Correio de Carajás

Sarau da CEP celebra educação social e cultural em Marabá

O evento acontece na Fundação Cabanagem, no sábado, com apresentações artísticas

O sarau anual da CEP fortalece a cultura e a educação/Foto: Divulgação Cep

Um espaço que é sinônimo de ensino, luta e resistência. É assim que pode ser descrita a Casa de Educação Popular (CEP) de Marabá. Embora em um primeiro plano a entidade se assemelhe a um cursinho pré-vestibular, sua essência flutua para um degrau acima deste e alcança a formação social, política e cultural de dezenas de jovens marabaenses, principalmente aqueles que sobrevivem nas periferias da cidade.

Para o Correio de Carajás, o porta-voz do movimento é Estevão Ribeiro, conhecido artisticamente como Trevo Ribeiro e que atua como antropólogo e professor de artes e cultura da Casa. “A CEP se entende como um movimento de articulação do acesso a uma educação de qualidade, que não é simplesmente para passar na prova do Enem, mas uma educação de forma crítica e reflexiva sobre a sociedade em que a gente vive”, elabora o professor.

Conforme Estevão “Trevo” Ribeiro, a CEP não é só um cursinho, mas um movimento social de educação/Foto: Evangelista Rocha

Um dos instrumentos que a Cep tem usado para integrar arte e cultura no cotidiano de seus alunos é um sarau, que chega à 2ª edição em 2024. O evento acontece no sábado (16), a partir das 19 horas, na Fundação Cabanagem, Folha 21, Quadra 10, no núcleo Nova Marabá. Uma rifa está sendo vendida para custear o evento. Para adquirir, basta entrar em contato pelo perfil da Cep no Instagram: @cep_maraba.

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Voltado para a promoção da cultura regional e entendido como uma oportunidade para o convívio e troca de vivências entre o público participante, o “Sarau da Cep” trará para o palco as apresentações artísticas de diversos marabaenses, inclusive Trevo. Nomes como o rapper e produtor paraense “Hayone”; o DJ de reggae “Japa Pedra”; as cantoras Jane Martins e Mariana Botelho; a companhia de dança Kizoomba; o músico “Jorginho”; e os artistas “Sereia das Maracas”, “Eros Japa” e “Amazônico”.

TROCA DE EXPERIÊNCIAS

A Casa de Educação Popular nasceu dos desdobramentos das dinâmicas de movimentos sociais que existiam dentro do Levante Popular da Juventude.

Anualmente, o movimento seleciona cerca de 100 estudantes para o curso. As aulas acontecem de forma paralela ao ano letivo regular e são ministradas aos finais de semana na Escola O Pequeno Príncipe, localizada na Folha 32 do núcleo Nova Marabá. As atividades são realizadas aos sábados, pela manhã e à tarde, e aos domingos de manhã.

O corpo docente é composto por professores e monitores voluntários, com valores alinhados aos da CEP. Alguns deles, inclusive, já foram estudantes da Casa.

A CEP atende estudantes de escolas públicas de Marabá/Foto: Divulgação Cep

Para Trevo Ribeiro, a experiência de lecionar no movimento é catártica. “Esses jovens contribuem para a nossa formação. Com eles nós ampliamos nossa percepção sobre uma educação recíproca, de trocas constantes”, compartilha.

A CEP é pautada na pedagogia de Paulo Freire, fenômeno que incentiva a troca de conhecimentos e experiências em sala de aula, entre professores e alunos.

Naqueles que estão na frente da sala de aula, a transformação está na maneira que eles olham o mundo e na relação com outras pessoas. Ela é intrinsecamente ligada à formação desses voluntários como educadores.

Por ser uma troca de vivências, os alunos estão na outra ponta dessa metamorfose. “É visível o engajamento dos ex-alunos com a Casa, eles foram impactados (pelo trabalho da CEP) e olham para nós com carinho. Reconhecem a importância do movimento”, compartilha o professor.

Para além de ser um cursinho pré-vestibular, a CEP oportuniza um grupo de estudos políticos pedagógicos, que foi criado para dar suporte àqueles que já estão na universidade. “Percebemos que estamos levando esses jovens para a universidade e, muitas vezes, para quem chega, essa linguagem acadêmica é complexa. Então essa é uma forma de auxiliá-los nesse processo”, explica.

PROCESSO SELETIVO

A cada início de ano a Casa de Educação Popular realiza um processo seletivo para novos estudantes. O público alvo são alunos de escola pública, que estejam cursando o terceiro ano do Ensino Médio. Também são recebidos egressos da Educação para Jovens e Adultos (EJA) e, ocasionalmente, jovens que estejam no segundo ano do EM.

Por ser um cursinho popular – e movimento social – uma das premissas da CEP é oportunizar vagas para jovens da periferia marabaense. Dentre tantos outros, esse critério de seleção é também uma maneira de democratizar a educação de qualidade para aqueles que, durante boa parte de suas vidas, não têm acesso a ela. “Em meados de fevereiro (de 2025) nós vamos fazer a seleção. Teremos entrevistas para saber a compatibilidade do aluno com a proposta do cursinho”, explica Trevo.

Para aqueles que desejam atuar como voluntários, o princípio é o mesmo, mas a “seleção” exige a construção de uma relação entre o interessado e a CEP.

Para o CORREIO, Trevo explica que é preciso uma aproximação da Casa com a pessoa, uma maneira de entender o compromisso e engajamento do aspirante com as questões e valores que são importantes e inegociáveis para o movimento de educação popular.

Como cursinho popular, a Casa atua como ferramenta pela democratização da educação/Foto: Divulgação Cep

CURSINHOS POPULARES

A CEP é um dos inúmeros cursinhos populares que estão em atuação em todo o Brasil. São projetos que tentam combater as desigualdades educativas do país. Os cursinhos populares são ferramentas para a democratização do acesso ao ensino superior, principalmente para alunos de baixa renda, nascidos e criados nas periferias brasileiras.

São lugares como a CEP que proporcionam oportunidades que, de outra forma, seriam inacessíveis para essa população.

(Luciana Araújo)