O Círio de Nazaré é uma tradição paraense que atrai milhões de pessoas no segundo domingo de outubro. Após a procissão, que neste ano será sem romaria devido a pandemia da Covid-19, as famílias levam as celebrações para as mesas, com a culinária paraense no tradicional almoço do Círio.
Tacacá, pato no tucupi, maniçoba e vatapá, são alguns dos pratos típicos da culinária paraense presentes nesse momento tão especial. Esses alimentos também podem ser apresentados para bebês e crianças, desde que com atenção e cuidados em relação aos ingredientes e quantidades oferecidas para os pequenos, que estão em fase de introdução alimentar.
De acordo com Simone Sakairi, nutricionista da Pró-Saúde que atua no Materno-Infantil de Barcarena Dra. Anna Turan, existem cuidados e adaptações nos pratos típicos que devem ser feitos para os pais ofereçam às crianças com segurança neste domingo de Círio.
Leia mais:“A comida regional paraense é saborosa e nutritiva, porém contém ingredientes que podem influenciar no colesterol alto e na taxa de glicose. Por isso, muita atenção com a quantidade de pratos típicos e sobremesas, tanto para adultos quanto crianças” alerta a profissional.
Orientações para oferecer os pratos regionais às crianças
Segundo Simone, pratos como a tradicional maniçoba, por exemplo, tem grande quantidade calórica, por conta dos embutidos e defumados. Além de ser rica em gordura, demanda um preparo especial devido a folha de maniva, iguaria indígena que pode ser tóxica se não for cozida corretamente. Por isso, deve ser oferecia em ocasiões especiais apenas para experimentar.
“Crianças de até dois anos ainda estão em fase de amamentação, assim, a introdução alimentar deve ser feita com elementos mais leves, como sopas e patês, a partir de seis meses de idade. O vatapá com frango desfiado e suco de cupuaçu, fruta da região, é um bom prato para essa fase”, aponta.
Entre os pratos típicos, o tacacá é o alimento mais completo, segundo a nutricionista, já que possui fibras, lipídios, carboidratos e proteína para as crianças.
“É um alimento nutritivo, saudável e pouco calórico. O cuidado está na introdução do camarão, que é seco e pode causar alergia. Outro ponto de atenção é em relação à quantidade oferecida aos pequenos, devido a acidez do ingrediente”, disse.
No caso do tradicional pato no tucupi, o cuidado também deve ser com a quantidade e exagero de ingredientes. “A carne de pato é uma boa fonte de proteína, rica em ferro e selênio, que ativa as enzimas no organismo e melhora o sistema imunológico”, destaca Simone.
“Normalmente, é servido com arroz, folhas de jambu e farinha de mandioca. São alimentos mais secos e, por isso, é preciso ter muito cuidado com engasgos. O ideal é não oferecer em excesso para os pequenos”, complementa.
A importância da diversidade na introdução alimentar
Ainda de acordo com Simone, é importante ter diversidade de ingredientes na alimentação infantil, para promover um melhor desenvolvimento e crescimento das crianças, além de prevenir doenças e problemas de saúde a longo prazo.
“É importante que seja apresentada uma variedade de alimentos e preparações regionais, pois trazem muitos benefícios. No geral, são alimentos ricos em valor nutricional para a saúde da criança e fazem parte da cultura paraense”, lembra.
A nutricionista ressalta que os pratos também podem ser modificados, decorados, combinados com outros ingredientes ou complementares às refeições que a criança já está acostumada.
“Gradativamente, alimentos mais consistentes devem ser oferecidos à criança, e as comidas regionais podem fazer parte desse cardápio. É natural uma possível rejeição, mas com mais exposições, isso pode mudar. Cores, texturas e sabores são comuns nas refeições dos paraenses e ajudam nessa introdução ”, afirma Simone.
Inaugurado em 2018, o Materno-Infantil de Barcarena realiza atendimento 100% pelo SUS (Sistema Único de Saúde). A unidade integra a rede pública de saúde do Governo do Pará e é gerenciada pela entidade filantrópica Pró-Saúde. Recentemente, se tornou o primeiro hospital da Região do Baixo Tocantins a receber o título da Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC).
(Agência Pará)