Correio de Carajás

Rio Arraia agoniza com a seca e causa preocupação em Jacundá

Fotos: Divulgação

A principal fonte de abastecimento de água da cidade de Jacundá, no sudeste do Pará, está sofrendo os impactos da crise climática. Neste ano, pela primeira vez em sua história, a nascente do Rio Arraia secou, emitindo um sinal de alerta para as autoridades.

Com uma extensão de 38.193 metros, o Rio Arraia é atualmente responsável pelo abastecimento de água para mais de 30 mil habitantes. Ao passar pela cidade jacundaense, a água é captada em uma estação e tratada pela concessionária Jacundá Ambiental, que distribui água tratada para toda a população.

O rio é responsável pelo abastecimento de água de Jacundá

Um morador registrou a situação em um vídeo gravado na nascente do rio, localizada a cerca de 25 quilômetros da área urbana. “Olha, galera, essa aqui é a cabeceira do Rio Arraia e secou. Nunca tinha visto o Rio Arraia assim. Pode andar dentro. Agora tu imagina se não der uma chuvada”, comenta o morador, enquanto caminha pelo leito seco do rio, onde restam apenas pequenas poças de água parada.

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Fotos resgatadas pela página Jacundá das Antigas lembram como o rio era na década de 1980. “A foto não é minha, mas está aí: aquele foi um grande balneário de Jacundá, a Prainha, que funcionou dos anos 80 até o início dos 90, quando foi proibido o banho por causa da transmissão de uma doença”, relata um administrador da página. Sim, o rio também era uma fonte de lazer para a população local.

 

Entre as décadas de 80 e 90 o rio era utilizado inclusive como balneário

 

A professora Dalva da Cruz Luz, geógrafa e especialista em Economia Solidária da Amazônia, liderou um projeto de reflorestamento das margens do Rio Arraia no início de 2001. “Realizamos o plantio de centenas de espécies frutíferas e exóticas para recompor a flora das margens do rio”, explicou. Em alguns locais as árvores cresceram e dão vida para muitas espécies da flora e fauna.

Atualmente, além dos efeitos da crise climática, o Rio Arraia também sofre com a falta de cuidados por parte de moradores e proprietários de áreas rurais, pouco preocupados com a situação. Na área urbana, a poluição agrava ainda mais o cenário. Enquanto isso, não há nenhuma iniciativa concreta por parte do poder público para minimizar o problema. A situação pede socorro urgente.

(Antonio Barroso – Freelancer)