Correio de Carajás

Rio deve permanecer acima de 10,60m nos próximos dias

Em muitos bairros, mesmo sem recomendação da Defesa Civil, famílias começaram a retornar para casa sozinhas

Em ruas como está a limpeza já foi completa / Foto: Evangelista Rocha

O Rio Tocantins estagnou nas últimas 48 horas sem registro de grande recuo, tendo fechado o dia nesta sexta-feira (28/1) em 10,70 metros acima do normal, apenas dois centímetros a menos que no dia anterior. E, segundo o Boletim de Vazões e Níveis da Eletronorte, deve continuar próximo desse patamar, regredindo a 10,65 metros na segunda-feira. A projeção anterior era de que recuasse dos 10 metros (a cota de alerta) já neste domingo. De outro lado, o CORREIO percorreu ruas antes alagadas e constatou que em muitos imóveis os moradores já retornaram, contrariando pedido de espera feito pela Defesa Civil, pela possibilidade de repique.

Coincidentemente, a região voltou a registrar chuvas fortes e prolongadas nas últimas 48 horas.

De acordo com o Boletim da Defesa Civil Municipal, o número total de famílias atingidas foi de 5.157, sendo que 1.012 ficaram desabrigadas e foram alocadas nos abrigos da Prefeitura e 2.276 desalojadas, ou seja, foram para casa de parentes e amigos. Os demais são famílias ribeirinhas e/ou ilhadas, que ficam no segundo piso dos imóveis e resistem em sair das residências.

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Vale ressaltar que em função da cheia antecipada dos rios Tocantins e Itacaiúnas provocando a maior cheia em 20 anos, a Prefeitura de Marabá construiu recorde 13 abrigos oficiais, chegando ao total de 20 abrigos oficiais durante o período.

A Defesa Civil Municipal, em parceria com a Secretaria de Assistência Social, Proteção e Assuntos Comunitários (SEAPAC), continua realizando o cadastro das famílias e a entrega de cestas básicas.

Defesa Civil do Estado entregou cestas básicas para municípios que têm desabrigados
Defesa Civil do Estado entregou cestas básicas para municípios que têm desabrigados / Foto: Evangelista Rocha

Quem desejar ajudar as famílias com doações, os pontos oficiais da Prefeitura para arrecadação são a sede da SEASPAC, que fica na Travessa da Fonte, bairro Amapá, Marabá – em frente ao CAP e ao lado do Ministério Público Estadual, e na sede da Defesa Civil Municipal, que está em novo endereço, na Rua 7 de Junho, nº 1020, Marabá Pioneira. A arrecadação é das 8 às 16 horas. Os itens prioritários são alimentos não perecíveis, itens de higiene pessoal, roupas e artigos de cama, mesa e banho.

REGIÃO

Na tarde desta sexta-feira (28), como continuidade das ações do Governo do Estado para minimizar os impactos causados às famílias atingidas pelas enchentes na região sudeste, esteve em Marabá o coordenador-geral da Defesa Civil do Estado do Pará, Cel. QOBM Hayman Apolo Gomes de Souza para entrega da ajuda humanitária aos municípios: São João do Araguaia, Bom Jesus do Tocantins, Pau D’arco e Itupiranga.

VOLTA PARA CASA

Famílias atingidas pela cheia, mas que tinham se mudado por conta própria no início do período, estão sendo também as primeiras a retornarem sozinhas a seus imóveis. Na Folha 33, por exemplo, o Jornal encontrou Rose Silva e Maria Fátima Silva acabando a limpeza da casa – que esteve com muita lama – para voltar a ocupar o lar. Rose explica que haviam se mudado para a casa de parentes na mesma folha, em local que não é alcançado pela água do Rio Itacaiúnas.

Em imóvel sem energia, Rose e Maria preparavam o retorno, ontem / Foto: Evangelista Rocha
Em imóvel sem Em imóvel sem energia, Rose e Maria preparavam o retorno, ontem / Foto: Evangelista Rocha

Rose também diz que não receberam qualquer apoio da Defesa Civil municipal por não trem ficado nos abrigos oficiais. Até chegaram a ir atrás, mas foi essa a resposta que tiveram.

Marcelo Bitencourt, morador da Rua São Pedro, no Santa Rita, também já está retornando ao seu imóvel, embora reconheça, quando questionado pela Reportagem, que o Rio Tocantins ainda deverá ter um repique de cheia nos próximos meses. “Como aqui é um dos primeiros lugares que enche todos os anos, eu mudei logo para a casa de parentes aqui mesmo na Velha Marabá. A Defesa Civil ainda não estava ativa. Minha irmã me ajudou”, relata.

Marcelo Bitencourt, ainda com água perto da calçada, voltava ontem pra casa/ Foto: Evangelista Rocha
Marcelo Bitencourt, ainda com água perto da calçada, voltava ontem pra casa/ Foto: Evangelista Rocha

Acostumado a mudanças às pressas todos os anos, Marcelo prevê que até abril ainda há perigo de repique do rio, mas diz que não tem problema, que se precisar ele se muda novamente.

Jucilene Barros mostra a altura em que água chegou na casa / Foto: Evangelista Rocha
Jucilene Barros mostra a altura em que água chegou na casa / Foto: Evangelista Rocha

Jucileude Costa Barros foi outra das pessoas encontradas ontem já providenciando o retorno para casa. Ela diz que se mudou quando a água já havia alcançado a calçada, no dia 2 de janeiro, e que hoje é possível perceber que o imóvel ficou quase todo submerso. “O pessoal diz que vai ter repique, mas a gente quer voltar mesmo assim, pois é ruim ficar na casa dos outros”, responde. Ela estava abrigada na casa de uma amiga na Folha 11. (Da Redação, com Ascom PMM)