A berlinda com a imagem peregrina saiu antes das 7h, após a Missa Campal, cerimônia que marca oficialmente a abertura do Círio, na Praça Duque de Caxias, para percorrer 7,5 km. Após a missa, que foi finalizada com pétalas de rosas sendo jogadas ao alto pelos que acompanhavam a celebração, a imagem e os devotos percorreram a Avenida Antônio Maia, na Marabá Pioneira.
Não é de hoje que os romeiros do Círio de Nazaré, em Marabá, carregam cruzes, maquetes de casas ou tijolos, simbolizando suas promessas e agradecimentos pelas graças alcançadas. Entre os milhares de fiéis, histórias de fé e superação se repetem ano após ano, reforçando a devoção à Virgem de Nazaré.
João Manoel, de 21 anos, participa do Círio há quatro anos e, a cada edição, carrega uma cruz de madeira como forma de gratidão. “Os pedidos que fiz sempre se realizaram de maneira tranquila, sem embaraços. Parece até mágica”, relata.
Leia mais:Este ano, João carrega a cruz com uma intenção especial: “É pelo florescimento da Missa Tridentina aqui em Marabá e para que cesse a perseguição àqueles que escolhem esse rito mais antigo. Vou até o santuário com essa intenção”, explica.
Outro devoto, Antônio Fabrício Rodrigues Piedade, de 28 anos, também caminha com uma cruz. “É meu segundo ano no Círio. Ano passado, paguei uma promessa e pedi uma bênção. Este ano, carrego a cruz para pedir perdão pelos meus pecados e pela conversão da minha família”, conta o assistente logístico, que vê no Círio uma oportunidade de reparação e renovação espiritual.
Para Francisco de Assis Almeida Ricardo, encarregado de terraplanagem, e sua esposa Sebastiana Ferreira Santos, o Círio de Nazaré representa a realização de um sonho antigo: a construção da casa própria.
“Foram dois anos de muita luta e sacrifício, mas, com a bênção de Deus e de Nossa Senhora, conseguimos. Este ano estamos aqui para agradecer por essa conquista”, relata Francisco. A promessa de participar da procissão foi feita em memória de sua mãe, que sempre acompanhava o Círio, e agora ele cumpre essa tradição familiar.
Com o pequeno Pedro Henrique, de apenas 5 anos, vestido de anjo, Francisca Lima de Souza participa da romaria deste ano para agradecer à Nossa Senhora pelo neto ter escapado de um acidente que, segundo ela, quase o tirou a vida. “Eu tenho um milagre porque ele nasceu de novo… Ele perdeu o sono quase todo. Ele dizia: ‘papai, ele vai morrer, papai”, relata, emocionada.
Esses e tantos outros testemunhos refletem a essência do Círio de Nazaré em Marabá, onde cada passo dos romeiros é carregado de fé, sacrifício e agradecimento. A procissão, além de um momento de devoção coletiva, representa para muitos o cumprimento de promessas e a renovação de esperanças para o futuro. (Ana Mangas, Luciana Araújo e Thays Araujo)