A cada pergunta, uma pronta resposta. Ideais de campanha articulados e conhecimento dos problemas de Marabá. Assim pode ser resumido o desempenho de Rigler Aragão, candidato a prefeito pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), na sabatina promovida pelos veículos do Grupo Correio de Comunicação. O encontro ocorreu nesta terça-feira (13) no estúdio da Rádio Correio FM.
A entrevista foi guiada pelo jornalista Patrick Roberto no horário do programa Correio Notícias. Participaram também Angélika Freitas, da TV Correio Marabá, e Ulisses Pompeu, do Portal Correio de Carajás. No bojo do debate, ganharam relevo mobilidade, saneamento, saúde e educação. O plano de governo do professor universitário, ressalte-se, é o maior de todos os cinco postulantes, com 48 páginas.
Em sua fala inicial, Rigler agradeceu pela oportunidade. Respondeu que, em quatro anos, amadureceu propostas para Marabá e afinou com correligionários um consistente plano de governo. “Queremos melhorar a qualidade de vida da população por meio do diálogo permanente com as instituições. Estamos convictos de que as nossas ideias ganharão apelo popular até 15 de novembro”, argumenta, mencionando a data das eleições.
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As primeiras questões direcionadas ao candidato de esquerda giraram em torno da educação. Não poderia faltar, claro, a discussão sobre o Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR) da área. “O PCCR abrange apenas professores, mas na escola temos serventes, vigias e outros profissionais. Queremos um PCCR unificado, que será de fato da educação”, promete Rigler.
Durante toda a conversa sobre educação, o tom adotado por Rigler foi de diálogo com a categoria. Ele é professor universitário, mas demonstrou ciência dos problemas enfrentados pelo ensino básico. “Quero dialogar com os profissionais da educação. Precisamos reajustar salários. Para isso, propomos o cumprimento integral da Lei do Piso. Além disso, retomaremos as eleições para diretor, incentivando a gestão democrática”, sustenta o candidato.
O plano de governo do candidato cita a instalação de placas solares nas escolas, iniciativa que seria inédita no município em se tratando da rede pública de ensino. Instado pelos jornalistas do grupo quanto à possibilidade de execução, Rigler garantiu recursos. “Esse projeto será posto em prática de forma gradual. As placas fotovoltaicas serão responsáveis por grande economia para os cofres públicos”, afiança ele.
ENSINO MILITAR
O ponto alvo de críticas do candidato foi o estímulo à educação cívico-militar no município. Ao responder pergunta de uma ouvinte da Folha 12, que pretendia matricular o filho no Colégio Militar Rio Tocantins (CMRio), Rigler não economizou adjetivos para classificar o método de seleção e ensino como ineficiente.
Para o socialista, a militarização do ensino é negativa por priorizar a segregação. “Nós somos contrários às escolas militares, porque não garantem inclusão. Não pretendemos renovar esse projeto. O objetivo das escolas é atender a comunidade. Eu respeito muito a Polícia Militar enquanto instituição, mas não é uma instituição educadora. A PM é qualificada para fazer segurança pública e não educação”, dispara Rigler.
MOBILIDADE URBANA
Para a mobilidade urbana, entre as propostas manifestadas pelo candidato, certamente se destaca a construção de 5 quilômetros de ciclovias por ano em Marabá. A aposta no canal para bicicletas parte de um comparativo com outras cidades do país. Conforme Rigler, Marabá está paralisada quando o assunto é mobilidade.
“Devemos diversificar o modal de transportes. Temos que investir em transporte coletivo para diminuir o individual. Além disso, o investimento em ciclovias é vital, posto que é uma fórmula sustentável de mobilidade urbana. Marabá deveria ter ao menos 30 km de ciclovias se comparada com Sorocaba, no Estado de São Paulo, que possui o mesmo orçamento”, expõe Rigler.
O postulante a prefeito assegura que o foco será mesmo o transporte coletivo terrestre, com a criação, a longo prazo, de uma Empresa Pública Municipal de Transporte Público. “Um ônibus novo custa, em média, R$ 400 mil. Uma frota nova, de 20 ônibus, custaria R$ 8 milhões. Nós podemos ter uma empresa própria. Eu moro no Cidade Jardim e já cedo, vindo para a Nova Marabá, encontro congestionamentos por conta da rotatória [do Km 6]. Temos de incentivar o transporte coletivo para diminuir o individual”, penhora.
SAÚDE
No tema saúde, Rigler não deixou de destacar o seu plano de contenção da covid-19. Aliás, no plano de governo apresentado pelo professor à Justiça Eleitoral, saúde aparece na frente de todos os temas macro que pautam uma gestão. Ele quer trabalhar a medicina preventiva, derrubar convênios com serviços privados e implementar o Plano de Cargos, Carreira e Salários (PCCS) da Saúde.
Para barrar o avanço da pandemia, Rigler planeja aumentar a testagem da população e o aumento de leitos hospitalares. “Eu aposto em testagem da população. Os efeitos da pandemia ainda serão sentidos em 2021. É vergonhoso o que foi feito em Marabá. A atual administração falhou muito. Tivemos a possibilidade de lockdown. Era importante, porque poderia ter barrado o contágio no município”, relembra o candidato.
Rigler cita a falta de reajuste salarial da saúde e critica a escassez de equipamentos de proteção individual encarada pelos servidores durante a grave crise sanitária. “Queremos firmar um compromisso com os servidores da saúde. Haverá reajuste salarial, realização de concurso público para diminuir o número de contratados e a implementação de um plano de cargos compatível”, abona Rigler.
De acordo com o candidato do PSOL, melhorar a atenção básica, com o aumento do número de equipes da saúde da família, é um compromisso de campanha. “Queremos executar uma medicina preventiva. Não queremos tratar o cidadão apenas quando ele adoece. Quem só propõe construir mais hospitais e unidades de saúde quer ver a população enferma. Eu sonho com uma cidade saudável”, exclama.
SANEAMENTO BÁSICO
Na avaliação de Rigler, falar de saúde sem incluir o saneamento básico é trabalho perdido. Estudo da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes) aponta que Marabá é a pior cidade do país na oferta de água encanada, tratamento de esgoto e coleta de resíduos sólidos.
“Há carência de distribuição de água potável, coleta de lixo, drenagem pluvial e esgotamento sanitário em Marabá. Sabemos como mudar essa triste realidade. Menos de 1% foi investido em saneamento básico pelo atual prefeito, enquanto a pasta de comunicação recebe volumosos repasses. Isso é inaceitável. Como prefeito, aumentarei o investimento nessa importante área”, afirma ele.
O candidato falou também sobre o despejo de esgoto nos rios, ao que ponderou já ter a solução para o grave problema de ordem ambiental. “No Bairro Amapá, que fica às margens do Itacaiunas, foi construída uma estação de tratamento de esgoto. Infelizmente, ela não está operando com o seu potencial. Ela foi inaugurada com um número mínimo de ligações de casas”, explica o socialista.
Entre as propostas do plano de Rigler para o saneamento, discorridas por ele na entrevista, também estão: reduzir o impacto das chuvas; estabelecer estratégia e ação para promover a saúde ambiental e a qualidade de vida; garantir a qualidade dos mananciais e outros recursos hídricos superficiais e subterrâneos; e estabelecer condições técnicas e institucionais para a garantia da qualidade e segurança da água para o consumo humano.
Ao fim da entrevista, Rigler agradeceu pelo espaço cedido pelo Grupo Correio de Comunicação e se colocou à disposição da comunidade para esclarecer as propostas. O leitor que tiver curiosidade em conhecer melhor o plano de governo do candidato, pode acessar CLICANDO AQUI
O entrevistado de amanhã será Manoel Veloso (PSL), da coligação “Marabá pode Mais”. (Da Redação)