Correio de Carajás

Roupa nova vira vilã nº 1 da inflação em Marabá

Grupo "Vestuário" vem pressionando a inflação já desde o mês anterior, e desta vez a pressão foi ainda maior. Roupas, sapatos e afins estão pesando mais no bolso.

Os vilões do aumento nos preços em agosto foram os grupos de "Vestuário", com incríveis 12,59% de aumento/ Foto: Free Pik

Não, leitor, não coloque antecipadamente a culpa no tradicional grupo de música pop/soft rock brasileiro “Roupa Nova”. Estamos falando de vestuário mesmo.

Em Marabá, o mês de agosto trouxe consigo uma brisa de alívio para os bolsos dos moradores. É o que aponta o Índice de Preços ao Consumidor (IPC). A inflação, que em julho havia fechado em 0,56%, deu uma trégua e registrou um modesto aumento de 0,21%. Mas, o destaque (negativo) ficou por conta das roupas que, como modelos em uma passarela, roubaram a cena. O aumento do grupo de vestuário foi de 12,59% para o marabaense.

Os dados foram fornecidos pelo boletim informativo do Laboratório de Inflação de Custo de Vida de Marabá (LAINC). Uma diferença de -0,35 ponto percentual pode parecer pequena à primeira vista, mas representa uma elevação de preços em menor medida, o que é sempre uma boa notícia para o consumidor. No entanto, é importante entender onde esses preços subiram e onde eles caíram.

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Os vilões do aumento nos preços em agosto foram os grupos de “Vestuário”, com incríveis 12,59% de aumento,

“Despesas pessoais” com 2,45%, e, por último, “Saúde e cuidados pessoais” com 1,48%. Para se ter uma ideia, esses grupos juntos representam quase um quarto do orçamento das famílias, com participações de 9,74%, 5,32% e 9,58%, respectivamente.

É importante notar que o grupo “Vestuário” vem pressionando a inflação já desde o mês anterior, e desta vez a pressão foi ainda maior. Roupas, sapatos e afins estão pesando mais no bolso.

Por outro lado, tivemos uma boa notícia vinda do grupo “Educação”, que registrou uma queda de preços de -3,73%. Isso é um alívio, especialmente considerando que a educação é um gasto importante para muitas famílias.

Dentro do grupo “Vestuário”, alguns produtos se destacaram por suas variações impressionantes. A “Camisa/camiseta masculina” subiu incríveis 40,14%, a “Blusa” teve uma variação de 74,41%, e os “Sandálias/chinelos masculinos (borracha/plástico)” ficaram 85,61% mais caros. Esses produtos, mesmo representando pequenas partes do nosso orçamento, são os principais responsáveis pela pressão inflacionária nesse grupo.

No grupo “Despesas pessoais”, o único item que merece destaque é o “Cabeleireiro”, com um aumento de 9,01%. Enquanto isso, no grupo “Saúde e cuidados pessoais”, produtos como “Hipotensores e hipocolesterolemiantes (Pressão)” e “Papel higiênico” tiveram aumentos de 31,03% e 34,81%, respectivamente.

No entanto, nem tudo é aumento de preços. Alguns grupos viram os valores diminuírem em agosto. O grupo “Educação”, por exemplo, apresentou uma queda de preço de -24,51%, representada pelo item “Caderno”. No grupo “Habitação”, o “Aluguel residencial” ficou 19,73% mais barato, e o “Cimento” teve uma redução de 6,25%.

Até no grupo “Transportes” houve uma queda de preços, com a “Motocicleta” ficando 12,43% mais em conta.

Embora tenhamos visto um alívio na inflação, é importante não baixar a guarda quando se trata de finanças familiares. Ainda vivemos em um cenário de juros altos, com uma taxa básica de 13,25% ao ano, o que encarece o crédito, empréstimos e financiamentos. Isso pode levar as famílias a se endividarem ainda mais.

Nas considerações finais do boletim informativo foi levantado: “Ainda que haja um alívio inflacionário nos bens de consumo das famílias recomenda-se atenção na gestão do orçamento familiar e na conjuntura econômica. A tomada de recursos monetários como o crédito, empréstimo e financiamento dado a elevada taxa de juros básica em 13,25% a.a. encarece a mercadoria e endivida as famílias. As políticas para alívio das dívidas das famílias parecem estar com as engrenagens funcionando”. (Thays Araujo)