Correio de Carajás

Rio Moju: Militares ainda cogitam existência de vítimas na ponte

Cerca de 90 militares estão envolvidos nas buscas por possíveis vítimas do acidente na ponte Rio Moju. A informação de que dois veículos de passeio teriam caído junto com a ponte, após uma balsa colidir com o oitavo pilar da estrutura na madrugada de sábado (6), foi repassada por uma testemunha. A Polícia Civil abriu inquérito para investigar o caso.

Atuam no local aproximadamente 30 militares do Corpo de Bombeiros do Pará e 60 da Marinha, incluindo os agentes que atuam como mergulhadores. A corporação paraense conta com três embarcações nas buscas, e a Marinha com cinco, incluindo a lancha hidrográfica sidescan, sonar que faz a varredura lateral e possibilita a verificação de destroços no leito do rio. Nenhuma vítima foi encontrada até o momento.

Sobre as vítimas, a Polícia Civil informou que, até o domingo (7), não foi procurada para registrar ocorrência de desaparecimento de pessoas. O inquérito policial segue com as apurações em sigilo.

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Embarcação irregular
O inquérito aberto pela Polícia Civil para investigar o acidente aponta que a embarcação que colidiu com a estrutura não tinha licença para o transporte da carga.

A polícia já ouviu representantes da empresa que realizava o transporte da carga, testemunhas oculares do incidente e, além dos tripulantes, o comandante que conduzia a embarcação. O inquérito, conduzido pela Divisão de Investigação e Operações Especiais (Dioe), também revela que a balsa fazia o trajeto com excesso de peso.

“A quantidade da carga, de aproximadamente duas toneladas, foi crucial para o acidente ocorrer, aliado à corrente intensa da maré naquele momento”, afirmou o delegado geral da corporação, Alberto Teixeira, durante coletiva realizada na sede do Comando Geral do Corpo de Bombeiros na noite deste domingo (7). Segundo a Capitania dos Portos, estava proibida a navegação de embarcações naquela região no horário do acidente.

Alberto Teixeira informou ainda que os pontos cruciais da investigação são as causas que levaram a balsa a colidir com a ponte e se houve negligência por parte de quem conduzia ou contratou o transporte.

Foram feitos exames toxicológicos por peritos do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves (CPCRC) nos tripulantes, mas não foi identificada a presença de nenhuma substância entorpecente.

Em nota, a Associação Brasileira de Produtores de Óleo de Palma (Abrapalma), instituição que agrega o setor de produtores de óleo de palma sustentável manifestou apoio para a correta apuração sobre o acidente ocorrido na madrugada de sábado(6), que culminou com a queda de parte da ponte que liga regiões paraenses e lamentou o acidente.

“O comboio formado pelo Empurrador ONC II e pela Balsa Vó Maria, conforme informou a Capitania dos Portos da Amazônia Oriental, que transportou o produto (cachos vazios de palma), foi contratado pelo comprador final, sem qualquer vinculação com associados à Abrapalma. A venda foi realizada por frete FOB (Free on board), onde o comprador assume todos os riscos e custos com o transporte da mercadoria. A Abrapalma, em nome de suas associadas, solidariza-se com o Governo e a população paraense e se coloca à disposição para colaborar no que for necessário”, informou a nota da empresa.

Entenda
De acordo com a Capitania dos Portos, a embarcação colidiu com um dos pilares de sustentação da ponte e causou o desabamento de cerca de 200 metros da estrutura, que possuía 860 metros de comprimento e 23 de altura. Com a batida, quatro pilares caíram. A Capitania interditou a área de navegação sob a ponte Moju-Alça, por apresentar riscos à navegação.

A ponte está localizada no quilômetro 48 da rodovia estadual PA-483 e liga a Região Metropolitana de Belém ao Nordeste do Estado do Pará.

Medidas
De acordo com o Governo do Estado, a partir dessa segunda-feira (8), o transporte hidroviário ganhará reforço nas embarcações que atuam para os municípios de Cametá e Moju, diretamente impactados pelo acidente. O objetivo é estimular a utilização de barcos para o deslocamento de pessoas, ao invés de veículos.

Empresas que atuam nos municípios de Abaetetuba, Limoeiro do Ajuru, Barcarena, Tucuruí e Baião também foram autorizadas pelo governo do estado a utilizarem novos barcos ou navios para aumentar a possibilidade de transporte nesses municípios.

Sobre a construção de rampas nos dois lados onde ficava a ponte, o governo do estado informou que estuda a melhor forma de implementar as estruturas, para que haja o mínimo impacto ambiental. As empresas responsáveis pelas ações deram o prazo de 90 dias para realizar o serviço.

“Estamos agora contando com o apoio do Departamento Nacional de Trânsito (Dnit) e o Exército, cujos representantes vieram para somar, trocando ideias e alternativas a respeito das obras que devem ser executadas”, disse o Helder Barbalho. (Ag. Pará)