Israel de Souza Silva mora na última casa da Olavo Bilac, no Bairro Liberdade II, próxima ao Rio Parauapebas. Com as fortes chuvas que caíram na última semana o nível das águas subiu e atingiu 9.35 metros no último sábado (20), cinco acima do normal. Ainda de madrugada, o morador percebeu que seria “engolido” pela inundação caso não agisse rapidamente e tratou de acionar a Defesa Civil.
“Não cheguei a perder nada porque eu chamei logo o pessoal da Defesa e eles foram me auxiliar. Na madrugada, quando eles foram, a água ainda estava um pouco distante, mas aí quando foram a segunda vez, de manhã cedo, já foi pra pegar minhas coisas”, conta.
Agora, ele está acomodado na Escola Municipal Eduardo Angelim, onde divide espaço com quatro famílias também removidas no final de semana, algumas em decorrência de deslizamentos de terra.
Leia mais:Israel diz estar acostumado a passar por essa situação anualmente e sempre retorna ao lar quando o rio baixa. Para ele, o mistério é saber quanto tempo permanecerá fora da casa.
“No momento tá embaixo d’água porque eu moro num barraco próximo do rio mesmo. Todo ano tem os problemas de enchente e sou um dos primeiros a sair de lá, até que demorou um pouco este ano”, diz, revelando ser a quarta vez que fica desabrigado.
Na escola já recebeu uma cesta básica do município, além de ter sido submetido ao teste de covid-19. Nesta segunda-feira (22), quando o rio já havia baixo para 9,20 metros, também foi encaminhado para cadastro junto à Secretaria Municipal de Assistência Social de Parauapebas, que irá avaliar quais famílias precisarão de aluguel social.
Francisco Furtado também foi cadastrado. A realidade dele é mais complexa e o futuro ainda mais incerto, isso porque a casa onde a família vivia há oito anos, na Rua Rogério Cardoso, também no Bairro Liberdade II, foi condenada pela Defesa Civil por risco de desabamento.
“Começou a acontecer um deslizamento do barranco e a minha casa fica em cima do morro. Eu vi que tava chegando muito próximo, desmoronamento, aí acionei a Defesa Civil. Imediatamente responderam, viram a situação e acharam que a gente evacuasse a área”, relata. Segundo ele, outras duas residências vizinhas também foram interditadas.
“Agora estamos à disposição, primeiramente de Deus e de quais medidas vão tomar, para saber quanto tempo a gente vai ficar aqui, mas agradeço a gente ainda ter um lugar pra vir”, afirma. As famílias removidas assinaram um termo se responsabilizando caso insistam em retornar para os imóveis condenados.
Desde 2019 são mapeadas 91 áreas de risco em Parauapebas e, destas, mais de 60 são propensas a deslizamentos. Conforme a assessoria de comunicação da Prefeitura Municipal de Parauapebas, a concessão de aluguel social será avaliada caso a caso.
Por conta das chuvas intensas, ainda no sábado a Defesa Civil também interditou duas pontes sobre o Igarapé llha do Coco, que corta o município. Uma das estruturas fica localizada na Rua 10 e interliga os bairros União e Liberdade. A outra está localizada na Rua 11 e também dá acesso ao Bairro Liberdade.
A Defesa Civil recomenda atentar-se aos sinais de deslizamento, evitar-se falar ao celular com o aparelho ligado à tomada e guardar pertences pessoais, como documentos e dinheiro, em sacolas plásticas, o que pode facilitar uma locomoção mais rápida em caso de necessidade.
Emergências e situações adversas devem ser relatadas pelos números da Defesa Civil – 199 e (94) 3356-2597. (Luciana Marschall – com informações de Ronaldo Modesto)