Desde as 12h10 de ontem (terça-feira, 26), a Rodovia BR-230 está interditada na altura da Aldeia Parakanã, da tribo Awaeté, município de Novo Repartimento. A ocupação é um protesto de populares que acusam os indígenas de estarem mantendo três caçadores, em cárcere privado ou terem feito coisa pior com eles. Mas os indígenas negam a acusação. Enquanto isso, o tráfego na rodovia federal permanece travado.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), na terça-feira, houve apenas duas aberturas de 20 minutos e, depois, os manifestantes liberaram a pista de meia-noite até 5h da manhã de hoje (27). Os caçadores Cosmo Ribeiro de Sousa, José Luís da Silva Teixeira e Willian Santos Câmara entraram ilegalmente na reserva indígena no domingo (24) e nunca mais foram vistos.
Por telefone, o inspetor Alberto Brito, da PRF, informo que mantém uma equipe de seis homens no local e que já manteve contato com a Justiça Federal para solicitar uma autorização de investigação e ordem de entrada na reserva, para procurar o trio.
Leia mais:Caso isso ocorra, a Fundação Nacional do Índio (Funai) deve também acompanhar a varredura dentro na aldeia, junto com os agentes federais. Alberto Brito entende que no momento em que fora autorizada uma busca no local, o clamor popular vai diminuir e a rodovia deve ser liberada.
Questionado se a PRF vai ajudar nas buscas, o inspetor explica que se houver necessidade vai colocar o efetivo à disposição, embora essa não seja uma atribuição constitucional da PRF.
Ele disse que esteve no local e não encontrou marcas de sangue, nem relógios, celulares ou outros objetos pessoais que poderiam pertencer aos caçadores.
Polícia Federal foi ao local
A Assessoria de Comunicação da Polícia Federal informou que foram realizados levantamentos preliminares necessários para colheita de informações, bem como mantido contato com outros órgãos como Funai, Eletronorte (que mantem um projeto na localidade) e o Ministério Público Federal (MPF).
Foi deslocado efetivo para realização de trabalhos de Polícia Judiciária da União, prestar apoio necessário na localidade, bem como minimizar a possibilidade de ocorrência de conflito.
MPF companha o caso
O MPF também se posicionou sobre a situação, informando que acompanha as buscas, que está em contato com a Funai, Polícia Federal, PRF e Polícia Militar, para que sejam tomadas as medidas necessárias tanto para localizar os homens quanto para evitar conflitos entre indígenas e não indígenas.
Além da ocupação da Transamazônica, relatos que chegaram ao MPF dizem que outros moradores da região, armados, teriam ido até o território Parakanã para acusar os indígenas de serem responsáveis pelo desaparecimento.
(Chagas Filho e Patrick Roberto)