Pessoas que dormem pior – têm apneia do sono e passam menos tempo em sono profundo – apresentam maior probabilidade de ter biomarcadores cerebrais associados a um risco aumentado de derrame, doença de Alzheimer e declínio cognitivo, de acordo com uma pesquisa publicada na revista Neurology, em 10 de maio.
O estudo não prova que esses distúrbios do sono causam as alterações no cérebro, ou vice-versa, mas mostra que há associação. Liderada pelo neurologista Diego Carvalho, da Mayo Clinic, a pesquisa buscou encontrar relações entre a qualidade do sono e biomarcadores da saúde da substância branca do cérebro. Os biomarcadores indicam o quão preservada está a substância branca do cérebro, que tem como função permitir a conexão entre os neurônios e as diversas regiões cerebrais.
Um dos biomarcadores analisados na pesquisa foram as “hiperintensidades da substância branca”, pequenas lesões visíveis em exames. Essas lesões se tornam mais comuns com a idade ou com a hipertensão arterial descontrolada. Outro biomarcador avaliado pelos cientistas mede a integridade dos axônios, fibras que conectam as células nervosas. “Esses biomarcadores são sinais sensíveis de doença cerebrovascular precoce”, disse Carvalho.
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O estudo envolveu 140 pessoas com apneia obstrutiva do sono com idade média de 73 anos. Elas foram submetidas a uma varredura cerebral e também tiveram o descanso monitorado durante algumas noites.
Entre os voluntários, 34% apresentaram apneia do sono leve, 32% moderada e 34% grave. O estudo examinou ainda quanto tempo as pessoas passaram em sono profundo.
Os pesquisadores descobriram que, para cada diminuição de 10 pontos na porcentagem de sono profundo, houve um aumento na quantidade de lesões da substância branca semelhante a um envelhecimento equivalente a 2,3 anos.
As pessoas com apneia do sono grave apresentaram um volume maior de lesões da substância branca do que aquelas com apneia do sono leve ou moderada.
O que é a apneia obstrutiva do sono
A apneia é um transtorno do sono bastante comum, mas que pode resultar em problemas graves. A via aérea se torna repetidamente bloqueada pelo relaxamento dos tecidos da faringe e da base da língua, limitando a quantidade de ar que atinge os pulmões. Um dos sintomas mais comuns do problema é o ronco alto.
(Fonte: Metrópoles)