Se você acha que Marabá tem pistoleiro perigoso, daqueles snipers que atiram sem ninguém saber quem foi, então não sabe de nada sobre o maior pistoleiro da história de nossa cidade, considerado um dos maiores do Pará.
O nome dele era Sebastião Pereira Dias. Mas a fama pela qual ganhou destaque no Brasil inteiro foi como SEBASTIÃO DA TEREZONA.
Um famigerado pistoleiro, responsável por alguns dos mais cruéis assassinatos em Marabá nas décadas de 1970 e 1980. Em sua lista de vítimas estariam mais de 100 pessoas, a maioria posseiros que ocupavam castanhais e fazendas de poderosos da região.
Leia mais:Sebastião da Terezona, em verdade, chegou a Marabá em 1960, quando tinha 16 anos. Alguns anos depois foi contratado para trabalhar no Castanhal Tona, de propriedade da CIB (Companhia Industrial do Brasil), de Salim Carlos Chamié, para fiscalizar os limites da propriedade e impedir que ela fosse invadida.
Sebastião da Terezona morava bem ali, na Travessa Santa Terezinha, 538, na Marabá Pioneira. A residência, segundo as autoridades, funcionava como escritório de pistolagem, onde se fazia encomendas de mortes, geralmente de pessoas simples.
No filme A Igreja dos Oprimidos (1986), o diretor Jorge Bodanzky entrevistou Sebastião da Teresona na sala de sua casa, em Marabá. Tranquilão no sofá, falava esquivando-se das acusações de seus crimes com expressões de falsas ingenuidades.
Sua fama de pistoleiro começou quando matou, num duelo, um homem que o havia ameaçado de morte, segundo a versão que ele mesmo, Terezona, apresentou ao ser preso, em 1986. Mas o bandidão de bigode e voz grave, negou sua participação em todos os crimes de que foi acusado.
No documentário Igreja dos Oprimidos, de 1986, encontramos a única entrevista em vídeo que se tem de Sebastião, em que ele se defende das acusações e explica a origem do apelido “Terezona”: uma referência ao nome da mãe.
Pouco depois dessa entrevista, Sebastião da Terezona foi preso, num caso raro de pistoleiro trancafiado, no meio de tanta impunidade no Pará, sobretudo em Marabá.
O julgamento do famigerado homem responsável pelo massacre do Castanhal Ubá nunca aconteceu. Em 29 de agosto de 1995, o Ministério Público requisitou a extinção de punibilidade em relação a Sebastião da Terezona, pois o pistoleiro havia sido assassinado na penitenciária Fernando Guilhon, em 14 de junho de 1995, onde cumpria pena por outro crime. Sebastião deixou cinco filhos órfãos, conforme o registro de óbito.
Jornais e revistas do País inteiro noticiaram mortes que teriam sido de responsabilidade de Terezona, que nunca delatou quem eram seus contratantes. Talvez tinha medo de experimentar do próprio veneno.
Abaixo, acompanhe uma poesia de Frederico Morbach, que narra a transformação pela qual Sebastião da Terezona passou desde que chegou a Marabá.
- O assassinato de dois homens, em agosto de 1985, na Folha 28, em Marabá;
- Ter comandado um massacre de posseiros no Castanhal Surubim, de propriedade de João Almeida, no município de Xinguara;
- De ter assassinado Antônio Pereira da Silva, depois queimando o corpo dele, às margens da Rodovia PA-150, em 1985;
- E de ter comandado a chacina de cinco posseiros no Castanhal Ubá, em junho do mesmo ano. Esse episódio ficou conhecido internacionalmente como a Chacina da Fazenda Ubá.
METAMORFOSE
Frederico Morbach
Em antes era Bastiaozim da Tetê
Que era pra ele parceira de eito e coito.
E nada mais do que isso.
Tangeu burros (e era um deles).
Pelas picadas que abria para
Retirar as castanhas,
Que colhia pro patrão,
Que as comia desmanchadas
No caldo do seu suor.
Portador desse atavisão
De peão subjugado.
O patrão reparou nisso,
Fazendo desse boi-manso
Um seu chefe de intentona.
E, assim, Bastiaozim,
(mais sua parceira de eito,
coito e desgraça)
sofreu transformação.
Virou assombro da zona
Com um outro nome na praça:
Bastiaozão da Terezona!