 2024), com uma das maiores condenações da história do Tribunal do Júri em Marabá. (Chagas Filho)