Correio de Carajás

Santo Antônio (o casamenteiro) é comemorado com festejo em Marabá

Comunidade Católica da Folha 20 celebra trezena em Marabá com programação religiosa e cultural

Santo Antônio ganhou fama de casamenteiro, mas sua atuação tem mais a ver com fé (imagem gerada por IA)

No mês em que o céu se enche de bandeirolas e as ruas ganham balões e cheiro de canjica, pipoca e milho, vem também a devoção a Santo Antônio de Pádua, lembrado não só como o santo dos casamentos, mas como alguém que inspirou fé profunda e compromisso com os mais simples.

Em Marabá, essa lembrança vira celebração viva na comunidade que leva seu nome, localizada na Folha 20, na Nova Marabá. A festa é mais que um evento: se tornou expressão de fé construída com as mãos que rezam, cozinham e acolhem.

Para entender um pouco mais sobre o tradicional festejo de Santo Antônio de Pádua, o Correio de Carajás conversou com o pároco da comunidade, padre Dimas Ferreira da Silva, que falou da devoção ao padroeiro. “Santo Antônio é muito popular, principalmente no Nordeste brasileiro. Mas acaba espalhando a devoção por todo o Brasil”, analisa.

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O titular da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus também é responsável pelo pastoreio de diversas comunidades que integram a paróquia, dentre elas, a Santo Antônio.

A festa social da Comunidade Santo Antônio tem início nesta quinta-feira (12) e vai até o dia 15  Foto: Evangelista Rocha

TREZENA AO PADROEIRO

Como de costume, a trezena ao padroeiro teve início no dia 1º de junho e encerra neste domingo, dia 15, com a noite social e uma programação cheia de animação e espiritualidade.

Treze noites de oração formam a chamada trezena, que, para os católicos, é um caminho de preparação, silêncio e escuta, culminando nas santas missas e na fraternidade entre a comunidade.

Nesta sexta-feira (13) a novena tem início às 19 horas, e, às 19h30, acontece a santa missa seguida do tradicional festejo. A cada ano, a alegria se espalha em forma de comidas típicas, apresentações culturais e música ao vivo.

A tradição chegou à comunidade há muitos anos e tornou-se, também, uma das mais queridas da cidade.

PÃO DE SANTO ANTÔNIO

Símbolo da devoção popular, o pão de Santo Antônio será novamente distribuído aos fiéis. Além de ajudar moças e rapazes a encontrarem um amor, ele também carrega outra promessa, como revelou padre Dimas: “Diz a tradição que se você deixar o pãozinho na farinha, nunca falta farinha”, brincou.

Para o padre Dimas, a devoção ao santo deve ser sustentada através dos atos humanos  Foto: Evangelista Rocha

Segundo ele, em tempos de escassez, o gesto representa fé no sustento que vem do alto e confiança em dias mais fartos.

Sobre a fama de casamenteiro, o padre propõe um olhar mais profundo. “Santo Antônio era um grande pregador, um homem sábio. Pregava com autoridade porque vivia o que dizia. Era franciscano, dedicava-se às famílias e aos pobres. Por isso, se criou essa tradição de pedir a ele um companheiro ou companheira. Mas, mais do que esperar um milagre, é preciso construir esse milagre”, pontua.

Para quem busca um amor, o pãozinho é sinal de esperança, mas o sacerdote foi enfático ao ressaltar o sentido da festa e o significado do pão: “Se eu quero uma pessoa boa, eu tenho que saber onde buscar. Pedir a Santo Antônio é importante, mas também é preciso fazer a nossa parte”, finaliza.

Além do pão distribuído gratuitamente, os fiéis também poderão adquirir o bolo de Santo Antônio, que inclui medalhinhas do santo no interior. Aqueles que encontrarem o objeto têm a confiança de que conseguirão um pretendente durante o ano.

TRADIÇÃO VIVA

Embora alguns jovens se envolvam, o tradicional pãozinho é procurado principalmente pelos mais velhos, que mantêm viva a tradição. “Os jovens têm se afastado um pouco da vivência da fé e das tradições.”

Para o sacerdote, é preciso cuidar das tradições, pois são elas que sustentam o povo de Deus em tempos de escassez espiritual. “Em muitos lugares não existia padre, e quem sustentava a fé do povo era essa devoção popular. A Igreja não discrimina essa forma de viver a fé.” Segundo o padre, a Igreja corrige exageros, mas preza pela vivência da fé de maneira simples.

A festa segue até este domingo, dia 15, e é aberta a todos. É nesse entrelaçar de tradição e espiritualidade que Santo Antônio continua sendo, para muitos, um sinal de que o amor, a fé e o alimento nunca devem faltar.

A mensagem final deixada pelo sacerdote é de fé, mas também de ação: “Não existe relacionamento perfeito. É uma construção diária, de perdão e conhecimento. Santo Antônio intercede, sim, mas é preciso, acima de tudo, dos esforços humanos”, conclui o padre.

(Milla Andrade)