Correio de Carajás

Roraima é o estado amazônico com maior taxa de assassinatos de indígenas

Estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública indica taxa de 47,3 mortes violentas intencionais de indígenas por 100 mil habitantes no estado em 2021.

Estudo foi divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) — Foto: Divulgação/Cimi/Arquivo

Roraima é o estado da Amazônia Legal com a maior taxa de mortes violentas de indígenas, segundo aponta um estudo divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) com base em dados de 2021. No ano, foram 46 indígenas assassinados de forma violenta, uma taxa de 47,3 por 100 mil habitantes.

A Amazônia Legal é uma área delimitada em 1953 por lei federal com o objetivo de criar políticas para o desenvolvimento socioeconômico da região. É formada por nove estados: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e por parte do Maranhão, num total de 772 municípios.

Segundo o levantamento “Cartografias da Violência na Amazônia”, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado no dia 30 de novembro, a taxa de Roraima é consideravelmente maior que a do segundo colocado: Tocantins, que registrou 15 mortes de indígenas para cada 100 mil.

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O terceiro lugar é ocupado pelo Maranhão, com uma taxa de 14,2 mortes de indígenas para cada 100 mil.

Roraima tem 36 terras indígenas, sendo as maiores a Terra Indígena Raposa Serra do Sol, localizada entre os municípios de Uiramutã, Pacaraima e Normandia, ao Norte do estado, e a Terra Indígena Yanomami, que passa pelos municípios de Amajari, Alto Alegre, Mucajaí, Iracema e Caracaraí.

Maior terra indígena do Brasil em extensão territorial, a Terra Yanomami enfrenta uma crise humanitária sem precedentes devido ao avanço do garimpo ilegal. Para enfrentar a desassistência sanitária dos indígenas, o Ministério da Saúde decretou emergência de saúde pública em janeiro.

Para o estudo, “além das ameaças socioambientais do garimpo ilegal e insegurança alimentar dos indígenas em Roraima, a violência letal também está muito presente” nas terras indígenas.

“Vale lembrar que, em termos de registros policiais, Roraima é um dos estados com menor nível de identificação de etnia/raça/cor das vítimas, o que significa dizer que as polícias podem ainda não ter se dado conta do tamanho do problema”, explica o estudo do Fórum.

Infográfico mostra perímetro da Amazônia Legal, composta de 8 estados e parte do Maranhão — Foto: Guilherme Luiz/G1
Infográfico mostra perímetro da Amazônia Legal, composta de 8 estados e parte do Maranhão — Foto: Guilherme Luiz/G1

A mortalidade de indígenas na Amazônia é 26% do que no restante do país: morreram 114 integrantes dos povos originários na região contra 86 nos outros 17 estados e no Distrito Federal. Roraima (46), Amazonas (41) e Maranhão (8) são os três estados com mais vítimas.

A população indígena nos 9 estados é de 867 mil pessoas, enquanto o restante do país registra 825 mil.

“Vale mencionar que as circunstâncias desses crimes são desconhecidas e não necessariamente se relacionam com questões territoriais e de crimes ambientais que povoam a Amazônia, podendo ser fruto de conflitos interpessoais, característica comum da violência letal no Brasil. Entretanto, é notório que a ameaça aos indígenas se intensifica à medida que o contexto de múltiplas ilegalidades se agrava na região”, diz o estudo.

Malocas de indígenas isolados no território yanomami. — Foto: Funai/Arquivo
Malocas de indígenas isolados no território yanomami. — Foto: Funai/Arquivo

Entre os casos de indígenas mortos, de grande repercussão em 2021, está a morte de dois indígenas da comunidade isolada Moxihatëtëma, na Terra Yanomami, que foram mortos a tiros durante conflito com garimpeiros.

No mesmo ano, líderes indígenas relataram as mortes de dois meninos, de 1 e 5 anos, na comunidade Palimiú, na Terra Indígena Yanomami. As crianças foram encontradas mortas após um conflito armado entre garimpeiros e indígenas na região.

No recorte por municípios da Amazônia Legal, Roraima tem três cidades com os maiores números de indígenas assassinados entre 2018 e 2021, período analisado. Alto Alegre, que faz divisa com a TI Yanomami, ocupa o topo da lista, com 80 vítimas indígenas.

Na sequência estão os municípios de Caracaraí (RR), com 54 mortes e São Gabriel da Cachoeira (AM), a maior cidade indígena em número de pessoas, com 36 assassinatos de indígenas. Iracema, ao Sul de Roraima, ocupa o 6ª lugar: são nove mortes.

(Fonte:G1)

No mesmo ano, líderes indígenas relataram as mortes de dois meninos, de 1 e 5 anos, na comunidade Palimiú, na Terra Indígena Yanomami. As crianças foram encontradas mortas após um conflito armado entre garimpeiros e indígenas na região.