Correio de Carajás

São Geraldo: Dia de campo reúne agricultores, técnicos e autoridades

Produção paraense de cacau é destaque no país e São Geraldo um polo

Neste dia 26 de março é comemorado no Brasil o Dia Nacional do Cacau. Nesse sentido, o produtor rural Walter Garcia, de São Geraldo do Araguaia, abriu as porteiras e as cancelas da Fazenda Trampolim, na manhã do último sábado, para receber amigos e demais produtores da região para compartilhar sua experiência no cultivo do fruto.

Durante o evento, intitulado “Dia de Campo Cultura do Cacau”, o produtor mostrou o processo de plantio, produção, colheita e beneficiamento da amêndoa. Na propriedade, Walter Garcia cultiva o fruto em uma área de 40 hectares irrigados o que rende uma colheita de 140 toneladas por ano.

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A ação foi realizada em parceria com a Secretaria Municipal de Agricultura de São Geraldo do Araguaia (Semagri), Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca do Estado (Sedap) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O dia de campo contou com a presença de pesquisadores e técnicos de órgãos do estado. Entre eles a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), bem como autoridades políticas.

O encontro agrícola faz parte do projeto “São Geraldo que dá frutos” desenvolvido pela Semagri em parceria com a Sedap, cujo objetivo é incentivar o cultivo de cacau no município. A parceria consiste no preparo do solo, entrega de mudas e assistência técnica aos agricultores.

Por meio da ação na Fazenda Trampolim serão disponibilizadas 100 mil mudas de cacau para contemplar 100 produtores que pretendem cultivar o fruto no município. Cada agricultor recebe 1.000 mudas para plantar em 1 hectare previamente preparado com apoio técnico da Semagri e da Sedap.

Walter Garcia

O anfitrião destacou sua satisfação em realizar o evento. “Estou feliz em realizar esse momento em que minha prática aqui na fazenda pode contribuir com o homem do campo e fomentar a economia agrícola de nosso município e região. Por meio dessa ação pretendo incentivar o pequeno e médio produtor a conquistar a independência da produção leiteira e colaborar na recomposição de áreas degradas em São Geraldo do Araguaia. Quero deixar esse legado no município”, destacou Walter Garcia.

Vai copiar a prática

Um dos que ficou encantado com as demonstrações do dia de campo foi o agricultor Emival Borges da Cruz. Em sua propriedade de 18 alqueires, no Projeto de Assentamento Buqueirão, ele também produz cacau, através do Sistema Agroflorestal (SAFs), que é uma técnica de uso da terra, conciliando a preservação ambiental com a produção de alimentos que conserva o solo e diminui a pressão pelo uso da terra para a produção agrícola.

“Hoje aprendi uma maneira mais fácil e rápida de secagem e beneficiamento do cacau. Com certeza vou adotar na minha próxima safra. Essa troca de experiência enriquece muito a prática dos produtores de cacau aqui da região. Estou muito feliz em participar desse momento”, elogiou o produtor.

Secretaria Regional

O Governo do Estado foi representado no evento pelo secretário Regional de Governo do Sul e Sudeste do Pará, João Chamon Neto. Ele elogiou a iniciativa e ressaltou a importância da participação do governo do estado no evento. João Chamon disse que, por determinação do governador Helder, está alinhando esforços para que a região Sul e Sudeste do Pará avance ainda mais na produção de cacau.

“Através da prática de empreendedorismo vamos incentivar a verticalização da economia do cacau. Por orientação do Governador Helder Barbalho estamos empenhados nas ações que fomentam a cultura desse fruto em nossa região”, destacou Chamon.

O titular da Sedap, Giovanni Queiroz, também compareceu ao evento e enfatizou a importância da organização dos produtores locais para produção cacaueira. Ao estimular a produção do fruto, Giovanni informou que o governo do estado disponibiliza crédito fundiário, por meio do projeto Territórios Sustentáveis, acessado via prefeituras, para o agricultor comprar imóvel rural e produzir cacau até três hectares do fruto na propriedade, via SAFs. Além de Giovanni, também participou do evento o coordenador regional da Sedap, Fábio Henrique Alves, o Fabinho.

Município

Para o prefeito de São Geraldo do Araguaia, Jefferson Oliveira, a materialização do Dia de Campo na fazendo Trampolim é o resultado de mais uma parceria de sucesso celebrada entre o município e o governo do estado, através da Sedap.

“É momento de compartilhar as boas práticas de desse projeto audaciosos, fruto dessa parceria. Os resultados aqui apresentados nos leva a entender que além da pecuária de corte e leiteira, a fruticultura através de ações como essa é capaz de melhorar economicamente a vida do homem do campo e, acima de tudo, evitar degradação ao meio ambiente”, ressaltou Jefferson Oliveira.

Justiça Agrária

A promotora de Justiça Agrária de Marabá, Alexssandra Mardegam, participou do evento fundiário. Ela enfatizou que a promotoria de justiça agrária atua para que os resultados dos trabalhos empenhados no campo ocorram em cumprimento à legislação ambiental em favor da melhoria da qualidade de vida das pessoas. “Estou feliz em ver que o anfitrião está empenhado em compartilhar seu conhecimento com os demais produtores do município”, elogiou.

A saber

O Pará é o maior produtor de cacau do Brasil. A Bahia, historicamente líder no ranking, ocupa agora o segundo lugar; enquanto Rondônia é o 3º maior produtor de cacau no país. O Brasil é o 7º maior produtor de cacau do mundo.

A produção de cacau está presente em 65 municípios do estado. De acordo com a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), o Pará produziu 149.396 toneladas de amêndoas em 152,84 mil hectares com produtividade de aproximadamente uma tonelada por hectare, em 2023. Medicilândia é o município paraense que mais produz o fruto. A cadeia produtiva do cacau gera atualmente mais de 60 mil empregos diretos e 245 mil indiretos no estado.

A maior parte do cultivo do cacau no Pará é feito em áreas degradadas, principalmente por agricultores familiares e em sistemas agroflorestais, aliando a preservação da floresta com geração de emprego e renda. (Nilson Amaral – freelancer)